segredos à luz do dia

Capítulo 4 – Segredos à Luz do Dia

O sol finalmente havia nascido sobre Beacon Hills depois da noite infernal contra o Harrow.

O ar estava mais limpo, a névoa havia sumido, e o pátio da escola estava tomado pelo burburinho típico da manhã — risadas, passos apressados, conversas aleatórias. Para qualquer pessoa normal, era apenas mais um dia. Para Stiles Stilinski, era o dia seguinte a ter salvado a vida de seu melhor amigo, beijado ele de novo e, de quebra, ajudado a matar um monstro que arrancava corações.

Em outras palavras: nada normal.

Ele estava encostado na sua velha Jeep, olhando para o celular, relembrando a mensagem que Scott mandara na madrugada:

> "Acho que precisamos conversar. Mas sem monstros dessa vez."

“Conversar” nunca era apenas conversar quando Scott estava envolvido. E Stiles sabia que, mais cedo ou mais tarde, o que estava acontecendo entre eles ia sair do “nosso pequeno segredo”. Beacon Hills não era exatamente famosa por manter coisas escondidas por muito tempo.

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Encontro na entrada da escola

Scott apareceu no portão, mochila jogada sobre um ombro, cabelo bagunçado de um jeito que só deixava ele mais... complicado para Stiles lidar.

— Ei. — disse, com aquele sorriso que conseguia ser ao mesmo tempo tímido e sincero.

— Ei. — Stiles respondeu, tentando não parecer muito feliz por vê-lo. — Dormiu?

Scott soltou um suspiro.

— Um pouco. Mas fiquei pensando… na gente.

Stiles olhou ao redor, certificando-se de que ninguém da matilha estava por perto para ouvir.

— Certo, conversa “na gente” antes da primeira aula. O que poderia dar errado?

Scott riu.

— É sério, Stiles. Não quero que isso fique escondido pra sempre. Mas também não sei como todo mundo vai reagir.

— Bom… Malia provavelmente vai dizer algo direto demais, Liam vai ficar com cara de cachorro confuso, Lydia vai fingir que já sabia, e o meu pai… — Stiles fez uma careta. — Melhor não pensar no meu pai ainda.

Scott coçou a nuca, nervoso.

— Acha que a gente devia contar?

— A gente devia sobreviver a mais um dia de aula primeiro. — Stiles desviou, mas havia um meio sorriso. — Depois a gente vê.

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Primeira aula: a revelação quase acidental

Eles entraram juntos na sala de História, sentando-se no fundo, como sempre. Mas, dessa vez, Scott se inclinou mais do que o normal para falar com Stiles, e em determinado momento, a mão dele roçou a de Stiles debaixo da mesa.

Lydia, sentada duas fileiras à frente, virou-se discretamente. O olhar dela era afiado o bastante para fazer qualquer um repensar as próprias escolhas de vida.

No final da aula, ela os interceptou no corredor.

— Então… vocês vão me contar agora, ou devo deduzir sozinha? — disse, cruzando os braços.

Stiles engasgou.

— Sobre… o trabalho de História?

Lydia ergueu uma sobrancelha.

— Stiles, eu sou uma banshee, não burra.

Scott suspirou.

— Ok… É sobre a gente. Sobre… nós dois.

Lydia analisou os dois por alguns segundos, como se estivesse fazendo um cálculo mental. Depois, apenas disse:

— Finalmente. Achei que vocês iam levar mais uns dez anos.

E saiu andando, deixando-os no corredor com cara de quem levou um tapa e um elogio ao mesmo tempo.

— Isso foi… fácil demais. — Stiles murmurou.

— Lydia nunca foi o problema. — Scott respondeu.

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Almoço: o teste final

O refeitório da escola era território perigoso para segredos. Malia, Liam e Mason já estavam na mesa quando Scott e Stiles chegaram com suas bandejas.

— Então… — Malia começou, mastigando uma maçã como se fosse o assunto mais trivial do mundo. — Vocês estão namorando?

Stiles quase derrubou o suco.

— O quê?! Quem te disse isso?

— Lydia. — respondeu simplesmente. — Ela disse que eu ia descobrir de qualquer jeito, então melhor avisar antes.

Liam piscou várias vezes, claramente processando a informação.

— Vocês… tipo… juntos?

— Tipo… sim. — Scott disse, olhando rapidamente para Stiles.

Mason sorriu.

— Eu sabia. —

— Ninguém “sabia”! — Stiles protestou. — Vocês só… suspeitavam muito bem.

— Tanto faz. — Malia deu de ombros. — Só não deixem o drama de vocês atrapalhar as caçadas.

— Drama? — Stiles fingiu indignação. — Eu sou a personificação da calma.

Todos na mesa o olharam com descrença unânime.

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Tarde: o retorno do problema

Depois das aulas, Scott e Stiles foram para o estacionamento. O dia tinha sido relativamente calmo… até Liam correr até eles, ofegante.

— Temos um problema. — ele disse. — Um grande problema.

— Por favor, não seja outro monstro que caça corações. — Stiles pediu.

— Não… — Liam respondeu, ainda respirando pesado. — É pior.

Ele entregou um celular para Scott. Era um vídeo, filmado na floresta. As imagens tremiam, mas dava para ver claramente: o corpo do Harrow, caído, com as marcas vermelhas voltando a brilhar.

— Eu achei que ele estava morto. — Scott murmurou.

— Ele estava. — Liam respondeu. — Mas acho que alguém… ou alguma coisa… trouxe ele de volta.

Stiles esfregou o rosto.

— Claro. Porque em Beacon Hills, “morto” nunca significa morto.

