Alice Dias
Saí da sala VIP quase cambaleando, como se cada passo exigisse mais força do que eu possuía. O corredor do cassino parecia se estender infinitamente, as luzes piscando em cores que misturavam excitação e perigo. As vozes e risadas das pessoas ao redor chegavam abafadas, distantes, irreais. Eu só conseguia ouvir os batimentos acelerados do meu próprio coração.
O que ele havia acabado de me oferecer? Dois milhões de dólares por uma noite… uma noite. E não era só o dinheiro. Era o modo como ele disse, o olhar, o toque leve que segurou meu queixo, o perfume intoxicante que ainda parecia envolver meus sentidos. Alexandre Toledo não era apenas um homem rico. Ele era um predador elegante, seguro, irresistível. E, pela primeira vez, percebi que algo dentro de mim estava faminto por ele.
Tentei me convencer de que era impossível. Casada. Mulher honesta. De família tradicional. Eu não podia — não deveria — sequer pensar em ceder. E, no entanto, a lembrança do toque dele percorria minha espinha como fogo. Era uma chama que queimava silenciosa, mas incansável, insistente.
Sentei-me no bar do cassino, fingindo escolher uma bebida, enquanto minha mente repetia a cena como um filme que eu não queria assistir, mas não conseguia desligar. Cada palavra dele ecoava:
"Alguns jogos valem qualquer aposta."
A ironia era cruel. Eu sempre fora cuidadosa, meticulosa, evitando riscos que pudessem me comprometer. Mas ali estava eu, tentando raciocinar em meio a um desejo que me dominava, sentindo o próprio corpo trair-me com cada lembrança do olhar de Alexandre.
Minhas amigas estavam ocupadas, rindo, apostando, distraídas com suas próprias pequenas aventuras. Eu parecia invisível no meio da multidão, mas não me sentia protegida — sentia-me exposta, vulnerável. Como se apenas um pensamento dele fosse suficiente para me derrubar.
— Alice, você está bem? — perguntou uma delas, tocando meu braço.
Sorri, sem conseguir articular palavras. Meus lábios tremiam. Por dentro, eu estava em guerra comigo mesma. O homem que me ofereceu uma noite de prazer proibido estava me seguindo em cada pensamento, mesmo à distância.
Quando finalmente consegui sair do cassino e voltar ao hotel, trancando-me no quarto, senti um misto de medo e excitação. O espelho refletia meu rosto pálido, olhos arregalados, lábios ligeiramente entreabertos. Nunca havia me sentido tão viva e, ao mesmo tempo, tão culpada.
Deitei-me na cama, mas o colchão parecia duro demais, o silêncio pesado demais. Cada som do hotel — passos no corredor, risadas distantes, o tilintar de copos no bar — parecia lembrar-me dele. Alexandre Toledo. O magnata. O homem que, com uma simples frase e um olhar, havia derrubado todas as minhas barreiras.
Respirei fundo, tentando organizar os pensamentos que se embaralhavam. "Não posso. Não devo." Mas essas palavras soavam frágeis diante do que eu sentia. O desejo não pedia permissão; o corpo lembrava-se de cada centímetro do toque dele, do perfume, da firmeza do olhar. Era como se ele tivesse deixado uma marca invisível na minha pele, que só eu podia sentir.
Fechei os olhos e tentei me imaginar longe daquele perigo. Pensei no meu marido, no casamento estável, na vida confortável que, até então, considerava suficiente. Mas mesmo esses pensamentos — seguros, previsíveis — não conseguiam apagar a lembrança dele. Alexandre Toledo não era previsível. Alexandre Toledo não pedia permissão. E, no fundo, eu sentia que nunca mais seria a mesma depois daquele encontro.
Peguei meu telefone e olhei para a tela. Mensagens do meu marido, lembranças de compromissos e rotinas… todas se misturavam com o eco das palavras dele: "Dois milhões de dólares. Uma noite."
Meu corpo respondia contra minha própria razão. Um arrepio percorreu minha espinha, lembrando-me do toque firme do seu braço, do calor silencioso de sua presença. Cada lembrança me fazia tremer, cada memória me deixava consciente do quanto estava vulnerável.
— Eu não posso… — sussurrei para mim mesma, como se repetir em voz baixa pudesse fortalecer minha decisão. Mas não adiantou.
Deitei-me de lado, abraçando o travesseiro, imaginando como seria entregar-me a ele. Não por dinheiro — mas pela sensação, pelo perigo, pelo fogo que ele acendia em mim. Fechei os olhos e quase podia sentir o calor da mão dele percorrendo minha pele, a intensidade do olhar que prometia consumi-la.
A culpa e o desejo brigavam dentro de mim, uma luta silenciosa, feroz e deliciosa. Eu sabia que se cedesse, nada voltaria a ser como antes. Mas, pela primeira vez na vida, eu estava desejando ceder, mesmo sabendo do preço que pagaria.
Horas passaram, e a madrugada me encontrou acordada, olhando para o teto, presa em pensamentos que me deixavam ao mesmo tempo aterrorizada e viva. Eu não queria o dinheiro. Eu não queria a indecência. Mas eu queria Alexandre Toledo.
E, naquele instante, percebi algo que me assustou tanto quanto me excitou: não era apenas o corpo que desejava. Minha mente, meu coração e cada fibra do meu ser estavam sendo dominados por ele. Ele havia me seduzido sem toque, sem beijo, apenas com um olhar, uma voz, um convite impossível.
Fechei os olhos, rendendo-me à verdade que não podia mais negar. O magnata havia me marcado, e eu estava perdida para ele, mesmo sem ainda tê-lo tocado.
E, pela primeira vez, senti que o jogo tinha realmente começado.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Neusa Oliveira
Gostando do começo.....
2025-09-02
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