4

Selene

A noite engolia meus passos. Corri sem olhar para trás, sentindo apenas o frio da floresta e o peso esmagador das palavras deles ainda ecoando dentro de mim.

"Por que a lua teria feito isso comigo? Por que justo agora, quando eu já tinha feito uma escolha?"

A respiração saía em soluços quando parei perto de um lago pequeno, a lua refletida sobre a água calma. As lágrimas que eu segurei a noite inteira finalmente escaparam.

— Selene…

Virei rápido, limpando o rosto. Aaron estava ali, ofegante, como se tivesse corrido o mesmo caminho. Seus olhos, ainda escuros de raiva, suavizaram ao me ver chorando.

Ele se aproximou devagar. — Não chore… por favor.

Senti minhas pernas tremerem. — Eu não sei o que fazer, Aaron. Eu não sei mais quem eu sou no meio disso tudo.

Ele segurou meu rosto com cuidado, seu toque quente contrastando com o frio da noite. — Você é minha. — disse firme, quase como um voto. — Eu lutei por você quando ninguém mais estava aqui. Eu te escolhi todos os dias. E vou continuar escolhendo.

Meu coração se apertou. Eu sabia que era verdade. Ele esteve comigo. Ele me segurou quando eu precisava. Mas ao mesmo tempo, minha loba gritava dentro de mim, inquieta, rejeitando aquela declaração como se fosse uma mentira.

— Aaron… — minha voz falhou. — E se não for suficiente?

O olhar dele endureceu. — Então eu vou fazer ser.

Ele me puxou para um abraço, e por um instante me deixei afundar no calor dele. Mas por dentro, a dúvida me rasgava.

Adrian

Do alto de uma colina próxima, meus olhos prateados seguiam cada movimento. Eu sabia onde ela correria, eu sabia que a floresta era o único lugar onde ela buscava paz. Mas ao encontrá-la… não foi só ela que vi.

Aaron estava ali. Tocando o que não lhe pertencia.

O lobo dentro de mim rugiu, furioso, pedindo que eu descesse agora mesmo e o despedaçasse. Minha mandíbula se contraiu.

— Aproveite enquanto pode, Aaron. — murmurei para mim mesmo, as garras ameaçando sair. — Porque logo, a lua vai arrancá-la dos seus braços.

E eu vou estar lá para reivindicar o que é meu.

Selene

O abraço de Aaron me envolvia, mas em vez de acalmar meu coração, só o deixava mais confuso. Minha loba se agitava, inquieta, como se estivesse em guerra comigo mesma.

— Selene… — Aaron sussurrou contra meu cabelo. — Eu não vou deixar ninguém tirar você de mim. Nem mesmo ele.

Antes que eu pudesse responder, um arrepio percorreu minha espinha. A aura era forte demais, impossível de ignorar. Meu corpo inteiro reconheceu antes da minha mente.

Virei lentamente. E lá estava ele.

Adrian.

Encostado em uma árvore, os braços cruzados, os olhos prateados brilhando como a própria lua. A floresta parecia se curvar diante de sua presença.

— Interessante… — ele disse, a voz grave carregada de sarcasmo. — Você fala como se tivesse poder de escolha, Aaron.

Aaron se afastou de mim, rosnando baixo. — Você está no território errado, Adrian.

Ele deu um passo à frente, e a pressão da aura dele me atingiu como uma onda. — O único errado aqui é você. Está vivendo uma mentira… e arrastando Selene junto.

Aaron

Rosnei mais alto, o peito queimando de ódio. Ele não tirava os olhos de mim, mas eu percebia: todo o corpo dele estava voltado para ela.

— Ela me escolheu. — falei firme. — Não importa o que você ache que a lua disse.

— Não. — ele respondeu, com um sorriso frio. — A questão é que a lua não perguntou o que você acha.

Quando percebi, Adrian já estava perto demais, o ar entre nós vibrando. Meu instinto gritou que ele era mais forte, mas eu não recuaria. Não diante de Selene.

— Então venha tirar ela de mim se for capaz. — desafiei.

Adrian

Meus olhos faiscaram em prata. O lobo dentro de mim rugia, pronto para destroçá-lo. Mas antes que eu pudesse avançar, senti uma mão suave em meu peito.

Selene.

— Parem! — a voz dela saiu trêmula, mas firme. — Vocês não entendem? Eu não aguento mais isso!

Olhei para baixo e vi seus olhos cheios de lágrimas. A dor nela foi pior que qualquer golpe.

— Selene… — sussurrei, meu tom mudando.

Mas ela balançou a cabeça, recuando. — Vocês dois estão me rasgando ao meio. Eu não sei o que é certo, eu não sei o que quero… — a voz falhou. — Mas sei que não posso continuar assim.

E antes que qualquer um de nós pudesse reagir, ela correu. Mais fundo na floresta, sumindo entre as árvores.

Selene

As lágrimas cegavam meus olhos enquanto corria. “Meu coração quer um, minha loba quer outro. E eu? Eu só queria paz…”

A lua brilhava acima de mim, testemunha silenciosa da guerra que começava dentro e fora de mim.

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