Quando Nossos Mundos Se Cruzam
5#Coisas Que Trouxemos de Lá
O vento soprava diferente naquela tarde. Nem frio, nem quente apenas presente, como se soubesse que algo importante estava prestes a acontecer.Cael estava sentado na beira da nuvem, balançando os pés no nada, os olhos fixos no horizonte dourado. Quando ouviu o leve som de asas cortando o ar, não precisou se virar.
Belian pousou ao lado dele sem dizer uma palavra.por alguns segundos, nenhum dos dois falou. Mas não era um silêncio desconfortável. Era aquele tipo de silêncio que só existe entre dois que já se reconheceram.
Até que Belian, ainda de pé, pigarreou, com uma expressão... quase tímida.
belian (demônio)
Trouxe uma coisa *disse, puxando um pequeno embrulho feito de tecido escuro*Não sei se vai querer ver, mas… é do meu mundo.
Cael ergueu os olhos, surpreso. Virou-se de corpo inteiro, curioso, como uma criança prestes a abrir um presente.
Belian se sentou ao lado, ainda hesitante. Com cuidado, abriu o tecido. Dentro, havia uma pedra vermelha, quase negra, que brilhava como se respirasse.
belian (demônio)
Chama-se Mareth. É uma pedra viva. Cresce só nos limites do inferno, perto dos abismos. Quando está perto de alguém… ela muda de cor.
A pedra tremeluzia, e por um instante, uma veia roxa brilhou em seu interior.Cael estendeu a mão com cuidado, os olhos brilhando.
cael (anjo)
Ela está sentindo a gente?
Cael tirou então algo do próprio bolso: uma pena dourada, cintilante, com a ponta azul-quente como o céu antes do nascer do sol.
cael (anjo)
essa caiu da asa da minha mãe *sussurrou* Ela disse que era um sinal de proteção, mas nunca deixou eu levar pra longe. Hoje eu… quis mostrar pra você.
Belian a tocou com reverência. Seus dedos, antes sempre frios, pareciam mais quentes perto daquela luz.
cael (anjo)
*sorriu. Um sorriso pequeno, mas sincero.*
cael (anjo)
E é sua. Quero que fique com ela
belian (demônio)
*arregala os olhos*
belian (demônio)
mas é da sua mãe...
cael (anjo)
é minha agora. E eu escolho confiar.
Belian ficou em silêncio. Depois, estendeu a pedra Mareth
belian (demônio)
então a minha também é sua
Ambos ficaram ali, trocando objetos como se trocassem pedaços de si. Luz e sombra. Céu e inferno. Azul e vermelho. E, entre eles, algo que não tinha nome ainda mas que crescia a cada toque.
Belian guardou a pena junto ao peito.
Cael apertou a pedra entre os dedos.
cael (anjo)
Acha que isso é errado? *perguntou, olhando o fogo dançar nos olhos do outro*
Belian demorou a responder
belian (demônio)
Não sei. Mas é real. E eu prefiro o real do que passar a eternidade fingindo que não sinto.
E pela primeira vez, Cael encostou o ombro no de Belian. Só um toque. Só o bastante.Eles não sabiam que ali, entre presentes e silêncios, uma história maior começava a se escrever.
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