AMELIE
A minha vida sempre foi essa sequência de altos e baixos. Esperei o Austin por muito tempo, ele não veio como eu sabia que não viria. É sempre assim, fazemos planos, mas os planos nunca dão certo.
Não deixei mais ninguém me adotar, mas quando fiz treze anos, ainda no orfanato, nós íamos para uma escola pública e lá conheci a melhor pessoa do mundo, a minha professora de música. Ela me amou desde o primeiro instante, e eu a ela, é uma mulher incrível, eu comecei a visitá-la sempre depois da aula, com a permissão da Agnes, mas antes me certifiquei que ela não tinha marido. Nos tornamos melhores amigas, e eu gostava do piano, aprendi muito com ela e já não me sentia tão sozinha.
Um dia ela perguntou porquê eu não queria ser adotada, então disse o de sempre, estava esperando o Austin. Ela me disse que queria me adotar, e eu acabei concordando, mas antes fiz a Agnes prometer que daria o meu novo endereço para o Austin.
Moramos em Connecticut até conseguir bolsa na escola de música mais conceituada do país. The Juilliard School em Nova York. Me apavorei, eu não queria de jeito nenhum sair de perto dela. Mas ela fez a minha inscrição com um vídeo de uma peça musical que eu mesma compus e toquei ao piano.
E pela segunda vez eu contei o que aconteceu quando fui adotada. O homem que me acolheu como filha abusou de mim, com apenas seis anos. Aconteceu até a mulher dele, o pegar saindo do meu quarto, eu não sei o que aconteceu entre os dois, mas no dia seguinte, ela disse que ia me devolver para o orfanato, desde que eu nunca contasse para ninguém o que aconteceu. Se eu abrisse a boca ela mandaria me buscar e deixaria ele fazer o que quisesse comigo. Então eu mantive segredo.
A Mabel, minha mãe, ficou indignada, queria abrir um processo contra ele, mas eu não queria ser exposta dessa maneira, e sei que não ia adiantar nada, era a palavra de uma órfã, adotada por uma professora pobre, contra a palavra de um magnata poderoso.
Ela não me deixou perder a bolsa na Juilliard, deixou a vida dela por mim, e nos mudamos para Nova York.
Ainda moramos juntas, terminei a escola e faculdade na Juilliard e agora faço curso de graduação e toco na orquestra filarmônica de Nova York.
Ainda estou no começo da carreira, mas a minha mãe sempre apostou em mim, diz que eu serei uma grande pianista.
Esse verão terei a oportunidade de me apresentar a uma grande multidão. Teremos um concerto de música clássica no Park. E o maestro nos disse que virá um grande pianista de fama Internacional ouvir a nossa orquestra, e quem sabe ele goste e convide alguém do nosso grupo para tocar com ele.
Estava em casa sentada ao piano e lembrei do Austin, que saudades tenho dele. Até hoje nem um namorado eu tive, já passei por psicóloga, minha mãe acha que tenho algum trauma dos homens, mas eu digo para a psicóloga e para a minha mãe, eu não tenho trauma, só não quero namorar por hora.
Não vou dizer que o que aquele monstro fez não me marcou, sim, marcou, mas eu já esqueci, ou senão esqueci, procuro não pensar, ele não merece nem sequer o meu pensamento.
Mabel _ Isso foi lindo!
Viro para ela que está chorando.
Amelie _ Porquê está chorando?
Mabel_ Não sei! Essa música me tocou fundo. Você a compôs?
Amelie _ Só estava brincando com o pensamento longe.
Mabel _ Ainda bem que comprei esse aparelho que grava tudo que é tocado no piano. Vou reproduzir para você ouvir.
Amelie _ Essa é a música que sempre ouço nos meus sonhos, mas nunca consigo me lembrar para tocar.
Mabel _ Escreva para não esquecer. Será que é original ou você já ouviu em algum lugar?
Amelie _ Eu não sei se já ouvi, mas nos meus sonhos ela sempre toca.
Eu escrevo as notas que acabei de tocar.
Mabel _ Pode tocar no concerto de verão.
