O carro parou em frente à um prédio elegante. Chovia muito forte, mesmo não sendo época de chuva em Gramados.
- Chegamos senhora.
- Tem certeza que é aqui André?
- Sim senhora. Tem certeza que quer descer nesse temporal?
- Sim André. Eu não queria, mas tenho que descer
Ele abriu um guarda-chuva enorme e me ajudou a descer. Foi me amparando até a portaria. Dei o meu nome ao porteiro e disse que estava sendo esperada pela minha prima.
Ele estava muito interessado num jogo de futebol e nem se deu ao trabalho de conferir. Apertou o botão, abrindo a porta. Olhei para André que interpretou o pedido de me aguardar.
O meu coração estava ficando cada vez mais apertado. Fui para o elevador, e cliquei no número do andar. Estava na torcida para ser um engano. Mas era apenas um mecanismo de defesa. Não havia engano. Havia certeza.
As portas do elevador se abriram. Fui silenciosamente até o apartamento e notei que a porta estava só encostada. Empurrei devagar e ela abriu-se sem fazer barulho.
A mesa lindamente decorada, mostrava sinais que haviam outros interesses. Fui andando silenciosamente, as lágrimas turvavam a minha visão. Ouvi gemidos que me deram a direção certa para onde deveria ir. A porta também estava encostada. Roupas espalhadas pelo chão. E aí vi o que rezei para ser um pesadelo.
Mas não era. Era a mais pura verdade. Vi o meu marido em plena atividade sexual com uma mulher que urrava. Eles não me viram. Eu tirei inúmeras fotos. E como o meu celular é de última geração, não dava para ver e ouvir o barulho do flash.
Quando terminaram, acendi a luz inesperadamente.
- Mas que porr@ é- Marcos ia gritar, mas o grito ficou entalado e seus olhos arregalados- Bella?
- Marcos o que- ela olhou para mim e ficou pálida- Bella, a gente pode explicar.
- E quem lhe disse que quero explicações?
Saí correndo e ouvi Marcos vindo atrás.
- Bella, por favor. Me deixe explicar.
- Vá para o inferno! Quem sabe lá você encontre alguém que queira as suas explicações. Não venha atrás de mim. Amanhã receberá as duas roupas aqui.
- Meu amor...
Ouví-lo me chamar assim fez a minha fúria despertar. peguei um objeto que estava perto e arremessei com força, com o intuito de acertar a cabeça dele. Mas a sorte dele é que a minha visão estava embaçada pelas lágrimas. Porque sou ótima em acertar alvos.
Ele estava nu e não podia ir atrás de mim. Fui pelas escadas e na portaria, André solícito me aguardava com o guarda-chuva aberto.
No carro deixei as lágrimas caírem com força.
- Vamos para casa senhora?
- Sim André. E deixe avisado aos porteiros que Marcos não entra.
- A senhora está bem? Quero dizer, fisicamente? Ele a machucou?
- Estou bem, André. Obrigada pelo carinho. Ele não ousaria me agredir.
- E era verdade mesmo?
- Sim. Tudo verdade. Peguei os dois no flagra.
- Que triste!- Ele diz sinceramente- a senhora não merecia isso.
- Seria muito bom se ele pensasse como você André.
O resto do caminho só se ouviam os meus soluços.
Em casa, tomei um banho quente, dispensei o jantar que a minha querida Ruth preparou. Tomei uma xícara de chá. Fui para o quarto, deitei e logo o interfone toca.
- Desculpe senhora, o senhor Marcos está fazendo um escândalo ameaçando arrombar o portão. O que eu faço?
- Chame a polícia.
Peguei o celular e vi inúmeras ligações dele perdidas. E nesse momento ele toca. Desligo o celular, tomo um sedativo e me forço a dormir. Como não houve mais chamadas, deduzi que ele foi embora.
Na manhã seguinte, peço à Ruth que arrume tudo que pertence a ele e dei o endereço para ser entregue.
- Minha menina!- Ela me abraça- sei que dói muito. Eu passei por isso. Mas você vai dar a volta por cima. Não se deixe enganar pelas desculpas dele, porque não há. Você é a esposa perfeita. Ele não soube valorizar.
- Dói saber que não fui o bastante. São oito anos jogados fora Ruth. E ainda me trai com a Vera. Sempre pensei que era minha amiga. Nos conhecemos desde crianças. Estudamos juntas por um tempo. Nós nos reencontramos na faculdade. Ela ia ser uma associada na minha joalheria.
- Foi um livramento querida. Deus abriu os seus olhos para que perdesse só o traste do homem.
