O segundo dia começou com um gesto simples.
Gael acordou cedo, fez panquecas e cortou morangos em formato de corações. Arrumou tudo em um prato pequeno e deixou um bilhete colorido ao lado:
Gael
> "Bom dia, Romeu. Que sua barriguinha fique feliz hoje. — gael ☀️"
O menino apareceu na cozinha de pijama, os olhos ainda sonolentos. Leu o bilhete devagar, depois olhou para gael.
Romeu
— Você desenhou um sol?
Gael
— Sim, porque hoje o seu dia vai ser cheio de luz.
Romeu sorriu. Não respondeu, mas sentou-se à mesa sem hesitar. Estevão observava tudo da porta, como se assistisse a uma peça que não era para ele.
Estevão
— ele não costuma comer de manhã — comentou, surpreso.
Gael
— Crianças não costumam confiar de primeira — gael respondeu, gentilmente. — Mas a gente aprende a esperar.
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As manhãs passaram a ter mais cor. Bilhetes no espelho. Desenhos colados na geladeira. Uma música leve saindo do rádio da cozinha. Romeu desenhava com mais vontade. E falava mais. Até cantava.
Estevão chegava do trabalho e encontrava seu filho com as bochechas coradas, os cabelos bagunçados de tanto brincar. E gael… com um avental florido, as mãos manchadas de tinta guache e um sorriso tranquilo.
Ele, no entanto, permanecia na retaguarda. Observando. Em silêncio.
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🖋️ Diário de gael – 9 de maio
> "Romeu está se abrindo como uma flor ao sol. Ele me abraçou hoje pela primeira vez. Disse que meu abraço tem cheiro de domingo. Não sei o que exatamente isso quer dizer, mas foi a coisa mais linda que ouvi nos últimos tempos."
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📓 Notas soltas de Estevão – não datadas, não mostradas a ninguém
> "Ele canta. Às vezes desafinado. E ainda assim a casa parece respirar melhor quando a voz dele enche os cômodos.
Romeu corre para abraço- lo como não fazia nem comigo.
Isso me acalma. E me assusta."
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Numa sexta-feira chuvosa, Romeu teve febre. O pequeno tremia, com os olhos marejados.
Romeu
— Papai… não vai embora — pediu ele, num sussurro.
Estevão estava pronto para sair. Mas parou.
Gael já estava ajoelhada ao lado da cama, mãos na testa do menino, expressão serena e firme.
Gael
— Vai ficar tudo bem, pequeno. Estou aqui
Estevão sentou-se do outro lado da cama, segurando a mão do filho. Pela primeira vez em muito tempo, ele e gael estavam lado a lado. Ambos cuidando de alguém. Ambos em silêncio.
Um silêncio cheio de significado.
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🖋️ Diário de gael – 12 de maio
> "Hoje, vi o Sr. Estevão diferente. Não sei dizer se foi o jeito que ele olhou para o Romeu, ou se foi a forma como nossas mãos quase se tocaram sobre os lençóis. Mas havia ternura. E medo. Acho que ele carrega os dois dentro do peito.
Comments
Mưa buồn
Não vejo a hora de ler mais, parabéns pelo trabalho!
2025-07-25
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