Amelie _ Não posso me arriscar assim. E se já ouvi antes e não lembro? Posso ser acusada de plágio. Você já ouviu?
Mabel _ Acho que não! Mostre ao seu professor e pergunte se ele conhece.
Amelie _ Qualquer dia eu mostro, agora preciso ir, não quero me atrasar para o ensaio.
Chega o dia tão esperado do concerto no Park
Eu toquei com a alma, fomos muito aplaudidos, depois de terminar o concerto, combinei com a minha mãe de encontrá-la no lado esquerdo do palco e me dirigi para lá.
Um homem segura o meu braço e eu puxo, antes mesmo de olhar quem é.
Homem _ Amelie?
Amelie _ Eu te conheço?
Homem _ Se não me reconhecer vou ficar magoado.
Ele me dá um sorriso charmoso
Amelie _ Austin?
Austin _ Sim, sou eu!
Amelie _ Eu reconheci os seus olhos azuis.
Austin _ Eu não sabia que tocava.
Amelie _ Aprendi! Como me reconheceu?
Austin _ Fui ao orfanato e me disseram que você veio para Nova York estudar na Juilliard, como o concerto é de alunos, resolvi tentar a sorte.
Amelie _ Esperei por você por muito tempo!
Austin _ Éramos crianças, quando fui para a França viver com o meu tio
Amelie _ Não era avô?
Austin _ Sim, avô, é que ele morreu logo, e fiquei com meu tio.
Amelie _ Eu preciso encontrar a minha mãe.
Austin _ Soube que foi adotada que bom.
Eu olho para ele e penso que realmente, ele esqueceu tudo a meu respeito.
Austin _ Você vai me dar seu telefone não é mesmo?
Senti tanto a falta dele que achei que o sentimento seria instantâneo, quando nos víssemos novamente.
Austin _ Está pensando muito, não gostou de me rever?
Amelie _ Claro que sim! Você foi o meu melhor amigo e confidente. Está bem, anota o meu número.
Ele tira o celular e grava o meu número e já me liga.
Austin _ Só para ter certeza de que você não me deu o número errado.
Amelie _ E, porquê daria?
Austin _ Já se passou muito tempo.
Amelie _ Sim, acho que sim. Nem nos conhecemos mais.
Austin _ Podemos nos conhecer de novo.
Amelie _ Podemos.
Austin _ Vou te ligar e saímos para conversar.
Amelie _ Tchau, preciso ir.
Vou encontrar a minha mãe com um sentimento de estranheza.
Mabel_ Quem era o rapaz conversando com você? Só o vi de costas.
Amelie _ O Austin.
Mabel _ O Austin? O seu Austin?
Amelie _ Ele não é o meu Austin, nem parecia o meu amigo de antes.
Mabel _ Normal, ele tinha quantos anos a última vez que se viram?
Amelie _ Eu tinha oito e ele dez.
Mabel _ Você mudou e é lógico que ele mudou também. Vão se ver outra vez?
Amelie _ Sim, ele ficou de ligar.
Mabel _ A propósito, você estava incrível lá, mas não tocou a sua música.
Amelie _ Eu ainda não pesquisei, se ela existe ou é minha.
Mabel_ Eu me senti mal e um rapaz me ajudou. Ele foi buscar ajuda, mas já estou melhor.
Amelie _ Tem certeza mãe?
Mabel_ Tenho, creio que foi a emoção de ver você no palco.
Vamos embora conversando e vou me lembrando do Austin. A alegria de revê-lo aos poucos, vai me invadindo. Ele está tão lindo. Sempre foi um menino bonito, eu amava aqueles olhos e adorava a covinha do queixo, mas agora ele está de tirar o fôlego.
Não vejo a hora de revê-lo.
(Foto tirada da Internet)
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Atualizado até capítulo 27
Comments
Marcia Mota
Será que é o Austim mesmo??
2025-07-14
4
Solaní Rosa
muito linda a Amelie, será que é o Austin ou quem sabe o irmão dele
2025-07-15
2
Diane Fariass
acho que tem algum mal caráter se passando pelo Austim
2025-07-15
2