Em apuros.

Sabia que estava com problemas quando virei uma esquina e dois homens pararam na minha frente, aquelas figuras pareciam sair de filmes de terror.

— Ester Ávila? Você vem com a gente — um deles falou.

— Não, eu não vou, nem conheço vocês — respondi tensa, já dando passos para trás.

— Sabemos disso, pelo visto queria conhecer né, já que pesquisou a respeito, Matheu Ricci quer te ver — ele respondeu puxando meu braço.

— Me solta, SOCORRO, SOCORRO — gritei, mas logo fui atingida com força, o gosto férrico tomou conta da minha boca e ali fui jogada dentro de um carro.

Os homens me empurraram sem cuidado, minhas pernas mal conseguiram acompanhar o ritmo deles. O pânico me consumia, e o som do italiano nas minhas orelhas soava como um murmúrio distante, incompreensível. Eu tentei entender, mas o medo dificultou até mesmo os pensamentos mais simples.

— Per favore, non fare domande — um deles disse, sua voz firme e impessoal. Não faço perguntas? Será que isso era uma ordem? Eu só isso.

Meu coração batia forte no peito, e uma sensação gelada de que algo muito errado estava me invadiu. E então, eu ouvi, a voz que parecia como trovão.

O chão sumiu debaixo dos meus pés. Ele… Matheu Ricci. O que ele tem a ver com as histórias, das notícias, das muitas mulheres e mortes.

Não podia negar que sua beleza era intensa, e seu olhar penetrante parecia perfurar minha alma, ele me mandou ser levada para um quarto e sem saber meu destino acabei ficando apavorada.

Ouvi a porta ser aberta e temi, de repente ele entrou:

— Ti sei spaventata, Ester? — Ele disse, a voz suave, mas com uma autoridade indiscutível. Eu não sabia exatamente o que ele disse, mas pude adivinhar. Você está com medo, Ester? Era uma afirmação mais do que uma pergunta. A raiva e a impotência misturada.

O nome… Matheu Ricci… Aquilo era real. E ele estava, sim, me deixando apavorada, esse sobrenome não me é estranho.

— Não, na. na.. — Eu gaguejei, tentando falar, tentando me defender de alguma forma, mas as palavras não vinham. Ele se virou para mim com uma calma assustadora, e eu senti meu estômago apertar.

— Non temere — ele disse, a voz fria como gelo, mas o jeito como ele se mudou me fez acreditar que ele estava preocupado comigo.

— Ti sei spaventata, Ester — falou com um sorriso, percebi que ele estava se divertindo com meu medo. Eu tentei recuar, mas os homens que me cercavam me empurraram de volta, fazendo-me ir para frente, forçando-me a ir onde eles queriam.

Matheu parecia realizado em me ter ali e eu não tinha ideia do que aconteceria comigo ali, quando ele virou as costas e mandou me levar para algum lugar decente, assim foi feito, ele até brigou com o cara que me bateu, assim me largaram ali e saíram.

O silêncio daquele quarto parecia engolir tudo. As paredes me observavam, e eu não sabia o que fazer, aonde ir, ou mesmo se havia alguma maneira de sair dali. Eu estava em um lugar que não reconhecia, com uma sensação de claustrofobia.

Ele me mandou ficar presa, e, no fundo, eu sabia que aquilo não era somente um simples ato de confinamento. A sensação de que ele me mataria a qualquer momento estava se tornando insuportável. Meu corpo tremia de medo, e meu coração batia tão rápido que eu descobri que poderia desmaiar a qualquer instante.

Ele era implacável, calculista, e fazia o que queria. O pavor me envolvia, a ideia de que eu estava à mercê de um monstro me dominou, trazendo uma mistura de medo e ansiedade.

Sentei no canto do quarto, abraçando meus joelhos como se isso pudesse me proteger de tudo ao redor. Estava escuro, só uma pequena fresta de luz escapava por entre as persianas fechadas. O quarto era bonito demais para uma prisão, mas tinha algo nele, talvez o silêncio denso ou o cheiro de madeira antiga que fazia minha pele se arrepiar.

“O que ele vai fazer comigo?”

A pergunta não saía da minha mente. Ecoava. Queimava. Eu não sabia se estava ali como uma ameaça, como uma curiosidade… ou como uma presa.

“Tudo isso por causa de uma pesquisa? Era só um livro...”

Minha voz saiu fraca, abafada pelo medo. Eu falava sozinha, como se pudesse racionalizar o absurdo. Como se pudesse convencer a mim mesma de que tudo aquilo não passava de um mal-entendido. Mas eu sabia, sabia desde o momento em que ouvi aquele nome, que estava em território proibido.

Matheu Ricci.

Esse nome agora não era só parte de um enredo. Era uma presença viva, ameaçadora, e real demais para caber em qualquer ficção. Eu havia tocado num vespeiro, e agora estava no centro dele. O que eu escrevera para as páginas de um romance agora me cercava como realidade cruel.

Levantei devagar, testando as pernas que ainda tremiam. Caminhei até a porta. Fechada, claro. Tranquei a maçaneta, por impulso, como se isso pudesse mudar alguma coisa. Respirei fundo, tentando não chorar. Mas o nó na garganta era impossível de engolir.

“Será que alguém sabe que estou aqui?”

“Será que vou sair viva?”

“Ele é mesmo o homem das histórias… ou é pior?”

Andei em círculos, os passos lentos. Sentia o suor frio escorrendo pelas costas. Fiquei parada em frente ao espelho. Meu reflexo parecia outra mulher, os olhos arregalados, os lábios rachados, o medo estampado na pele.

Então ouvi passos. Pesados. Lentamente se aproximando. Me afastei, o coração disparado.

A maçaneta girou.

Travei a respiração.

A porta se abriu devagar, revelando um homem diferente dos que me sequestraram. Ele carregava uma bandeja com comida. Olhou para mim sem expressão, apenas deixou a bandeja sobre uma mesa e saiu sem dizer uma palavra.

A porta se fechou novamente. Trancada.

Eu não toquei na comida. A fome tinha sido engolida pelo medo.

E naquele silêncio opressor, só uma certeza me acompanhava:

Eu estava nas mãos de Matheu Ricci. E ele nunca fazia nada sem um propósito.

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Comments

Irene Saez Lage

Irene Saez Lage

A cabeça tá a mil pensando e não conseguindo chegar a conclusão nenhuma o que fazer agora nada né 🤣🤣😝🤪

2025-08-02

0

Eliane Pampolini

Eliane Pampolini

Ai autora ✍️ to amando ❤️❤️❤️❤️esse livro 📕 😍😍😍👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

2025-08-01

1

Ana Ribeiro

Ana Ribeiro

❤️❤️❤️❤️❤️

2025-08-02

0

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