Os dias que se seguiram à palestra foram intensos para Noor, ela se recusava a permitir que um encontro com um homem , mesmo que fosse Aroob al-Hassan interferisse em sua rotina, não que ele não tivesse deixado uma má impressão, mas havia algo naquele olhar seguro e na forma com que ele falava, como se estivesse sempre no controle, que a deixava em alerta, porém esse mesmo traço era o que mais a afastava.
( essa seria Noor)
Noor: Esquece, Layan, ele não é alguém com quem eu me veja construindo uma vida.
Disse Noor, dias depois, enquanto revisava relatórios de desempenho da nova filial em Istambul.
Laylan: Por que não? Ele é bonito, inteligente, tem influência… e você mexeu com ele, acredite, eu percebi.
Insistiu a amiga, sentada com um café nas mãos e expressão marota.
Noor: É arrogante, impulsivo e pelo que sei comprometido com outra mulher, não é o tipo de homem que eu quero pra mim, por mais que tenha sido uma promessa feita pelos meus pais.
Layan suspirou, observando a amiga tão firme em suas convicções.
Laylan: Às vezes, Noor, promessas antigas carregam mais sabedoria do que imaginamos, mas tudo bem… vou respeitar seu tempo.
Noor assentiu, preferia se esconder atrás de metas e planilhas do que pensar em algo tão confuso quanto um casamento com alguém como Aroob. Voltou-se para sua agenda apertada: reuniões com nutricionistas, contratos com supermercados internacionais, duas viagens a caminho e mais três palestras agendadas em escolas públicas.
Enquanto isso, no edifício moderno da Al-Hassan Engineering Group, Aroob parecia ainda mais focado no trabalho, se antes já era obcecado por resultados, agora mergulhava com mais força nos projetos da empresa, Karim, seu primo, notou a mudança.
Karim: Desde que conheceu Noor, está mais... elétrico.
Comentou casualmente, lançando um olhar curioso.
Aroob: Não tem nada a ver com ela a propósito, minha visão de esposa continua a mesma: uma mulher como a Iman, forte, direta, capaz de lidar com meu ritmo e estilo de vida.
Disse, sem desviar os olhos do projeto na tela.
Karim: Noor também é forte, apenas tem uma força diferente, mais suave, mas igualmente poderosa.
Aroob o ignorou, por mais que admitisse internamente que havia algo em Noor que o desconcertava , aquela serenidade, aquele sorriso que não precisava de esforço , ele não se permitia imaginar uma vida com alguém tão... diferente do que sempre achou que queria e além disso, havia Iman.
Iman, com sua carreira consolidada, prestígio e presença marcante,mesmo que seu relacionamento fosse mais uma aliança do que paixão, ele achava que isso bastava, casamento era sobre estabilidade, conveniência e imagem, não sobre sentimentos. Certo?
Tudo parecia sob controle… até o inesperado acontecer.
Na tarde de uma quinta-feira abafada, Aroob foi chamado com urgência à casa dos pais, ao chegar, encontrou a irmã Amirah de olhos inchados, e o pai, sério como nunca estivera antes.
Aroob: O que houve?
Perguntou, já sentindo o estômago revirar.
A mãe dele estava sentada no sofá, os ombros frágeis sob o xale branco,sorriu ao vê-lo, mas seu olhar estava mais cansado, como se carregasse um peso imenso.
Aroob: Mãe?
Aroob se ajoelhou à sua frente.
Ela tocou seu rosto com delicadeza.
Sra Ambar: É câncer, meu filho,nos rins, já comecei o tratamento, mas os médicos disseram que será um processo difícil.
O mundo de Aroob girou.
Por mais que fosse forte, orgulhoso e racional, sua mãe era seu ponto fraco,a mulher que o ensinou a andar, a controlar sua impulsividade, que o abraçava mesmo quando ele não merecia.
Aroob: Nós vamos buscar os melhores especialistas,vamos resolver isso.
Garantiu, com a voz embargada.
Ela sorriu.
Sra Ambar: Eu sei e por isso preciso te pedir uma coisa.
Aroob franziu o cenho.
Aroob: O que quiser.
Ela segurou sua mão com firmeza surpreendente.
Sra Ambar: Prometa-me que, se eu me recuperar, você vai honrar o compromisso que fiz com os pais de Noor,quero ver você casado com ela. Ela é a única mulher que eu confio para estar ao seu lado… e para te mudar.
