O relógio marcava 17h30 quando a rotina do escritório começava a desacelerar. A luz do fim da tarde filtrava-se pelas grandes janelas, tingindo as paredes de um tom dourado que parecia suavizar a atmosfera tensa que pairava no ar. Enquanto a maioria dos funcionários se preparava para deixar o prédio, Isabela permanecia sentada à sua mesa, imersa em relatórios que precisavam ser revisados antes do dia seguinte. O silêncio ao seu redor, apenas quebrado pelo leve tilintar do teclado e o farfalhar das páginas, a ajudava a focar, embora a mente não deixasse de vagar em pensamentos dispersos.
De repente, passos firmes e apressados ecoaram pelo corredor, aproximando-se do seu canto do escritório. Antes que pudesse se preparar, Leonardo Vasconcellos apareceu diante dela, o olhar sério e a expressão impassível, como sempre. Sem dizer uma palavra, ele deslizou uma pilha de papéis pesados sobre sua mesa, o som dos documentos ao cair fazendo Isabela estremecer.
— Isso precisa estar pronto para amanhã cedo — ordenou ele, sua voz firme, quase implacável, deixando claro que não aceitava desculpas.
Ela sentiu a pressão da responsabilidade como um peso esmagador sobre seus ombros, mas não hesitou. Assentiu com determinação, tentando disfarçar o nervosismo que ameaçava dominá-la. Aquele era apenas o começo de um jogo em que ela precisaria mostrar resiliência e capacidade, mas a sombra da cobrança já pairava intensamente.
Enquanto mergulhava nos números e dados dos relatórios, Isabela sentiu algo quase palpável no ar: os olhos de Leonardo sobre ela, seguindo cada movimento, avaliando, como um caçador que observa sua presa. A tensão invisível entre eles vibrava como um fio tênue, um convite silencioso a emoções e sensações até então desconhecidas para Isabela. Era como se, naquele espaço fechado, o jogo de poder não fosse apenas profissional, mas também profundamente pessoal.
De repente, num momento de distração — talvez por cansaço ou pelo turbilhão de pensamentos — a caneta escapou de suas mãos e caiu no chão com um leve clique. Sem pensar, ela se abaixou rapidamente para pegá-la, e foi aí que sentiu a presença dele ao lado, muito próxima, quase invadindo seu espaço.
O calor do corpo dele envolveu-a num instante, uma onda inesperada que fez seu coração acelerar de maneira descontrolada. O aroma do colar que ele usava — uma mistura de especiarias e madeira — invadiu seus sentidos, confundindo sua mente e despertando um turbilhão de emoções que Isabela tentou, em vão, controlar.
— Cuidado — murmurou Leonardo, a voz rouca e baixa, como se fosse um segredo sussurrado apenas para ela.
Ela ergueu os olhos lentamente, e encontrou os dele — tão intensos, tão próximos, que quase podia ver o brilho profundo e ameaçador que ali se escondia. Por um instante, o mundo ao redor pareceu congelar; o som, a luz, tudo desapareceu, deixando apenas aquele olhar que parecia capaz de desnudar sua alma.
Isabela sentiu a pele arrepiar, o sangue pulsando forte nas veias, enquanto uma mistura de medo e desejo a dominava. Era uma tensão cruel, um confronto silencioso entre o profissionalismo que ela tentava manter e a atração perigosa que crescia com cada segundo.
Ainda assim, mesmo tomada por aquele turbilhão, ela não recuou. Em vez disso, manteve-se firme, consciente de que aquela noite seria apenas a primeira de muitas batalhas entre o gelo cortante das ordens e o fogo intenso dos desejos.
Quando Leonardo se afastou, o silêncio voltou a tomar conta do espaço, mas Isabela sabia que nada mais seria igual dali em diante. Ela havia cruzado uma linha invisível, e aquela tensão — tão delicada quanto explosiva — já começava a definir o ritmo de tudo o que estava por vir.
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Atualizado até capítulo 65
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