Na manhã seguinte, a família Bergamaschi reuniu-se para o funeral de Lucca. A família dele também estava presente.
Emma caminhava à frente do cortejo, acompanhada de Martina e da mãe de Lucca — uma mulher completamente destruída pela dor de perder o único filho. A comoção era geral. Choros, soluços, abraços desesperados.
Exceto por Emma.
Ela não derramou uma lágrima. Não esboçou emoção. Apenas manteve os olhos fixos adiante, o rosto sereno, como se o mundo ao seu redor não existisse mais.
Emma...
O funeral de Lucca foi um dos piores momentos da minha vida. A família ali reunida, o ambiente tomado por um luto pesado e silencioso. Todos se despedindo, colocando um fim em uma vida inteira.
Ao chegarmos em casa sem trocar palavras, subi direto para o meu quarto. Tomei um banho demorado. Deixei a água quente cair sobre o meu corpo, como se pudesse, de alguma forma, lavar a dor que me consumia por dentro. Vesti um vestido discreto, prendi o cabelo com cuidado, e desci.
Na sala, encontrei minha melhor amiga. Celina em momento algum saiu do meu lado durante o funeral, dedicou cada segundo exclusivamente para me apoiar.
— Querida, como se sente? — perguntou Martina, com os olhos cheios de ternura.
— Cansada, porém não fisicamente.
— Já se alimentou?
— Não. Não quis comer nada.
— Vou pedir que preparem um lanche para você.
— Já resolveram as coisas em relação a família do Lucca?
— Sim, — respondeu Aldo com firmeza. — Está tudo resolvido.
— Depois quero devolver os presentes do casamento. Não faz sentido ficar com nada disso. Quem diria que poucas horas após o meu casamento... eu me tornaria viúva. O destino é irônico. E cruel.
Todos permaneceram em silêncio. Ninguém ousou dizer uma palavra. Era como se estivessem pisando em cacos de vidro, temendo qualquer movimento que pudesse me fazer desabar.
— Vou fazer um lanche na cozinha. Vem comigo, Celina?
— Claro. Vamos.
As duas caminharam em direção à cozinha. Assim que saíram, o clima na sala se transformou.
— Ela está em negação... coitadinha. — murmurou Chiara.
— Quando a ficha cair, ela vai sofrer tanto. — lamentou Luna.
— Vamos dar todo o suporte que ela precisar, — disse Mattia. — Faremos o que for necessário para que ela encare o luto da forma mais tranquila possível.
— Ela precisa sair daqui, — opinou Ângelo. — Da cidade. Do país, talvez. Tudo aqui lembra o Lucca. E a Emma... ela não vai aguentar.
— Vamos trazer de volta o assunto da faculdade, — sugeriu Aldo.
— Não sei se deixá-la sozinha e longe de todos é o melhor agora, — disse Martina, preocupada.
— Ela não estará sozinha, — respondeu Mattia com firmeza. — Mandaremos a Celina com ela. E soldados. Pessoas de confiança.
— Mas somos a família dela, Mattia. Ela precisa de nós.
— Justamente por isso. Nós a amamos tanto que, sem querer, vamos tratá-la como se fosse feita de vidro. E ela vai perceber. Talvez o melhor agora seja dar a ela espaço para respirar. Para ocupar a mente. Para encontrar a própria força.
Martina hesitou, mas no fim, assentiu em silêncio.
Depois se algum tempo Emma subiu para o seu antigo quarto, aquele que abandonaria após o casamento. Por um momento, cogitou ir até a casa que dividiriam. Mas a ideia de estar sozinha num lugar onde tudo lembrava Lucca era insuportável.
Celina se ofereceu para ficar com ela — e Emma aceitou.
Ficaram horas conversando, falando sobre tudo. Tentando, de alguma forma, trazer cor àquele dia cinza. Falaram da faculdade, dos antigos sonhos de estudar moda, dos planos interrompidos por escolhas feitas por amor.
No fim da noite, vencida pelo cansaço, Emma adormeceu.
E enquanto ela dormia, a casa inteira esperava por uma resposta:
Como ela acordaria no dia seguinte?
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 57
Comments
Sol Oliveira
Infelizmente, nada como um dia atrás do outro, terá que conviver com o luto e seguir a vida!
/Sweat//Shy//Smug//Grievance/
2025-08-19
1