Emma...
As máquinas ao redor dele apitavam como um lembrete cruel de que a vida estava por um fio. Caminhei até a beirada da cama e segurei a mão de Lucca, agora fria, frágil... tão diferente do homem forte que me abraçava nas madrugadas e sussurrava promessas de um futuro tranquilo.
— Meu amor, por favor... não me deixa.
A resposta veio em silêncio, no olhar dele. Um último olhar calmo, sereno, como se quisesse me acalmar mesmo ali, à beira da morte. Ele tentou sorrir, mas os músculos do rosto mal responderam. E então, lentamente, os olhos de Lucca se fecharam.
O som constante dos aparelhos mudou. O monitor cardíaco apitou uma única vez antes que a linha se tornasse reta.
— Código azul!
A sala foi invadida por médicos e enfermeiros. Fui puxada para trás, mas não ouvi mais nada. Tudo ao meu redor se tornou um borrão. O desespero me atingiu como uma onda violenta, arrancando o ar dos meus pulmões.
Mattia me segurou com força, me impedindo de cair.
— Pequena, olha pra mim... olha pra mim!
— Ele se foi, Mattia... Ele se foi...
Chorei como nunca havia chorado. Não havia guerra, pacto ou poder que pudesse salvá-lo naquele momento. A morte, fria e implacável, tinha levado o amor da minha vida. E essa foi a primeira lembrança ao acordar.
Não sei quanto tempo passou. Estava sentada em um quarto pequeno do hospital, com um cobertor sobre os ombros e as mãos trêmulas. Ao meu lado, Ângelo permanecia em silêncio, os olhos fixos no chão. Ao lado de fora podia ouvir Mattia que conversava com os médicos e os homens de confiança. O luto pairava como uma sombra sobre todos nós.
A porta se abriu. Mattia entrou com o semblante duro, mas os olhos vermelhos denunciavam a dor.
— Precisamos ir, Emma. Eles vão cuidar de tudo por aqui. Já providenciei o transporte para casa.
Assenti sem dizer uma palavra. Minhas pernas pareciam de chumbo, mas me levantei. A dor era física. Doía em cada osso, em cada músculo. Em cada parte da minha alma.
Na saída do hospital, uma comitiva de carros aguardava. Soldados estavam posicionados com armas em punho. A guerra ainda não havia terminado.
Mas a minha guerra, a que importava, havia acabado ali. E eu perdi.
Ao chegar à mansão Bergamaschi, o silêncio da casa era ensurdecedor. O mesmo lugar que, horas atrás, havia sido tomado por risos, agora era um túmulo vivo.
Subi as escadas como quem carrega o peso do mundo nas costas. Entrei no quarto e me joguei na cama. O travesseiro ainda tinha o cheiro dele.
— Lucca...
Chorei até não ter mais forças. Até o corpo ceder à exaustão.
No dia seguinte, vesti preto. Não porque era tradição, mas porque era a única cor que representava o que restou de mim. Lá fora, a família começava os preparativos para o velório.
Mas eu ainda estava aqui. Estagnada entre a dor e a incredulidade.
E foi nesse estado que Mattia entrou no quarto e se sentou ao meu lado. Ficamos em silêncio por longos minutos, até que ele falou:
— Você ainda tem a nossa família, Emma. Eu vou cuidar de você. Sempre.
Abracei meu irmão com a última parte de mim que ainda sabia amar. Porque naquele momento, amar era lembrar. E lembrar era sofrer.
Mas eu não podia esquecer.
Não dele.
Não do homem que me deu tudo — e, por fim, até a própria vida.
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Atualizado até capítulo 57
Comments
Sol Oliveira
Muito triste!!!
Mais o AMOR da família, irá superar a perda e também pegarão quem fez essa crueldade e emboscada.
/Determined//Hammer//Cleaver//Bomb//Ok//Good/
2025-08-19
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Dulce Gama
NOSSA que situação triste já fiquei emocionada tbm parece que essa história vai ser boa 👍👍👍👍👍❤️❤️❤️❤️❤️🎁🎁🎁🎁🎁🌹🌹🌹🌹🌹🌟🌟🌟🌟🌟
2025-08-03
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