O Preço da Submissão

Capítulo 4:

O interior do Bentley era uma cápsula de silêncio opressivo e luxo absoluto. O cheiro de couro novo e madeira polida de ébano, normalmente reconfortante, aqui parecia sufocante, impregnado com a presença inescapável de Silas Thorne. Ele não a tocou, não falou durante a viagem, mas sua atenção era um peso físico sobre ela. Seus olhos cinza, refletindo as luzes da cidade que desfilavam pela janela escurecida, permaneciam fixos em seu perfil, estudando cada tremor, cada respiração ofegante que ela tentava disfarçar.

Elena encolheu-se no canto oposto do banco largo, os braços cruzados sobre o peito, tentando se fazer pequena, invisível. As palavras dele ecoavam: “Minha casa.” “Pertencer a mim.” Cada sílaba era um prego no caixão da sua liberdade. Ela olhou para a janela, para as luzes borradas de Seattle passando como fantasmas, tentando ancorar-se em algo familiar, mas tudo fora invadido, contaminado por ele. Até o medo de Nathan parecia agora um perigo menor, distante, diante da tempestade glacial que era Silas Thorne.

O carro deixou o centro movimentado e subiu por estradas sinuosas, ladeadas por densa vegetação e altos muros de pedra. A chuva fina batia no teto solar, um tamborilar constante que aumentava a sensação de isolamento. Finalmente, enormes portões de ferro negro, decorados com intrincados padrões geométricos que lembravam gaiolas, abriram-se silenciosamente. O Bentley deslizou por uma alameda asfaltada, ladeada por ciprestes imponentes e esculturas modernas e sombrias, até parar diante de uma monstruosidade de vidro, aço e pedra.

A mansão Thorne não era uma casa; era uma fortaleza moderna, uma declaração de poder e isolamento. Linhas limpas e frias, grandes painéis de vidro que refletiam a floresta escura ao redor, iluminados por dentro por uma luz fria e difusa. Não parecia um lar. Parecia um museu, ou uma prisão de alta segurança.

A porta do Bentley abriu-se. Um homem de terno impecável e expressão impassível – o motorista, ou algo mais? – segurava um guarda-chuva grande. Silas saiu primeiro, sem olhar para trás, sabendo que ela o seguiria. Era uma ordem não verbal, tão clara quanto um grito. Elena hesitou por um segundo, o instinto primitivo gritando para fugir, mas para onde? Para a floresta escura? Para os portões fechados? Com um suspiro trêmulo, ela saiu, o salto alto afundando levemente no cascalho úmido.

Silas esperou sob o pórtico imponente, iluminado por luzes embutidas que lançavam sombras dramáticas sobre seu rosto talhado. Quando ela se aproximou, ele estendeu a mão, não para ajudá-la, mas para colocar a palma firme e inescapável na região lombar das suas costas, guiando-a para dentro com uma posse que fez seu estômago revirar.

O interior era ainda mais impressionante e intimidante. Um grande hall duplo com piso de mármore negro polido como um espelho, paredes de concreto aparente e uma escadaria flutuante que parecia desafiar a gravidade. A decoração era minimalista até a aspereza: móveis de design escandinavo em linhas retas e frias, poucas peças de arte abstrata em tons de preto, branco e cinza, tudo imaculadamente limpo, ordenado, frio. O ar cheirava a dinheiro, a controle e a um vazio perturbador.

“Bem-vinda à sua nova casa, Elena,” Silas disse, sua voz ecoando suavemente no vasto espaço. Ele tirou o sobretudo, revelando um terno sob medida que destacava seus ombros largos e postura dominadora. Um mordomo discreto, tão impassível quanto o motorista, apareceu para pegar a peça.

“Isto não é minha casa,” ela respondeu, a voz mais firme do que esperava, embora ainda trêmula. Ela se afastou um passo do toque dele nas costas, enfrentando-o. “E eu não pertenço a você.”

Ele virou-se lentamente para encará-la. Um leve arqueamento de sobrancelha foi a única reação. “Discordamos,” ele respondeu, simples, como se estivesse declarando um fato inegável, como a chuva lá fora. “Quanto mais cedo você aceitar a realidade, mais fácil será para você.”

“Fácil?” Elena riu, um som curto e amargo. “Ser sua… coisa? Ser trancada aqui?”

“Protegida,” ele corrigiu, o tom suave, mas cortante. “Cuidada. Possuída.” Ele deu um passo à frente, reduzindo a distância entre eles. Ela sentiu novamente o calor e o perigo emanando dele, aquela contradição perturbadora. “E você não está trancada. Está segura. De Nathan. Do mundo. De si mesma.” Seus olhos cinza percorreram seu corpo molhado, o vestido simples colado à pele, e um brilho de posse intensificou-se neles. “Mas principalmente, segura para mim.”

“Por que?” a pergunta escapou-lhe, carregada de desespero e confusão. “Por que eu? O que você quer comigo?”

Ele não respondeu imediatamente. Seu olhar tornou-se mais introspectivo, quase distante, como se vasculhasse memórias ou planos obscuros. “Você tem uma luz, Elena,” ele disse, finalmente, a voz mais baixa, quase um sussurro que a arrepiava. “Uma luz teimosa. Sob todo aquele medo, toda aquela sujeira do passado… ela ainda brilha. Eu a vi na biblioteca. E eu a quero. É minha para guardar. Para proteger. Para possuir, completamente.” A declaração era perturbadora em sua convicção doentia. Ele não a desejava apenas fisicamente; ele cobiçava algo dentro dela, algo que ele decidira pertencer a ele.

