Quando Nossos Mundos Se Cruzam
2# chamas roxas
As nuvens estavam silenciosas naquela manhã dourada. Cael deslizava entre elas como fazia todos os dias, os cabelos loiros balançando suavemente com o vento celestial. Aos 10.000 anos uma juventude entre os celestes ele ainda não compreendia o vazio que sentia no peito, como se algo sempre tivesse faltado.
mas naquele dia, havia algo diferente no ar.
foi ao atravessar um campo de nuvens cristalinas que ele viu. Uma figura agachada na borda do céu, espreitando o abismo que dividia os reinos. Um garoto. Pele azulada como o crepúsculo, cabelos brancos que brilhavam como gelo e olhos vermelhos tão intensos que pareciam conter todo o fogo do inferno.
cael (anjo)
quem é você? *perguntou, os olhos curiosos*
O garoto se virou. Seu olhar era estranho, carregado de uma solidão que Cael reconheceu sem nunca ter visto antes.
belian (demônio)
Belian *respondeu. A voz rouca, como se o nome doesse*
por um momento, apenas se encararam. Dois filhos de mundos opostos, duas almas que nunca deveriam ter se encontrado. Mas estavam ali.
belian (demônio)
você é... um anjo? *perguntou, estreitando os olhos*
cael (anjo)
você é um demônio?
O silêncio caiu entre os dois. E então Belian deu um passo à frente, sem medo. Cael, impulsionado por algo que não entendia, fez o mesmo. Quando suas mãos se tocaram...
Um trovão cortou os céus.Chamas vermelhas e azuis explodiram ao redor de suas mãos, girando, dançando, colidindo. O fogo do inferno e a luz do céu se uniram em uma espiral roxa viva, vibrante, proibida. Era como se a essência deles se fundisse naquele instante. Ambos recuaram, ofegantes, olhos arregalados
Mas não sentiram medo. Sentiram... verdade. Reconhecimento.
belian (demônio)
*olhou para a própria mão, que ainda parecia crepitar com a energia*
o que foi isso?
cael (anjo)
*balançou a cabeça devagar, como se tentasse acordar de um sonho*
eu não sei... mas não quero que acabe.
belian (demônio)
*Abriu e fechou a mão devagar, como se ainda sentisse o calor vibrando sob a pele azulada.*
belian (demônio)
Isso... nunca aconteceu antes *murmurou* Eu já toquei outros anjos. Já fui atacado por eles. Mas... isso... *ergueu os olhos para Cael, olhos vermelhos ainda brilhando com reflexos do roxo* você é diferente.
cael (anjo)
*engoliu em seco, o coração acelerado como nunca antes.*
Eu também já vi demônios... de longe. Eles eram... escuros. Vazios. Mas você... você não parece escuro.
cael (anjo)
*sorriu de lado, com uma ironia cansada*
Talvez eu seja só bom em fingir.
Um vento frio soprou entre eles, e Cael estremeceu.
cael (anjo)
por que você está aqui? *perguntou, dando um passo mais próximo, ainda desconfiado, mas curioso.*
belian (demônio)
*exitou em dizer*
belian (demônio)
Eu... fujo. Às vezes. Lá embaixo tudo é... pesado. Lúcifer não gosta que eu venha até aqui, mas... *olhou para o céu, para aquele infinito dourado que o cercava* …eu gosto daqui. É silencioso. Bonito.
cael (anjo)
você mora com Lúcifer?
belian (demônio)
*concordar*
belian (demônio)
ele me criou. Mas não sou filho dele. Só um fardo que ele carrega... acho. *faz uma pausa meio amarga* Não sei nem de onde vim.
Cael o observava em silêncio, sentindo uma dor estranha crescer no peito. Belian era rude, direto... mas tão perdido quanto ele mesmo se sentia às vezes.
cael (anjo)
eu também não conheço meu pai *cael disse de repente, baixinho*
belian (demônio)
*Ergue o olhar* sério?
cael (anjo)
minha mãe nunca contou. Às vezes acho que ela tem medo de dizer. Outras vezes... acho que ela quer me proteger de alguma verdade.
Os dois ficaram ali, lado a lado, sentados na borda da nuvem, com os pés balançando para o vazio entre os reinos.
belian (demônio)
Acho que somos dois erros *disse*
cael (anjo)
Ou dois começos *retrucou, sem pensar*
Belian o olhou. Por um instante, os olhos se encontraram azul e vermelho. E a nuvem sob eles tremeu suavemente.
Longe dali, nas profundezas do Inferno, Lucien Valen levantava-se do trono abruptamente, os olhos ocultos pela coroa dourada. Algo havia mudado.
lucifer (rei)
Oque foi isso?
E no Céu, Sara, a luz divina encarnada em Seraphiel, parou de tecer sua harpa celeste. O som ecoou em dissonância. Ela sentiu no ar uma vibração conhecida. A mesma que um dia sentiu ao tocar Lilith pela primeira vez.
seraphiel (rainha)
*fechou os olhos. E murmurou, com dor e receio*
não... Não agora...
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