A noite avançava em Vallentina, e a mansão Moretti parecia mais viva do que nunca. As luzes douradas refletiam nas janelas de cristal, e o som abafado de conversas ecoava pelos corredores. Era como se a casa tivesse sido construída não para abrigar uma família, mas para exibir poder a qualquer um que ousasse atravessar seus portões.
Isabella caminhava devagar pelos corredores, observando os detalhes que tanto lhe causavam desconforto. Quadros enormes exibiam retratos de antepassados com olhares duros; o piso de mármore refletia sua imagem de forma quase distorcida, e o aroma constante de vinho tinto e tabaco se misturava ao ar. Era sufocante.
Ela não conseguia tirar da mente o encontro inesperado com Lorenzo Castellani. O jeito como ele havia olhado para ela… não como se fosse apenas uma Moretti, mas como se já pertencesse a ele de alguma forma. Isabella odiava admitir, mas aquele olhar ainda queimava em sua memória.
— Você está diferente do que eu esperava — disse uma voz suave atrás dela.
Isabella se virou, encontrando Elena Castellani, mãe de Lorenzo. Uma mulher elegante, de postura impecável e expressão gélida. O tipo de pessoa que parecia carregar o mundo com um simples erguer de sobrancelha.
— Não sei o que esperava — respondeu Isabella, firme.
Elena a encarou por um instante longo demais, como se tentasse decifrar cada fraqueza escondida. Então, esboçou um sorriso frio.
— Você ainda vai descobrir que, nesta cidade, não importa quem você é. Importa a quem você pertence.
Antes que Isabella pudesse responder, Elena se afastou, deixando para trás um rastro de perfume caro e ameaça velada.
Respirando fundo, Isabella seguiu até o terraço, buscando ar fresco. O vento da noite trouxe algum alívio, mas não o suficiente. Dali, a vista de Vallentina era estonteante: prédios iluminados, ruas movimentadas e um céu sem estrelas, como se até o firmamento tivesse medo daquela cidade.
Ela se apoiou no corrimão de ferro, tentando acalmar o coração, quando ouviu passos atrás de si. O corpo inteiro se arrepiou antes mesmo que pudesse olhar. Ela já sabia quem era.
Lorenzo.
— Fugindo do salão, Isabella? — a voz dele soou próxima, carregada de provocação.
Ela se virou devagar. Ele estava ali, impecável em seu terno escuro, os olhos fixos nela como se não houvesse mais nada ao redor. Lorenzo se aproximou, diminuindo a distância entre eles a cada passo.
— Só precisava respirar — respondeu ela, tentando soar indiferente.
— Engraçado… eu também. — Ele parou tão perto que o calor do corpo dele parecia envolver o dela. — Mas acho que a respiração ficou ainda mais difícil depois que você chegou.
O olhar de Lorenzo desceu lentamente, do rosto dela até os lábios. Isabella sentiu o estômago revirar, como se lutasse contra um desejo proibido que nascia rápido demais.
— Não sei qual é o seu jogo — disse ela, erguendo o queixo —, mas eu não vou ser parte dele.
Lorenzo sorriu de lado, inclinando-se ligeiramente, como se quisesse provar o contrário com apenas um gesto.
— Não é um jogo, Isabella. É inevitável.
Ela recuou um passo, mas o corrimão a impediu de ir mais longe. Lorenzo permaneceu ali, próximo o suficiente para que ela sentisse o perfume dele, a respiração, o perigo que representava.
O coração dela acelerou tanto que parecia ecoar no silêncio da noite. Por um instante, o mundo parou. Não havia guerra entre famílias, não havia rancor herdado — apenas os dois, presos em uma tensão que ameaçava quebrar todas as regras.
Lorenzo inclinou-se um pouco mais, os lábios perigosamente próximos dos dela. Isabella fechou os olhos por um segundo, como se lutasse contra a própria vontade.
— Isso nunca deveria acontecer… — sussurrou ela, quase sem ar.
Lorenzo arqueou um sorriso, os olhos queimando nos dela.
— E justamente por isso, Isabella, vai acontecer.
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Atualizado até capítulo 51
Comments
Isabel Esteves Lima
Lorenzo e Isabella não podem se envolverem as famílias são inimigas.
2025-09-10
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bete 💗
empolgante ❤️❤️❤️❤️❤️
2025-09-06
0