A manhã seguinte chegou com uma luz suave entrando pelas janelas do escritório da Vasconcellos Corporation, tingindo o ambiente com um brilho cálido que contrastava com a rigidez habitual daquele espaço. Isabela acordara cedo, ainda com as imagens do dia anterior martelando em sua mente, e decidiu que faria algo diferente — um gesto simples, mas carregado de significado. Preparar um café para Leonardo Vasconcellos. Não era só uma questão de cortesia profissional; era, para ela, uma tentativa sutil de quebrar a barreira gelada que os separava, uma pequena ponte para um contato menos formal entre eles.
Com cuidado, Isabela escolheu as melhores cápsulas de café, o aroma intenso se espalhando pela cozinha do escritório enquanto ela preparava a bebida. Sentia uma mistura de nervosismo e expectativa, um desejo quase infantil de ser notada de uma forma diferente, de criar um momento menos tenso e mais humano. Embalou a xícara cuidadosamente numa bandeja, junto com um pequeno prato de biscoitos, e respirou fundo, pronta para enfrentar mais um dia de desafios.
Caminhou em direção ao escritório do CEO, cada passo marcado por uma hesitação disfarçada, um receio silencioso de que algo pudesse dar errado. Quando estava quase chegando, seu pé encontrou o tapete elegante que cobria o chão — e, num instante, tudo pareceu desacelerar. O equilíbrio fugiu, a bandeja tremeu em suas mãos, e a xícara quase caiu, o café escaldante ameaçando se derramar e estragar os papéis, documentos e eletrônicos sobre a mesa de Leonardo.
Foi exatamente naquele momento que a porta se abriu, e ele entrou. O olhar dele capturou o quase desastre antes que acontecesse. Seus olhos se arregalaram por um instante, e Isabela sentiu a vergonha queimando seu rosto como um incêndio. Ela não conseguia sequer pensar em palavras para se desculpar; sentia-se desajeitada, vulnerável.
— Que desastre — murmurou Leonardo, mas sua voz continha uma nota surpreendente de diversão, um sorriso quase imperceptível escondido naquele tom firme.
Ao invés de se afastar ou repreendê-la, ele deu um passo adiante, pegou a xícara com um gesto tranquilo e, sem hesitar, bebeu um gole do café. O contraste entre sua postura imponente e aquele momento descontraído fez Isabela soltar um suspiro aliviado, ainda sentindo o calor da humilhação, mas agora misturado com uma centelha de conforto.
— Relaxa. Acontece — disse ele, num tom que já não era o de chefe para subordinada, mas algo mais próximo, quase íntimo, como se estivesse quebrando, mesmo que por um instante, o muro que os separava.
Isabela ergueu os olhos para encontrá-lo, e naquele instante, o aroma forte do café, o calor do contato visual e a tensão que ainda pairava no ar criaram uma atmosfera carregada, uma energia palpável entre os dois. Um jogo silencioso de olhares e emoções que falava mais do que qualquer palavra.
— Talvez você precise de um pouco mais de atenção — brincou Leonardo, o canto da boca se curvando num sorriso provocador.
Isabela não conseguiu evitar um sorriso tímido, sentindo uma onda de calor subir por seu rosto, misturando vergonha e um prazer inesperado. Aquele momento, tão simples e despretensioso, quebrou parte da rigidez que os envolvia e deu espaço para um sentimento novo, uma tensão delicada que pulsava entre eles.
Ela percebeu, pela primeira vez, que Leonardo não era apenas o chefe frio e distante que imaginara, mas alguém capaz de pequenos gestos, nuances e até mesmo humor, ainda que escondidos sob a armadura de poder. E, naquele instante, Isabela entendeu que aquela conexão — entre ordens e desejos — estava começando a ganhar vida, lenta, intensa, e totalmente imprevisível.
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Atualizado até capítulo 65
Comments
ISIMPFORMITSUKI
Sempre esperando mais👏
2025-08-11
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