Capítulo 4 – Quando o Jogo Vira.

Os funcionários tratavam Marcela como a verdadeira herdeira, enquanto a viam como uma mera funcionária mantida ali por caridade do tio. Marcela não apenas sabotava o trabalho de Elisa, como se apropriava de suas ideias, fazendo todos acreditarem que Elisa era uma incompetente e que ela, Marcela, era brilhante. E o maior responsável por essa farsa era Eduardo, que, com poucas palavras, sempre a convencia a deixar Marcela levar os créditos. O sangue de Elisa ferveu. A humilhação queimava em sua memória, mas o que a deixava ainda mais enfurecida era lembrar como Eduardo a havia manipulado com tanta facilidade, empurrando-a para o erro como se fosse apenas mais uma jogada de xadrez para ele.

Quando estava prestes a entrar no elevador, Elisa ouviu Andreia, a recepcionista, comentar, em tom debochado, para a colega ao lado:

— Olha quem voltou… depois de transformar a apresentação na frente dos acionistas num espetáculo de vergonha alheia. Aposto que ninguém entendeu aquele surto dela na frente de todos, ela é maluca.

Elisa voltou e encarou Andreia com um olhar tão frio e penetrante que fez a mulher se encolher na cadeira. Antes, Elisa ignorava comentários como aquele — fingia que não ouvia, como se não a afetassem. Mas agora, não.

Foi nesse instante que Jonas, seu tio, chegou. Elisa o encarou demoradamente, como se estivesse analisando cada gesto e expressão. Seus punhos se cerraram, e ela precisou se controlar para não avançar nele. A lembrança veio como um golpe: o dia em que descobriu o plano de Marcela para tomar tudo dela, ao ouvir uma conversa entre a prima e a mãe. Naquele dia, movida pela raiva, partiu para cima de Marcela e a agrediu. Ingênua, acreditou que podia resolver tudo sozinha.

Quando Jonas apareceu, Elisa contou-lhe o ocorrido. Ele, com a maestria de quem sabia interpretar, demonstrou surpresa e indignação, repreendendo Marcela e a própria esposa com firmeza. Garantiu que jamais permitiria que as duas a prejudicassem. Elisa acreditou sem questionar — afinal, ele era sangue do seu sangue, irmão de sua mãe.

Jonas então lhe ofereceu um copo de água para acalmá-la. Mas, ao recobrar os sentidos, Elisa se viu deitada em uma cama, com pés e mãos amarrados. Ouvia claramente Jonas conversando com um médico:

— Ela está sofrendo muito… mas não tenho outra escolha. Precisa ser internada. Os surtos estão cada vez mais agressivos. Está se tornando perigosa para ela e para a família.

Foi naquele momento que Elisa percebeu: ele fazia parte do plano. Sua única esperança passou a ser Eduardo. Pensava que, ao sentir sua falta, ele iria procurá-la até encontrá-la. Mas essa ilusão se desfez na primeira visita de Marcela, que lhe mostrou uma foto dos dois na cama e revelou que Eduardo sabia exatamente onde ela estava. Ali começou o seu verdadeiro tormento.

A voz de Jonas a trouxe de volta ao presente:

— Elisa…

Ela respirou fundo, recompôs a postura e pensou: Eu preciso ser mais inteligente. Não posso agir por impulso, ou voltarei para aquele inferno.

Com um sorriso calculado, virou-se para o tio e, olhando para a recepcionista, disse:

— Tio, parece que alguns funcionários não conhecem o seu lugar. Ficam fazendo comentários maliciosos no meio do expediente. Nem respeita as regras da empresa!

Jonas, que mantinha um caso com Andreia, tentou apaziguar:

— Querida, não perca tempo com bobagens.

Mesmo sem saber exatamente do que se tratava, ele pressentia que estava relacionado à sua amante. Elisa, erguendo o queixo, retrucou:

— E como o senhor tem certeza de que é bobagem sem nem saber do que estou falando?

— Vamos para a minha sala, lá você me explica — disse Jonas.

— Não há necessidade. É só demiti-la. Ela não serve para essa função — respondeu Elisa, autoritária.

Jonas estranhou a postura. Elisa sempre foi obediente.

— Não precisa ser tão radical. Não acredito que ela tenha falado algo grave a ponto de merecer demissão.

Elisa continuou a provocar, brincando com as palavras sobre quem, de fato, era o dono da empresa.

— Sabe, às vezes me pego pensando… se as pessoas realmente entendessem as verdadeiras posições que cada um ocupa aqui dentro, talvez muita coisa fosse diferente. Não acha?

Jonas percebeu a insinuação, para evitar que ela o expusesse, concordou rapidamente com a demissão de Andreia. Ele adorava ser bajulado, e isso acontecia porque todos acreditavam que era o verdadeiro dono. Elisa sempre soube disso, mas nunca se importou… achou que ele fazia isso por vaidade, nunca imaginou que Jonas havia se acostumado tanto ao papel que chegou ao ponto de trancafiá-la para não perder o poder.

Andreia, que até então se sentia intocável por causa da proximidade com Jonas, manteve-se confiante — até ouvir a ordem de demissão. Os funcionários mais próximos assistiram à cena boquiabertos; ficou claro que Elisa exercia influência sobre Jonas, e, temendo perder o emprego, muitos se afastaram.

A recepcionista permaneceu parada, esperando que Jonas voltasse atrás. Mas ele não se moveu; seu rosto estava fechado, tomado pela fúria pela forma como Elisa havia conduzido a situação. Com o nariz empinado e um sorriso vitorioso, Elisa repetiu com firmeza:

— Não ouviu? Arrume suas coisas e saia.

Andreia olhou para Jonas, decepcionada, mas, sem resposta, recolheu seus pertences e deixou o local. Elisa então se virou para ele e disse:

— Você fez exatamente o que minha mãe faria. Ela sempre acreditou que as pessoas devem ser respeitadas, e aquela recepcionista passou dos limites quando resolveu espalhar comentários maldosos sobre algo que não sabia, apenas para me humilhar. E eu não vou tolerar ninguém tentando me diminuir, principalmente dentro da minha própria empresa.

Para não explodir de raiva, Jonas saiu bufando.

Ao ver o tio se afastar, Elisa sorriu, comemorando aquela pequena vitória. Ela sabia que precisava de tempo — tempo para limpar seu nome, conquistar a confiança do conselho e provar que estava pronta para assumir a empresa. Só então poderia expulsá-lo de vez daquele lugar.

Enquanto Elisa celebrava silenciosamente seu avanço, Jonas, dentro do elevador, socava a parede com raiva. — O que deu nessa desgraçada? — resmungou. — Deve ser efeito dos remédios, só pode… foi o que deu essa coragem toda a ela.

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Comments

Elenita Muniz Coelho Silva

Elenita Muniz Coelho Silva

meu deus essa corja é grande /Smug//Smug//Smug//Smug/

2025-08-22

3

MARIA RITA ARAUJO

MARIA RITA ARAUJO

que tio mais avarento e escroto

2025-08-22

2

Edna anjos

Edna anjos

É Elisa , você esra cercada de pessoas má, tá difícil ser feliz assim

2025-08-27

0

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