Irina recostava-se no assento de couro macio do jatinho particular alugado, as pernas cruzadas com elegância, uma taça de champanhe gelada entre os dedos. Um sorriso lento se formava nos lábios enquanto, na mente, ela já via as explosões iluminando a noite — como fogos de artifício feitos só para ela.
A sensação de que a partida inteira estava sob seu controle pulsava dentro dela.
Mais cedo, antes de embarcar, tivera um encontro com Selena. Até tentou fazê-la mudar de ideia, evitar que se envolvesse… mas algo dentro de Irina gritava mais alto. Um instinto teimoso, feroz, quase primitivo. Não queria recuar. Não queria ceder. Não queria, principalmente, se rebaixar às ordens de homens que acreditavam que, por serem homens, podiam ditar o destino de todos.
A mãe dela sempre foi o exemplo perfeito de uma mulher de poder. Calma, estratégica, com uma paciência que parecia infinita — mas que sabia quando atacar. A mãe vinha de uma linhagem onde, na terceira geração, não havia herdeiros homens. Isso nunca foi um problema: as mulheres ali tinham voz, e uma voz que ecoava alto.
Irina lembrava com nitidez das palavras dela, desde pequena:
"A mulher precisa ser sábia… mas também não pode engolir tudo o que um homem quer enfiar goela abaixo só para lhe agradar."
Já o pai… era outra história. Um homem explosivo, de sangue quente, que agia primeiro e perguntava depois. E olhando agora para sua própria determinação, Irina reconhecia: herdara muito mais dele.
Um leve brilho de malícia atravessou seu olhar enquanto girava a taça, observando o líquido dourado se mover.
— Dante… — murmurou, quase como se saboreasse o nome. — Vai ter que lutar muito pra me dobrar.
E no fundo, ela já sabia: ele adorava um desafio.
Mancão Costa.
O salão ainda tremia com o eco distante das explosões, convidados em pânico correndo para todos os lados, gritos e ordens misturados com o som abafado de sirenes ao longe. No meio do caos, um dos soldados mais próximos de Dante se aproximou, ofegante, o suor escorrendo pelo rosto.
— Senhor… o que vamos fazer? — perguntou, tentando manter a voz firme.
Dante virou o rosto devagar, e o que o soldado viu não foi o sorriso de um homem calmo e calculista… mas o de um louco obcecado, um predador que acabara de encontrar a caça perfeita.
— Vamos dar… quarenta e oito horas pra minha adorável noiva — disse ele, saboreando cada palavra como se fossem vinho raro. — Deixem ela acreditar que está na vantagem. Cubram esse incidente, não deixem vazar que foi a noiva fujona. Façam parecer um atentado qualquer… e nada, absolutamente nada, respinga nela. A reputação dela… — ele fez uma pausa, os olhos escurecendo — …deve se manter intacta.
O soldado assentiu rapidamente e saiu para cumprir a ordem.
Dante, então, ficou sozinho no meio do salão parcialmente destruído. Olhou para os lustres ainda balançando, para o chão manchado de estilhaços e para as portas abertas por onde os convidados haviam fugido. Um riso baixo escapou, se transformando em algo mais sombrio.
"Irina… você nem imagina o que eu tenho guardado pra você."
E sorriu. Um sorriso que não prometia amor… prometia a caçada da vida dela.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 72
Comments
Júlia Caires
esses 2 qto se encontrarem será nitroglicerina pura 🔥🔥🔥🔥🔥
2025-09-01
2
euzinha
os mais mais ✨✨✨✨
2025-09-02
0
Fatima Gonçalves
VÃO INCENDIAR
2025-09-02
0