Dona Joaquina sempre fora uma mulher de fibra. Aos 58 anos, sua presença imponente e seu coração generoso eram pilares da pequena família que construíra ao longo dos anos. Com cabelos grisalhos cuidadosamente presos em um coque simples e olhos que transbordavam sabedoria, ela carregava nas mãos as marcas do trabalho duro e no rosto as linhas das muitas histórias vividas.
Desde jovem, Joaquina aprendera a se virar sozinha. Casou-se com Carlos aos 22 anos, um homem trabalhador, gentil e companheiro. Juntos, tiveram Marcos — seu maior orgulho — e construíram uma vida de simplicidade e amor. Ela sempre fora aquela mãe protetora, que sabia equilibrar disciplina e afeto com maestria.
Mas a vida nem sempre fora gentil com Joaquina. Há cerca de oito anos, o destino a golpeou com uma perda irreparável: a morte do marido Carlos. Ele faleceu após uma batalha silenciosa contra uma doença cardíaca que o consumiu lentamente. A notícia caiu como uma tempestade inesperada sobre a família.
Naquele dia fatídico, Joaquina estava em casa preparando o jantar quando recebeu a ligação do hospital. A voz do médico soou calma, mas firme: Carlos não resistira às complicações do infarto que sofrera horas antes.
O chão parecia sumir sob seus pés. O mundo perdeu seu brilho por um instante infinito. Aquele homem forte e amoroso que sempre estivera ao seu lado não estava mais ali para ampará-la.
Nos primeiros dias após o falecimento, Joaquina sentiu-se perdida em um mar de tristeza. A casa silenciosa ecoava memórias de momentos felizes e planos interrompidos. O vazio deixado por Carlos era palpável em cada canto.
Mas ela sabia que precisava ser forte — não apenas por si mesma, mas principalmente por Marcos, que na época ainda era um adolescente tentando entender a ausência da figura paterna.
Com uma coragem silenciosa, Dona Joaquina assumiu as rédeas da família com determinação redobrada. Transformou sua dor em força para cuidar do filho e manter viva a memória do marido querido.
Ela nunca deixou transparecer sua fragilidade diante de Marcos; ao contrário, tornou-se para ele um exemplo de resiliência e amor incondicional.
— Seu pai era um homem incrível , gostava de dizer , ele me ensinou que mesmo nas tempestades mais violentas é possível encontrar luz se tivermos fé.
Marcos absorvia cada palavra da mãe como se fossem tesouros preciosos. Aquela mulher forte era seu porto seguro nos momentos mais difíceis.
Com o passar dos anos, Joaquina continuou trabalhando arduamente para garantir o conforto da família enquanto nutria os sonhos do filho com esperança e confiança.
Ela também cultivava amizades sinceras na comunidade local, onde era conhecida por sua generosidade e espírito acolhedor.
Apesar das cicatrizes deixadas pela perda de Carlos, Dona Joaquina jamais permitiu que a tristeza definisse sua existência.
Em vez disso, transformou-se em uma fonte inesgotável de amor para aqueles ao seu redor — especialmente para Marcos.
Naquele dia em que ele chegou exausto após o trabalho para visitá-la, ela estava lá não apenas como mãe protetora, mas como aquela mulher que enfrentara tempestades maiores e seguia firme em pé.
A história deles era marcada por desafios — mas também por um laço inquebrável forjado no amor e na superação.
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Atualizado até capítulo 23
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