O que me move é o controle

Zoe Moreau

Acordei antes mesmo do sol tocar as janelas.

A cidade ainda respirava devagar, mas meu sangue já corria em ritmo de guerra.Não era medo.Era preparação.Rafael Marcenko me queria às oito e meia.De preto.

Sorri sozinha ao abrir o closet.Homens como ele estão acostumados a ser obedecidos. A moldar. A dobrar.

Mas eu não vim para ser domada.Eu vim para incendiar.

Escolhi um vestido marrom café com alças finas e costas totalmente nuas. A peça abraçava meu corpo com elegância provocativa, firme e fluida ao mesmo tempo. Discreta à primeira vista. Letal ao segundo olhar.

Meus cabelos estavam soltos, com ondas largas caindo como cascata dourada sobre um dos ombros.Perfume amadeirado. Salto agulha. Batom nude.

E a decisão que ele não esperava. Coloquei um salto e peguei minha bolsa e saí ..

O prédio da Marcenko International era uma torre de aço e vidro cortando o céu parisiense como uma lâmina.O hall principal, luxuoso e silencioso, cheirava a poder. E perigo.

Subi ao último andar com dois seguranças me escoltando. As portas do elevador se abriram com um som abafado.

Lá estava ele.

Rafael Marcenko.

Vestido em um terno cinza que parecia ter sido desenhado sobre o corpo. Camisa azul abotoadura dourada .. Os cabelos penteados para o lado. A barba farta, marcada, impecável.

E o olhar.

Verde escuro. Cortante.Ele me olhou dos pés à cabeça, demorando-se no tecido marrom que revelava minhas costas.Um sinal claro: eu não obedeci.

Rafael: — Marrom?

Zoe (cruzando os braços): — Se quiser que funcione, será assim.Eu não sou sua funcionária. Nem sua propriedade.Estou aqui porque escolhi estar. Mas sob minhas regras.

Ele se aproximou devagar, olhos cravados nos meus, desafiando cada sílaba que eu dizia.

Rafael: — E quais seriam essas regras?

Zoe: — Você não comanda a minha rotina, não interfere nas minhas escolhas pessoais, não toca na minha vida fora do contrato.Eu escolho com quem falo, o que visto, onde piso.Você quer uma sócia, não uma marionete.Se aceitar isso… a resposta é sim.

Ele ficou em silêncio por longos segundos. Avaliando.Eu via a guerra silenciosa por trás daqueles olhos .. ele não estava acostumado a ouvir “não”.

Muito menos em voz firme e salto alto.

Rafael (finalmente, com a voz rouca): — Aceito.

Por enquanto.

Primeira reunião – Sala de conferências

A sala era toda em vidro escuro e aço escovado. Na ponta da mesa, Rafael.

Ao lado dele… eu.

Seis homens engravatados sentaram à nossa frente.Um contrato de expansão em Dubai, três bilhões em jogo, e um erro jurídico grave escondido nas entrelinhas.

Enquanto os conselheiros debatiam com vozes carregadas de termos técnicos, eu apenas observava.E então, falei.

Zoe: — A cláusula 11 tem uma brecha fiscal que os pode colocar sob investigação internacional. Se assinarem esse contrato, terão uma bomba jurídica ativada em menos de seis meses.

Todos se calaram.

Os homens se entreolharam. Um deles o mais velho pigarreou nervoso.

Conselheiro: — Isso é… sério?

Zoe (direta): — Grave. Estão sendo enganados. Mas não se preocupem… isso não vai acontecer.

Porque agora eu estou aqui.

Olhei de lado.Rafael me observava. Sério.

Quase… orgulhoso.Mas ainda era um jogo.E eu continuava armada.

Conselheiro 1: — Isso não faz sentido. Nós analisamos esse contrato com três departamentos jurídicos. A senhorita deve estar… mal informada.

Zoe (sorrindo de canto): — Claro. Vamos ver.

Inclinei-me para frente, puxei a cópia do contrato à minha frente e abri na página 47.Meu dedo deslizou até a cláusula 11.2-b.

Zoe: — Aqui.

A linguagem ambígua sobre a redistribuição de fundos operacionais pode ser interpretada como tentativa de evasão fiscal em mercados internacionais sob jurisdição cruzada.Em especial… Dubai, Suíça e Estados Unidos.

Conselheiro 2 (inquieto): — Mas… essa cláusula passou por todos os nossos filtros.

Zoe: — E ainda assim está podre.

Eu posso listar aqui, agora, os quatro pontos legais que farão esse contrato ser contestado judicialmente em até seis meses. Querem que eu continue?

Silêncio.

Rafael cruzou as mãos, os olhos cravados em mim como se eu fosse uma tempestade disfarçada de mulher.

Rafael (sem desviar o olhar): — Revisem o contrato. Agora.A partir de hoje, Zoe Moreau estará envolvida em todas as decisões estratégicas da companhia.

O silêncio foi absoluto.Alguns arregalaram os olhos.Outros engoliram em seco.

Eu?

Cruzei as pernas.

E sorri.

Saímos da sala de reuniões direto para a sala dele .. A sala era escura, elegante, feita para decisões confidenciais.Rafael fechou a porta atrás de si.Agora estávamos a sós.

Ele tirou o paletó com calma, dobrando as mangas da camisa até os cotovelos, revelando o antebraço forte, a tatuagem discreta perto do punho esquerdo e o relógio de luxo.Se aproximou devagar, com aquele andar letal de quem nunca corre, porque o mundo o espera.

Rafael (voz baixa): — Eles te subestimaram.

Foi… excitante ver isso.

Zoe (firme): — Isso não foi feito para excitar. Foi feito para mostrar que eu não estou aqui para enfeitar sua mesa.

Ele chegou perto.Perto demais.Seus olhos verdes escureceram, agora cheios de um calor perigoso.

Rafael: — Você é afiada. Gosta de provocar.

Mas já pensou… no que acontece quando se provoca demais?

Zoe (sem recuar): — Já. E nunca tive medo da consequência.

Ele sorriu… Um sorriso carregado de tensão, desejo e algo mais sombrio.

Rafael (encostando a mão no vidro atrás de mim, me cercando sem tocar): — Acha que pode controlar tudo, Zoe.Mas todos têm um limite.

Zoe (fria): — O problema é que você acha que me seduz com ameaça.Mas o que me move… é controle.

Segurei seu olhar.

Ele não recuou.

Eu também não.

Rafael: — Isso vai ser perigoso.

Zoe: — Eu conto com isso.

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