Manhã seguinte.
Buzinas lá fora, pássaros insistentes.
Abro os olhos. 9h30. Muito cedo. Viro para o lado. Fecho os olhos.
Cinco minutos depois, desisto.
Celular na mão. Vamos ver se encontro a Letícia nas redes sociais.
Não demora. Claro que não. Temos amigos em comum.
Perfil dela: profissional até a raiz do cabelo. Viagens a trabalho, crachá, palestras, mestrado, idiomas. Nada de festas, nada de vida pessoal. Que desperdício.
Mas um detalhe me chama atenção: o crachá dela aparece numa foto. Cargo bem alto. Pesquiso rapidamente o salário médio.
— Uou… — murmuro sozinho. — É isso mesmo?
Ela realmente ganha muito. Explica porque consegue bancar os pais com folga. E, por que não, poderia bancar a mim também. Uma mesadinha não faria falta.
Sigo o perfil dela. Quando aceitar, puxo papo. Peço o número.
Barriga ronca. Geladeira vazia. Olho o saldo: cem reais. Ontem exagerei. Bom, não foi gasto… foi investimento. Conheci a Letícia.
Ainda assim, preciso comer. Melhor acionar um contato antigo. Dona Sônia sempre generosa.
— Alô, Dona Sônia? Quanto tempo! Pensei em matar a saudade… que tal um almoço? — digo, no tom doce que sei usar.
Ela suspira, satisfeita.
— Claro, Rique! Mando o motorista te buscar.
Mais tarde, saio do carro satisfeito, bolso reforçado com um PIX dela. Dona Sônia nunca decepciona. Uma pena não querer nada sério.
Mas o dia passou. Letícia ainda não aceitou minha solicitação. Diego começa a me evitar.
Droga.
Preciso de um plano B.
Dias depois, calor sufocante no parque. Reclamo mentalmente por não ter ido ao shopping quando vejo…
Ela.
Letícia.
— Oi, Letícia, lembra de mim? — pergunto, animado.
Ela sorri, educada.
— Claro que lembro, Henrique.
Conversamos um pouco. Ela explica que teve uma reunião mais cedo e aproveitou para lanchar. Eu invento qualquer desculpa para justificar minha presença ali.
O silêncio começa a pesar. Então, jogo a carta:
— Te adicionei na rede social, mas ainda não aceitou…
— É que não uso muito. — responde, sem se importar.
— Bom, deve ser destino nos encontrarmos aqui. Pode me passar seu número? — arrisco, sorriso pronto.
Ela hesita, mas anota. Vitória.
Ainda assim, percebo: ela responde, mas não dá abertura. Está sempre a um passo de distância.
— Letícia, você tem namorado? — pergunto de supetão.
— Não. — firme.
— Então está saindo com alguém?
— Não. — ainda mais seca.
Insisto com uma provocação:
— Uma mulher tão bonita, inteligente e simpática… não é possível que não tenha alguém.
Ela se levanta, séria.
— Passei dois anos fora. Tem pouco mais de uma semana que voltei. Ainda nem vi meus pais. Homens são a última coisa na minha lista.
Meu estômago revira. Ela está saindo? Não posso deixar.
— Letícia, talvez eu tenha sido intrometido…
— Foi. — corta, fria.
Mas eu não desisto fácil.
— Então vamos marcar algo um dia desses. Posso chamar o Diego também, assim não fica estranho.
Ela respira fundo.
— Combine com ele e me avise. Agora, preciso ir.
E vai embora, sem olhar para trás.
Fico parado, observando-a se afastar. Sinto a frustração queimando dentro de mim.
Mas também sinto algo mais forte. Determinação.
Letícia não vai ser fácil.
Mas eu nunca gostei de caminhos fáceis.
E quando coloco alguém na minha mira… essa pessoa não escapa.
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Atualizado até capítulo 129
Comments
lilhyanaaaa
Queria que fosse uma história inacabada, para poder ler para sempre! 😍
2025-09-06
1
Vânia
Segundo capítulo, já estou com ranço dele!!
2025-09-27
1
Sabrina Baier
Genteee estou ansiosa para acompanhar o desfecho disso tudo 😮💨🤌🏻
2025-09-25
1