Adrian
"As pessoas me cumprimentam, me reverenciam, mas eu mal ouço. Tudo o que sinto ainda é o perfume dela preso à minha pele. Ela dançou comigo, mesmo com o olhar possessivo daquele macho cravado em nós. A ousadia dela me mata e me alimenta ao mesmo tempo. Mas... por que ela não sabe? Por que não sente o chamado como eu sinto?"
— Adrian. — A voz grave do seu melhor amigo me tirou dos pensamentos. Era Kael, meu beta e irmão de alma, aquele que sempre me acompanhou nas guerras e treinamentos. — Está com aquela expressão de lobo faminto.
Reviro os olhos, mas ele apenas ri.
— Acha que ninguém percebeu? — ele continua. — A forma como olhou pra ela… como se fosse devorar cada pedaço.
Rosno baixo. — Ela é minha, Kael. A deusa me mostrou isso.
Kael ergue uma sobrancelha, cruzando os braços. — Então por que ela tem outro?
O veneno da realidade corta meu peito. — Porque ela não sabe. Mas vou fazer com que saiba.
Selene Carter
"Adrian. Mesmo o nome dele parece ecoar dentro de mim, como uma melodia proibida. Não deveria sentir isso, não depois de tudo o que construí com Aaron… meu namorado, aquele que esteve ao meu lado nesses anos. Mas... o que aconteceu naquela dança foi mais que nostalgia. Foi destino. Eu sei, mesmo que tente negar."
Minha amiga Maya, filha do conselheiro da minha matilha, se aproxima, um sorriso curioso nos lábios.
— Então… foi só impressão minha ou você e o rei dançaram como se estivessem prestes a devorar um ao outro?
— Maya! — sussurro, sentindo meu rosto esquentar. — Foi só uma dança.
Ela me encara, arqueando a sobrancelha. — Claro, só uma dança… e o jeito que o olhar dele queimava como se quisesse marcar você ali mesmo foi pura coincidência, né?
Eu respiro fundo, tentando me convencer. — Não posso sentir nada por ele. Tenho o Aaron.
Maya suspira. — Pode até ter o Aaron, Selene… mas sua loba não parece concordar.
Aaron (o namorado)
"Eu vi cada detalhe. O jeito que ela sorriu, o jeito que ele a segurou. É insuportável. Ele pode ser rei, pode ter o mundo aos seus pés, mas ela é minha. Eu estive com ela quando ninguém mais esteve. Eu cuidei dela, dei meu tempo, minha lealdade. Não vou permitir que ele apareça agora e a tome como se fosse um direito divino."
Meu amigo Derek, outro guerreiro da matilha, se aproxima, percebendo minha raiva.
— Você viu, não é? — ele pergunta.
— Vi. — respondo com a mandíbula travada. — E não vai se repetir.
— Aaron, ele é o futuro rei… mexer com ele pode custar caro.
Olho diretamente para Derek, meus olhos escurecendo. — Eu não ligo se ele é rei ou deus. Ela é minha.
Naquela noite, três corações pulsavam em direções diferentes, mas o destino já começava a puxar os fios invisíveis que iriam unir — ou destruir — todos eles.
Selene
A festa seguia, mas meu coração não conseguia acompanhar o ritmo. Cada risada, cada música, parecia abafada pelo som da minha própria respiração acelerada. Eu precisava de ar. De distância.
Saí pelos corredores do palácio até alcançar a varanda. A lua cheia brilhava acima, como se me vigiasse. Apoiei as mãos no parapeito de pedra e fechei os olhos.
"Respira, Selene. Esquece o que aconteceu na dança. Foi só nostalgia. Foi só saudade..."
— Fugindo de mim? — a voz grave ecoou atrás de mim.
Meu corpo inteiro estremeceu. Eu sabia quem era sem nem precisar olhar. Virei devagar e lá estava ele: Adrian, imponente, os olhos prateados refletindo a lua, a presença esmagadora de um rei prestes a nascer.
— Eu só precisava de ar. — tentei manter a voz firme.
Ele deu alguns passos na minha direção, e cada um parecia ecoar dentro de mim. — E encontrou?
Engoli em seco. — Adrian… não devia estar aqui.
Ele riu baixo, um som rouco que arrepiou minha pele. -Onde mais eu deveria estar, se não ao seu lado?
Adrian
Ela parecia frágil e forte ao mesmo tempo, como sempre. Selene não sabia o que fazia comigo. A lua brilhava sobre nós, e meu lobo urrava dentro de mim, pedindo que a marcasse ali mesmo. Mas eu precisava de controle… ainda.
— Olhe pra mim. — pedi, minha voz quase uma ordem.
Seus olhos claros encontraram os meus, e foi como se o mundo parasse. O vínculo brilhou entre nós, invisível para todos, mas queimando em nossas almas.
— Você sente, não sente? — perguntei, dando mais um passo, até estar perto o bastante para sentir seu perfume doce. — Essa ligação… esse chamado.
Ela balançou a cabeça, nervosa. — Não, Adrian. Eu… eu tenho o Aaron.
Rosnei baixo, não conseguindo conter. — Ele não é nada comparado ao que somos. A deusa não erra, Selene. Você é minha.
Vi sua respiração falhar, seu corpo reagindo apesar da negação em suas palavras. Eu a encurralei contra o parapeito, sem encostar, apenas deixando claro o que eu queria. O que eu sempre quis.
— Você pode mentir para si mesma, mas não pode mentir para sua loba. — murmurei. — Ela me reconhece.
Selene
Meu coração batia como se fosse explodir. Ele estava tão perto que eu podia sentir o calor do corpo dele. E, por um instante, minha loba rugiu dentro de mim, reconhecendo o que eu tentava negar.
— Adrian… por favor. — minha voz saiu em um sussurro.
Ele inclinou o rosto, tão perto que seus lábios roçaram minha têmpora.
— Você é minha, Selene. — a frase saiu como um voto, uma promessa, uma sentença.
Fechei os olhos, tentando lutar contra aquilo, mas dentro de mim algo já estava decidido.
Aaron (de longe)
Do outro lado do salão, procurei por Selene. Não a encontrei. Minha raiva cresceu como fogo. E então vi pela janela: ela, na varanda… com ele.
Meu peito se encheu de ódio. — Maldito. — murmurei, cerrando os punhos.
Derek tentou me segurar. — Aaron, não faça nada. Não agora.
Mas já era tarde. Eu não ia assistir ao futuro rei tomar o que é meu.
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