Aroob congelou.
Aroob: Mãe… não. Isso é chantagem emocional, eu já sou noivo, eu…
Sra Ambar: Você prometeu que faria qualquer coisa, então me prometa isso, não como um favor,como um presente…Minha cura por sua obediência.
Ele fechou os olhos, lutando contra as palavras, sua mente gritou “não”, mas sua alma, quebrada, sussurrou “sim”.
Aroob: Se você se recuperar... eu me casarei com Noor.
Disse enfim, sentindo o coração pesar como nunca antes.
Noor recebeu a notícia pela tia, a ligação veio enquanto ela estava prestes a embarcar para Dubai.
Sra Sarah: A mãe de Aroob está doente, câncer nos rins e ela fez um pedido… para que o casamento seja realizado assim que possível, caso melhore.
Noor sentiu o peito apertar, o tempo congelou por um segundo.
Noor: E o que Aroob disse?
Sra Sarah: Ele aceitou,está cumprindo com a promessa,como os pais dele fizeram conosco.
Ela se sentou lentamente, sem conseguir falar, por um instante, sentiu esperança,depois, veio o medo.
Noor: Não quero ser uma caridade emocional, nem uma imposição , se ele está fazendo isso por pena ou por obrigação, não me serve.
Sra Sarah: Não é por pena, minha querida é por amor à mãe e talvez... um caminho que Deus traçou de formas que a gente ainda não entende.
Noor: Mesmo assim, eu não vou aceitar sem pensar,se ele quer seguir com isso, que venha falar comigo como homem, que mostre que entende o que isso significa.
Enquanto Noor mergulhava novamente no trabalho, Aroob se via em um impasse silencioso, Iman ainda estava viajando, em uma conferência jurídica na Suíça,sem desconfiar de nada e ele? Ele estava à beira de uma decisão que mudaria tudo.
Karim: Vai mesmo terminar com Iman por causa de uma promessa?
Perguntou Karim, numa tarde silenciosa no escritório.
Aroob: Não é só uma promessa é minha mãe e algo nela me faz acreditar que Noor... é mais do que eu queria admitir.
Karim: Então talvez seja hora de descobrir.
Dois dias depois, Noor recebeu uma notificação de sua agenda, era Layan, claro.
Laylan: Aroob marcou uma reunião com você,aqui hoje em uma hora.
Noor: Como assim? Ele quer tratar isso como um contrato?
Laylan: Eu só cumpro ordens, mas tenho um hijab de linho grosso, se quiser esconder os sentimentos.
Noor: Engraçadinha.
Aroob chegou pontual, como sempre, vestia um terno mais simples do que o habitual, e trazia nos olhos um cansaço diferente, quando Noor entrou na sala de reuniões, havia silêncio,os dois se olharam por longos segundos.
Aroob: Obrigada por me receber.
Noor: Não gosto de jogos, senhor al-Hassan, nem de obrigações mascaradas de destino.
Ele se aproximou, sem invadir seu espaço.
Aroob: Também não gosto de jogos, Noor e não sei se isso é certo ou não,mas minha mãe está lutando e pediu uma única coisa que eu cumprisse a promessa que eles fizeram com os seus pais e eu disse que sim.
Noor: E isso é tudo? Está aqui só por isso?
Aroob a olhou nos olhos.
Aroob: Estou aqui porque, porque não vejo necessidade dessa promessa se cumprir…então você pode falar com minha mãe que está disposta a desfazer o compromisso.
Ela desviou o olhar por um segundo. Aquilo a deixou completamente sem reação.
Noor: Eu? Porque?
Aroob: Porque sou noivo.
Noor: E sua noiva?
Aroob: Ainda não sabe,mas vai saber e vai me odiar, mas não posso ignorar minha mãe e nem mágoa lá nesse estado que está.
Noor fechou os olhos, respirando fundo.
Noor: Você não pode magoar sua mãe e nem ser odiado pela sua noiva, mas eu posso ser mal vista pela sua mãe? Quero deixar algo claro, eu não sou mulher de meias decisões e se você assumiu esse compromisso diante da sua mãe então assim vai ser.
Aroob não disse nada apenas a olhou com ódio e desprezo.
E assim, dois mundos que andavam em direções opostas começaram, silenciosamente, a caminhar lado a lado.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 25
Comments