O dia em que eu ofendi o autor errado

Lu Liam nunca foi um leitor paciente. Ele adorava histórias longas, mas odiava finais que deixavam um gosto amargo.

E naquela noite chuvosa, sentado na cama com um pacote de biscoitos e o celular na mão, ele sentia o sangue ferver.

O título do romance que devorara em dois dias era “Lótus Branca no Horizonte”. Uma obra de romance moderno que contava a vida de um personagem supostamente “puro” e “inocente”, um verdadeiro lótus branco que, com a ajuda do protagonista masculino, conquistava fama, fortuna e, claro, o coração de todos.

Mas o detalhe que irritava Liam não era o tal lótus branco.

Era o destino de Lu Liam, um personagem secundário — também chamado Liam — que só servia para ser humilhado, ele era de fato um bucha de canhão, que servia apenas para destacar mais a beleza e gentileza, do lótus branco.

No livro, “Lu Liam” era um herdeiro mimado que nutria sentimentos secretos pelo protagonista, ele era obcecado por Shen Yuhan, ele sempre se declarava para ele, mas era enganado, usado e descartado como lixo. No final, o personagem morreu de uma forma tão patética que até um vilão de drama de quinta teria mais dignidade.

Fechando o aplicativo, Liam jogou o celular na cama e bufou: — Quem escreve esse tipo de coisa? O autor é sádico ou só tem ódio de gente bonita?

Olhou para o teto, dramatizando como se estivesse a fazer um discurso:

— Que você tropece no canto da mesa, bata o dedinho e perca a senha do cartão! Que seu café caia na roupa branca! Que a internet caia quando você estiver no meio de uma cena importante!

liam estava com raiva do fim, do personagem que carregavam o mesmo nome que ele.

Em um pensamento liam falou para si mesmo que, se fosse o personagem desse livro, não correria a trás de Shen Yuhan, e não se apaixonaria por alguém que odiava, aponto de paga homens para tira sua inocência, só para satisfazer seu pequeno lótus branco.

Praguejou por mais alguns minutos, até sentir o sono pesar. Jogou-se na cama, puxou o cobertor e adormeceu.

Quando abriu os olhos, algo estava estranho.

O teto não era do seu, quarto.

O cheiro no ar também não era de mofo, liam morava no pequeno apartamento de dois cômodo velho e decadente.

E o peso… havia algo pesado sobre seu peito. Um gato persa branco o encarava de cima, como se dissesse: “Finalmente acordou, inútil.”

Liam piscou, sentou-se e olhou ao redor.

O quarto era espaçoso, decorado com móveis caros e elegantes, como um apartamento de revista. No criado-mudo, um porta-retrato chamou sua atenção.

Nele, estava um homem… ele mesmo, só que com rosto mais jovem e traços delicados, a foto mostrava um jovem elegante mais com olha selvagem e travesso.

Só que não era ele de verdade — no mesmo tempo que parecia, com ele era diferente.

O sangue gelou.

— Não… não, não, não! — correu para o espelho e viu o reflexo do personagem mimado que ele odiava. Mesma expressão arrogante, mesmo corte de cabelo impecável, mesma aura de “sou rico e sei disso”.

— Isso só pode ser uma piada cósmica. — Ele tocou o próprio rosto, incrédulo. — Eu caí dentro do livro… no corpo do bucha de canhão mais humilhado da história.

E como se o universo quisesse confirmar, o celular (novo, caríssimo e com uma capa de designer) começou a vibrar.

O nome na tela: Shen Yuhan.

Liam lembrava muito bem quem era — o protagonista frio e bem-sucedido que, no livro, nunca retribuía o amor do “Lu Liam” e, no fim, o jogava para o escanteio.

O telefone continuava tocando, e o coração de Liam acelerava.

Ele sabia que aquela ligação poderia ser o primeiro passo para repetir a tragédia do livro… ou para reescrever completamente o destino daquele personagem.

Respirou fundo e sorriu de lado:

— Muito bem, autor querido… vamos ver se eu não quebro a sua história toda.

O celular ainda vibrava sobre a mesa.

“Shen Yuhan.”

O nome brilhava como um aviso luminoso de “perigo, mantenha distância”.

Liam encarou a tela por alguns segundos, até que o toque parou.

— Ótimo. Não vou começar essa história atendendo a uma ligação do protagonista que vai ferrar minha vida.

Sentou-se na cama e tentou colocar os pensamentos em ordem.

Precisava lembrar de cada detalhe do livro… cada maldito acontecimento que havia levado o bucha de canhão Lu Liam ao fim trágico.

