Emily

– Não quero te machucar, apenas vou te dar a cenoura se você me permitir. – O cavalo fez uns barulhos, encarei como um sim.

Passei a mão em sua cabeça enquanto ele comia a cenoura, ele tinha um pelo muito macio.

- Parece, que ele gostou de você. – Aquela voz se tornou conhecida não só pelos meus ouvidos, mas pelo meu coração também, que batia fortemente.

Olhei para o lado, procurando por ele, que já estava quase ao meu lado.

– Zeno não é muito sociável , ele já derrubou algumas pessoas, e inclusive já mordeu também, felizmente ninguém morreu.

Não consegui imaginar essa cena, afinal o cavalo continuava tranquilo, mesmo com a presença dele, ele pegou mais uma cenoura e deu para o cavalo.

- Então, você é o dono do cavalo?

- Como, chegou nessa conclusão? – Ele me olhou surpreso

- O senhorzinho de cabelos brancos que estava aqui antes, me disse, que o cavalo só deixava o próprio dono se aproximar dele. – Ele sorriu, e novamente eu estava olhando para seus olhos negros.

- Gosta dos meus olhos? – Ele perguntou ainda sorrindo. – Você é uma pessoa muito incomum.

Senti meu rosto queimar, então desviei meu olhar do seu – Meu pai falou para vir aqui ajudar o Heitor com o estábulo, sempre gostei de cavalos. Se não fosse te incomodar, você poderia me emprestar o zeno?

Olhei para ele de volta, que encarava o cavalo. – Não tenho certeza se o zeno seria o cavalo certo para você aprender.

Estendi a mão para o cavalo, zeno veio ao meu encontro, acariciei sua longa crina. – Eu o acho certo.

- Gosta dos olhos dele também? – Ele falou com um tom de brincadeira.

Não segurei a risada e respondi. – Sim, eles são lindos.

- Acho que entendi. – Ele respondeu pensativo.

Em seguida abriu a porta da baía, para tirar o cavalo, o zeno saiu devagar e encostou ao meu lado. – Miguel, me traz uma cela. - Ele falou alto, o senhorzinho veio sorridente ao seu encontro.

- Foi uma boa hora Sr. Huang, ele parecia entediado por não sair hoje.

Huang agradeceu enquanto Miguel ia embora, o observei colocando a cela no zeno, ele puxava os cintos e afivelava, puxou a cela para ver se estava tudo bem preso.

- Preparada? – Huang veio em minha direção, pegou em minha cintura e me levantou alto, até eu conseguir sentar na sela.

Minha sorte foi ter colocado um vestido mais leve e não me prejudicou na hora de montar, quando já estava em cima percebi o quanto o cavalo era alto,

Huang pegou as rédeas e foi puxando o zeno, que marchava devagar.

Olhei para a paisagem admirada por ser tudo verde, a cidade não parecia ser tão longe como havia imaginado. Fechei os olhos sentindo a brisa fresca que vinha de um bosque. Havia uma estrada passando ao meio do bosque, era uma estrada longa o bastante para passar uma carruagem.

- Sr. Huang? Aonde leva esse caminho?

— Pode me chamar apenas de Huang. Esse caminho leva até o castelo do Arquiduque. — Olhei para cima tentando avistar o castelo. — Deixe-me adivinhar, você gostou do castelo também.

Consegui ver uma das torres antes de responder. — Ele tem uma aparência um pouco sombria, porém me chamou muita atenção. Gosto de como é, e de onde ele está. — Ainda olhando para a torre acrescentei. — De cima da torre deve dar para ver tudo ao redor, uma bela vista... imagino.

- Sim, a vista é belíssima. Mas, eu diria que está mais para um castelo solitário do que sombrio.

- Pode ser. – Falei perdida em meus próprios pensamentos.

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