O vento soprava leve no estacionamento do hospital. O céu estava nublado, com uma luz fria de fim de tarde.
Sentado no capô de seu carro esportivo preto fosco, Daiki Nakamura encarava o nada com o cigarro entre os dedos — mas ele não dava tragadas. Só deixava a fumaça subir, como se esperasse algo nela
Ao seu lado, um caderno antigo estava aberto. Rabiscos, desenhos soltos, frases desconexas.
Daiki estava estudando. Não era comum vê-lo assim — mas nem tudo que ele fazia os outros viam.
“Se você fosse menos boca suja, talvez te levassem a sério.”
Essas palavras da mãe ecoavam às vezes. Palavras antigas, ditas quando ele ainda se importava com o que os outros achavam.
Daiki Nakamura
*Olhou para o hospital, para o quarto onde Haruki agora dormindo*
Daiki Nakamura
Aquele garoto tem sorte… *murmurou, baixo*Todo mundo corre por ele. Ele nem lembra de nada, mas todo mundo quer protegê-lo. Queria ter tido metade disso...
Daiki Nakamura
*Fechou o caderno devagar, o olhar ainda fixo no prédio. Seus ombros, normalmente retos e confiantes, estavam levemente curvados. A postura de quem… se sentia de fora*
Ele pensou em Takeshi.
No jeito que ele o evitava.
No olhar que dava quando Daiki passava dos limites.
Na única vez em que ele riu de verdade de uma piada dele.
Foi um segundo. Mas foi o suficiente para fazer Daiki se apaixonar. E desde então, ele vinha colecionando migalhas daquele homem que fingia não se importar
Daiki Nakamura
*baixinho* E eu aqui… fazendo papel de palhaço de novo.
Daiki Nakamura
*Jogo o cigarro longe, suspirando*
Daiki Nakamura
*Subiu no carro, ajeitou o caderno no banco de trás, colocou os óculos de leitura num estojo todo riscado e ligou o motor*
Antes de sair, olhou uma última vez para o hospital. O sorrisinho provocador não estava mais lá.
Daiki Nakamura
*Quase num sussurro* Espero que ele fique bem… mesmo que não seja comigo.
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