Ok… começo do enredo:

— Eu, Lu Liam, sou um jovem mestre arrogante, filho da família Lu, dono de uma boa aparência e zero bom senso. — murmurou para si mesmo. — A família tinha um casamento arranjado com o poderoso Shen Yuhan…

Fechou os olhos, forçando a memória.

— …mas antes do casamento, minha família adotou um garoto chamado Lu Wen, o “lótus branco” mais falso que já existiu. — Revirou os olhos. — Ele é doce na frente dos outros, venenoso por trás, e finge ser frágil para ganhar a atenção de todo mundo… principalmente de Shen Yuhan.

No livro, Lu Liam ficava cego de amor por Shen Yuhan, enquanto o tal “irmão adotivo” se infiltrava sorrateiramente na relação, conquistando a simpatia de todos. No fim, o noivado era quebrado, Lu Liam se tornava motivo de chacota pública e ainda morria sozinho num acidente de carro “misterioso”.

— Não. Obrigado. — Liam deu um tapa no edredom e se levantou. — Não vou gastar minha juventude competindo com um lótus branco que vive de fingir inocência.

Ele agora e jovem, e tem dinheiro para gastar sem se importar com nada, ele também saber todos os pontos principais do livro, e como deve evitar sua morte prematura.

A campainha tocou. Ele abriu a porta e deu de cara com uma mulher elegante, óculos de armação fina e um tablet na mão.

— Jovem mestre Liam, seu pai pediu para lembrá-lo do baquete da família Shen hoje à noite. Vamos discutir o contrato do seu noivado com Shen Yuhan. — disse, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Liam piscou.

— Ah… o banquete de aniversário do jovem mestre Shen… sim, claro…

A assistente sorriu, satisfeita.

— Então confirmo sua presença?

Ele respirou fundo e respondeu, sem titubear:

— Não.

— …Perdão?

— Não estou mim sentindo bem . Eu não vou para o banquete do jovem mestre Shen Yuhan.

A mulher ficou tão chocada que quase deixou o tablet cair.

— J-jovem mestre, o senhor está… brincando? de acordo como os rumores Lu liam e obcecado pelo jovem mestre Shen, até mesmo mandou um jovem da família rica, para o hospital por freta com Shen Yuhan.……

— Jovem mestre Liam, sua presença já foi confirmada pelo senhor Lu.

__ Tudo bem.. disse liam revirando os olhos

A assistente piscou várias vezes, sem saber como reagir, pela reação de liam com se não se importasse com o assunto.

— Vou… informar o presidente Lu.

......................

Naquela noite, no banquete, foi o dia em que Liam caiu em desgraça, graças à armação de Shen Yuhan e Lu Wen. Sua imagem e reputação foram arruinadas, e ele foi até mesmo expulso da família Lu.

Shen Yuhan entregou a ele uma taça com um afrodisíaco. Ele ficou feliz, pela primeira vez sentiu que Yuhan lhe dava tanta atenção, mas tudo não passava de hipocrisia e falsidade. Depois de beber e ficar tonto, Lu Wen o ajudou "como um bom irmão", e ele, sem desconfiar, o seguiu. Lu Wen o deixou em um quarto e saiu, deixando-o sozinho.

Tonto, Liam acabou adormecendo, mas acordou sendo segurado por vários homens. Sem acreditar no que estava acontecendo, tentou se soltar e gritou por socorro. Mas tudo foi em vão.

Ele foi violentado naquele banquete até desmaiar, sem forças para lutar. Ele só podia desejar que alguém o ajudasse.

Quando ele ainda estava desacordado, um grupo de pessoas, incluindo jornalistas e as famílias Lu e Shen, invadiu o quarto, causando um caos.

Liam acordou com o corpo dolorido e, sem ter tempo para explicar ou pedir ajuda, viu todos ao seu redor o olhando com nojo e insultos. A família Shen ficou com raiva, o chamou de aberração por dormir com vários homens e cancelou o noivado, deixando Liam ainda mais desesperado. Ele tentou explicar, mas todos viraram as costas, até mesmo sua família insultaram. Naquela noite, tudo desmoronou para Liam.

Sozinho de novo, Liam se jogou no sofá.

— Pronto. Primeiro passo: o acontecimento desse banquete. Segundo passo: manter distância do lótus branco. Terceiro passo… — suspirou — descobrir como sobreviver num livro sem virar figurante descartável.

O celular vibrou novamente. Desta vez, não era Shen Yuhan.

Era uma mensagem num grupo de família:

> Lu Wen: “Gege, estou tão ansioso pela banquete de hoje! Tenho certeza que a noite será boa para todos nós ❤️”

Liam encarou o emoji de coração como se fosse veneno.

— Ah, meu querido irmão adotivo… você não perde por esperar.

E assim, o bucha de canhão do livro estava oficialmente fora do roteiro.

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