Mesmo triste, ri do comentário de Ruth. Ela vivia implicando com Marcos. Dizia que era arrogante e muito atrevido.
O celular toca e vejo que é ele. Desliguei o celular. Eu sabia que ele não iria me dar sossego. Mas ainda não queria falar com ele. O meu advogado me instruiu a conversar só na presença dele. Os contratos já estariam prontos.
Era fim de semana, os meus pais estavam viajando e resolvi aproveitar a piscina aquecida. Mas não tive proveito nenhum. Tudo ali me lembrava Marcos. Os nossos momentos íntimos e quentes na piscina.
Não consegui almoçar direito e sem Ruth ver, tomei dois sedativos para dormir. Acordei na madrugada de domingo e quase não chego ao vaso. Vomitei tudo o que não havia no estômago.
Passei o dia na cama, com náuseas. Ruth fez uma canja de galinha e me obrigou a comer. Mas não ficou um minuto no estômago.
A minha cabeça doía e me sentia fraca. Ruth chamou o médico. Ele me examinou, a sua assistente tirou sangue e ele disse que aparentemente era uma crise nervosa e stress. Me deu um remédio para dormir, que estranhamente me fez dormir mais rápido.
Pela manhã, acordei com um pouco de náusea. Ruth trouxe o café da manhã. E não devia ter tomado. Foi só beber o suco e corri para o banheiro.
O médico ligou e disse que deveria ir até a clínica. Fiquei preocupada e pedi à Ruth para me acompanhar.
Ao chegarmos fomos direto para a sala dele.
- O que a minha menina tem? EU mato aquele cretino se ele te deixou doente.
- Calma Ruth. Deixe o dr. Humberto falar.
- A senhora está com um pouco de anemia, e o exame de sangue constatou a minha suspeita.
- Que suspeita?
- A senhora está grávida.
Eu entrei em choque. Durante os oito anos quis muito ficar grávida. Mas Marcos era contra. E me obrigava a tomar a injeção contraceptiva.
- Grávida?- Repeti num misto de emoções- mas sempre tomo a injeção.
- Bem a injenção é muito eficiente e se tomada regularmente dificulta a gravidez, mas nenhum método contraceptivo é cem por cento eficaz.
- Só pode ser brincadeira. Eu já não tenho certeza se tomei a injeção de uns três meses pra cá. Lançamento de coleções é uma loucura.
- A senhora ficou três meses desprotegida.
- Estou de quanto tempo doutor?
- Temos que fazer um ultrassom para determinar.
- Pode ser agora?
- Claro- ele chamou a assistente e pediu que arrumasse a sala de exames- posso perguntar-lhe uma coisa?
- Claro.
- Vejo que não foi planejada a gravidez. A senhora pretende ficar com o bebê?
- Claro que sim. Não foi planejado. Veio para me confortar. Só tenho pena de ser filho do homem que hoje se tornará o meu ex-marido.
- Talvez o bebê veio para fortalecer o seu casamento.
- Isso não é possível. Não sou mulher de perdoar traição.
A assistente veio dizer que estava tudo pronto. E o médico começou o exame. Foi fazendo e me mostrando. Eu senti uma emoção indescritível.
- Você está de 8 semanas. É um período frágil. Recomendo diminuir o ritmo de trabalho. Descansar o máximo de tempo possível. Vou lhe passar as vitaminas e a dieta.
Enquanto esperávamos as receitas, Ruth viu as minhas lágrimas e me abraçou.
- Calma, querida. Deus sabe o que faz. Você não está sozinha.
- Ele vai querer fazer parte da vida do meu filho.
- Infelizmente é um direito dele. Mas vai perder a oportunidade de conviver com ele e não presenciar tantas maravilhas. Agora vai sentir o que é perder uma família.
Marcos estava no portão de casa nos esperando. Liguei para o meu segurança e isso serviu para afastá-lo.
- Não pode se esconder para sempre amor. Vamos conversar. É só o que peço.
- Você receberá a notificação do meu advogado o informando do horário que iremos nos encontrar.
Ele ficou vermelho de raiva, deu um passo e o segurança se posicionou à minha frente. Marcos não era bobo. Odiava confusões em público. Foi embora e eu respirei aliviada.
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Atualizado até capítulo 22
Comments
Marilena Yuriko Nishiyama
escroto traidor e ainda chama ela de "amor",mas é um sem vergonha isso sim 😡
2025-07-30
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Maria Rita Barbieri
Ixi nem começou já parou?
2025-08-01
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Maria Rita Barbieri
salafrário
2025-07-30
0