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Investigação à noite

À noite, a matilha se reuniu na casa de Scott. Lydia trouxe livros antigos, Malia farejou a floresta para encontrar pistas, e Liam ficou de vigia.

Stiles e Scott, por mais que tentassem focar na pesquisa, acabavam trocando olhares. O peso da revelação para o grupo tinha sido menor do que esperavam, mas agora o foco precisava mudar.

— Aqui. — Lydia apontou para um trecho em um dos livros. — Essas criaturas podem ser reanimadas se um necromante fizer o ritual antes do corpo se decompor completamente.

— Necromante. Ótimo. — Stiles disse, batendo o livro fechado. — Mais um tipo de maluco para a nossa coleção.

Scott olhou para ele.

— Se for isso mesmo, não estamos lidando só com o Harrow… e sim com alguém que sabe exatamente como usar ele contra nós.

Stiles ficou em silêncio por um momento. Depois, falou baixo:

— Scott… e se o alvo agora não for só você? E se for qualquer um de nós?

— Então vamos proteger todo mundo. — Scott respondeu, firme. — Como sempre.

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Treinamento nada discreto

No dia seguinte, Scott decidiu que precisavam treinar. O que ele não explicou imediatamente era que “treinar” significava arrastar Stiles para a quadra da escola às sete da manhã.

— Isso é humilhação pública. — Stiles reclamou, tentando acertar um bastão contra o boneco de treino. — Eu não sou um lobisomem, não tenho superforça…

— Mas você é rápido. — Scott disse, sorrindo. — E esperto.

— Esperto não derruba monstro com pele de pedra. — Stiles rebateu.

Scott se aproximou e ajustou a posição das mãos de Stiles no bastão. O toque fez Stiles perder momentaneamente o foco.

— Você está distraído. — Scott observou.

— Talvez porque você esteja literalmente encostando em mim. — Stiles respondeu, revirando os olhos.

Scott riu.

— Isso faz parte do treino.

— Ah, claro. Treino de concentração. —

Eles ficaram assim por alguns segundos, até Lydia aparecer na porta da quadra.

— Odeio interromper o momento “comédia romântica adolescente” de vocês, mas temos um problema.

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Nova ameaça: o recado

Lydia jogou um envelope sobre a mesa. Era preto, com um símbolo gravado em cera vermelha — um círculo com linhas entrelaçadas.

— Estava na minha porta hoje de manhã. — ela disse.

Scott abriu o envelope. Dentro, havia um bilhete com letras recortadas de revistas, formando uma mensagem curta:

> “Você tirou minha caça. Agora eu tiro a sua.”

E, junto ao bilhete, uma foto de todos eles no estacionamento da escola, tirada de longe.

Stiles engoliu seco.

— Ok… Isso é oficialmente perturbador.

— Significa que estão observando a gente. — Malia disse, séria.

— E que sabem como nos atingir. — Lydia completou.

Scott olhou para Stiles.

— Isso muda tudo. Precisamos agir antes que eles ataquem primeiro.

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Plano arriscado

A ideia era simples no papel: usar Stiles como isca para atrair o necromante e o Harrow. Simples e suicida, como a maioria dos planos de Stiles.

— Eu não gosto disso. — Scott disse pela décima vez. — Se der errado, você…

— Eu sei. — Stiles interrompeu. — Mas você sempre corre riscos por todo mundo. Talvez seja minha vez de fazer isso por você.

Scott passou a mão no cabelo, frustrado.

— Eu não quero te perder.

— Então não perde. — Stiles respondeu, sério. — Fica comigo, e a gente sai dessa juntos.

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O encontro marcado

Naquela noite, no mesmo local onde o Harrow havia aparecido pela primeira vez, Stiles esperou, com um transmissor escondido no bolso. A matilha estava espalhada, pronta para intervir.

O ar ficou pesado, e um som baixo, como um cântico, começou a se espalhar pela floresta. Do nada, o Harrow surgiu, marcas brilhando mais forte do que nunca. Atrás dele, uma figura encapuzada.

— Você… — Stiles começou, tentando ganhar tempo. — Qual é a sua, cara?

A figura levantou a mão, revelando um punhal com símbolos estranhos.

— Você vai pagar pelo que tirou de mim.

Antes que ele pudesse se mover, Scott surgiu da escuridão, colidindo contra o necromante. O resto da matilha atacou o Harrow de todos os lados.

O confronto foi rápido, mas brutal. Stiles, armado com o bastão, conseguiu atingir uma das marcas da criatura, enquanto Scott, com força de alfa, destruía a outra. As luzes vermelhas se apagaram de vez, e o Harrow caiu, morto pela segunda — e última — vez.

O necromante foi contido por Liam e Malia, e Lydia garantiu que o ritual não pudesse ser repetido.

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Depois da batalha

No caminho de volta, Scott e Stiles caminharam lado a lado. O perigo imediato tinha passado, mas o peso da noite ainda estava com eles.

— Você foi incrível. — Scott disse, quebrando o silêncio.

— Eu fui uma isca com potencial de morte. — Stiles corrigiu.

Scott sorriu, puxando-o para mais perto.

— Uma isca corajosa. E que eu não quero perder por nada.

Stiles olhou para ele por um momento e, sem se importar com quem pudesse ver, o beijou ali mesmo, sob a luz fraca do estacionamento.

— Acho que todo mundo já sabe agora. — Scott comentou, rindo.

— Melhor assim. — Stiles respondeu. — Menos segredos, mais beijos.

E, pela primeira vez em muito tempo, Beacon Hills parecia… quase tranquila.