10 anos depois …
Era estranho estar de volta.
Depois de tanto tempo longe, pisar de novo nos Estados Unidos me fez sentir como se eu estivesse entrando num filme antigo.
Mas esse filme… tinha uma nova protagonista.
Eu.
Mais madura.
Mais segura.
E com o diploma de Harvard a caminho.
Não avisei meu pai nem minha madrasta.
Queria fazer surpresa. Ou talvez só não quisesse lidar com discursos e emoção logo de cara.
Depois de dez anos entre idas e vindas, e um ano inteiro sem vir, decidi que era hora de voltar de vez.
Passei em Harvard. Ia cursar Relações Internacionais. E, pra minha sorte (ou destino?), a mansão dos finais de semana de infância seria minha casa de novo.
Eu estava preparada pra reencontrar tudo.
Menos ele.
O saguão do aeroporto estava cheio, abafado, caótico.
Eu vinha empurrando meu carrinho de malas com esforço, boné abaixado, óculos escuros e uma mochila nas costas, quando virei o corredor da esteira errada… e bati de frente com um corpo.
Literalmente.
As malas voaram. Minha mochila quase caiu.
E eu caí também — de joelhos.
— Ai, pelo amor de Deus! — resmunguei em inglês , erguendo o boné e o olhar afiado.
Ele também estava abaixado, pegando a mala dele. Boné escuro, óculos Ray-Ban, uma camiseta justa mostrando os músculos e uma cara de… pouca paciência.
— Você tá cega? — ele disparou também em inglês , sem olhar pra mim ainda.
— Tava andando, se você estivesse olhando o caminho… — resmunguei, me levantando.
— Eu estava. Mas não imaginei que alguém fosse sair atropelando gente com um carrinho de malas do tamanho de um ônibus escolar.
— Talvez se você andasse mais devagar e com menos ego…
Ele riu.
O riso foi baixo. Cínico. Quase charmoso.
— Alguém acordou sem educação hoje. — Retruquei.
— E alguém acordou achando que o aeroporto é passarela de desfile, é isso? — Ele falou me olhando de cima abaixo.
Ele ergueu os óculos devagar, e nossos olhos se encontraram por um segundo.
Senti o estômago revirar.
Porque… ok.
Ele era lindo.
Aquele tipo de beleza irritante que a gente odeia admitir. Mandíbula marcada, boca atrevida, cabelo bagunçado.
E um olhar de quem carrega segredos perigosos — e se diverte com eles.
Ok, ok! Ele fazia totalmente o tipo de cara por quem eu me apaixonaria fácil. Com meu dedo podre, aquele tipo, era o meu favorito.
Mas a voz dele me irritou mais do que a beleza me afetou.
— Você devia olhar melhor pra onde anda — ele disse, colocando o óculos de volta, já pronto pra sair.
— E você devia cuidar melhor do tom de voz — retruquei, já ajeitando minha mochila.
Ele parou. Sorriu. Não respondeu.
Só observou enquanto eu me afastava determinada.
Mas, no reflexo do vidro ao lado, eu o vi parado, me acompanhando com os olhos.
E depois… rindo.
**
Eu não sabia quem ele era.
Ele também não sabia quem eu era.
Mas alguma coisa me dizia…
A gente ainda ia se trombar mais vezes.
Não sei porque senti aquilo, talvez aquela beleza toda tenha me deixado meio louca.
Ou talvez fosse só meu dedo podre querendo me aprontar mais alguma.
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Atualizado até capítulo 129
Comments
Pati 🎀
um encontro inesperado 🤭🥰
2025-09-04
0
Anália Cristina
um esbarrão....rs
2025-09-02
1