Valentina – 12 a 17 anos
No primeiro verão depois da mudança, eu estava animada.Muito animada. Seria minhas primeiras férias na casa do meu pai.
Voltar para os Estados Unidos me dava a sensação de que nada tinha mudado de verdade.
Que o Brasil era só uma pausa, uma temporada.
Que tudo que eu deixei ainda estaria lá, do mesmo jeitinho: o quarto com vista pra piscina, os domingos de panqueca… até o Jace emburrado me esperando na escada com uma provocação pronta.
Mas não foi assim. Nada foi como imaginei que seria.
**
Assim que cheguei, minha madrasta me abraçou com aquele sorriso de sempre.
— A casa ficou vazia sem você, Val — disse com sinceridade.
Mas meu pai desviou o olhar.
E então ela completou, como quem solta sem querer:
— Ah, o Jace está na Inglaterra com o pai dele. Foi meio em cima da hora.
O pai do Jace era um aventureiro e amava viajar pelo mundo. Como moravam em países diferentes, eles aproveitavam as férias para viajar juntos pelo mundo.
Senti meu estômago virar.
Disfarcei com um sorriso amarelo.
— Que legal… Europa. Uau.
Mas não era “legal”.
Não era “uau”.
Era vazio.
A casa estava linda. O quarto ainda cheirava a mim.
Mas o que antes era barulho virou eco.
E nem os filmes na sala de cinema, nem a piscina, nem os jantares com meu pai preencheram o buraco que ficou quando percebi que Jace… não estava lá.
**
Naquele verão, eu descobri que saudade às vezes é só o silêncio de algo que você nem sabia que precisava.
E no verão seguinte… ele também não estava.
Dessa vez, meu pai nem tentou me animar.
— O Jace foi pra Grécia com o pai. Viagem de veleiro. Não sei onde vai parar.
E no outro ano: Japão.
Depois, uma road trip nos Estados Unidos.
Depois, um intercâmbio na Austrália.
Era como se ele se esforçasse para não me encontrar.
Ou talvez… ele só estivesse vivendo a vida.
E eu…
Eu aprendi a fazer o mesmo.
**
Aos poucos, as lembranças se diluíram.
As brigas.
As piadas.
As pegadinhas.
A última vez que vi seu rosto ainda menino, com fones de ouvido e um aceno preguiçoso.
Tudo foi ficando mais longe.
Menos nítido.
Como uma fotografia esquecida dentro de uma gaveta.
Até que um dia, meu coração parou de esperar por ele nas férias.
E quando meu pai perguntava se eu queria passar o verão com eles, eu respondia com um sorriso educado:
— Acho que vou ficar no Brasil esse ano.
E dentro de mim, era como se dissesse:
“Ele não vai estar lá mesmo.”
**
Foram anos assim.
E talvez o tempo tenha feito o que ele sempre faz:
transformou dois quase irmãos em dois perfeitos desconhecidos.
Ou quase isso.
Porque por mais que a memória apagasse os detalhes…
Alguma coisa dentro de mim ainda se lembrava do som da risada dele.
E eu nem sabia o quanto isso importava…
Até o dia em que eu o vi de novo.
Mas isso… já é outra história.
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Atualizado até capítulo 129
Comments
Anália Cristina
estou doida pra ver essa história
2025-09-02
1
Pati 🎀
meu Deus eu estou amando demais 🥰
2025-09-04
0