“Você está louco,” ela sussurrou, recuando, mas suas costas encontraram a parede fria de concreto. Não havia para onde correr.

Um sorriso frio tocou os lábios dele. “Talvez. Mas a loucura tem seus métodos.” Ele fechou a distância final, encostando as mãos na parede, de cada lado da sua cabeça, encurralando-a. Seu corpo era uma barreira quente e sólida, bloqueando qualquer fuga. O cheiro dele – madeira, chuva e um traço indescritível de poder puro – envolveu-a, sufocante. “E um de seus métodos é a clareza. Então, deixe-me ser claro.”

Ele inclinou-se ligeiramente, sua respiração quente acariciando sua orelha, fazendo-a estremecer violentamente, uma mistura de nojo e de uma resposta traiçoeira, involuntária, que a envergonhou profundamente.

“Você vive aqui, comigo,” ele disse, cada palavra uma marca de fogo na sua pele. “Você obedece às minhas regras. Você não sai sem minha permissão. Você não fala com ninguém sem minha aprovação. Você se veste como eu aprovo. Você come o que eu aprovo. Você é minha, em todos os sentidos. Sua mente, seu corpo, sua… luz.” Ele puxou levemente o lóbulo da sua orelha com os dentes, um toque íntimo e dominador que a fez prender a respiração. “Em troca, você tem proteção. Luxo. E,” ele puxou a cabeça dela para trás pela nuca, forçando-a a encarar seus olhos gelados e ardentes, “meu desejo. Minha atenção completa. Minha… posse.”

Elena sentiu-se desmoronar. As regras eram uma prisão de ouro, mas ainda uma prisão. A "proteção" era a própria ameaça. E o preço… era sua alma.

“E Nathan?” ela forçou, lembrando-se do ódio nos olhos do ex-namorado. “Você o soltou como um cão para me assustar?”

O olhar de Silas endureceu. “Nathan é um verme,” ele cuspiu o nome com desprezo. “Um meio para um fim. Sim, eu o trouxe de volta. Precisava que você entendesse a alternativa ao meu… cuidado. Que o mundo lá fora, para você, é apenas dor e perigo. Que a única segurança está aqui. Comigo. Sob meu controle.” Ele passou o polegar pelo pulso dela, onde uma antiga cicatriz, lembrança de Nathan, ainda era visível. “Ele serviu ao propósito. Agora, ele será contido. Permanentemente, se necessário. Você nunca mais o verá.” A promessa foi feita com uma frieza que a fez acreditar.

“Você não pode fazer isso!” ela protestou, horrorizada com a facilidade com que ele falava de controlar vidas.

“Posso,” ele respondeu, simples, absoluto. “E farei qualquer coisa para manter o que é meu seguro. Qualquer coisa.” A intensidade naquela última palavra era aterrorizante. Era uma verdade fundamental para ele, tão clara quanto o ar que respirava.

Ele se afastou bruscamente, rompendo a proximidade opressiva. Elena quase caiu, as pernas fracas de medo e adrenalina.

“Marcus,” Silas chamou, sua voz normal, autoritária, ecoando no hall. O mordomo apareceu instantaneamente, como se tivesse sido materializado do ar. “Mostre a Srta. Elena ao seu aposento. O quarto leste. E providencie roupas adequadas. Queime o que ela está vestindo.”

“Sim, senhor Thorne,” Marcus inclinou a cabeça, sem expressão.

Queimar suas roupas. Mais um símbolo de sua identidade sendo apagada. Elena olhou para Silas, uma mistura de ódio e desespero impotente queimando em seu peito.

Ele a observou, os olhos percorrendo seu corpo mais uma vez, desta vez com a avaliação calculista de um proprietário inspecionando sua nova aquisição. “Descance, Elena,” ele ordenou. “Amanhã começaremos seu… ajuste.”

Marcus fez um gesto cortês, mas inquestionável, em direção à escadaria. “Por aqui, Srta. Elena.”

Com um último olhar para Silas, que já se virava, olhando para uma grande janela que dava para a floresta escura, como um senhor observando seus domínios, Elena seguiu o mordomo. Cada passo na escada flutuante parecia levá-la mais fundo na gaiola, mais longe de si mesma.

O “quarto leste” era uma suíte enorme, decorada no mesmo estilo minimalista e frio do resto da casa. Uma cama enorme de dossel com lençóis pretos, um sofá de couro branco, uma parede inteira de vidro com vista para a floresta impenetrável. Uma porta aberta revelava um banheiro de mármore com uma banheira enorme. Tudo era luxuoso, impecável, e completamente sem alma. Como uma cela de hotel de cinco estrelas.

“Suas roupas chegarão pela manhã,” Marcus informou, parado na porta. “Há roupões no banheiro. O jantar será servido aqui às oito. Não há trincos nas portas internas. O senhor Thorne requer acesso a todos os espaços da casa a qualquer momento.” Ele fez uma pausa. “Boa noite, Srta. Elena.”

A porta fechou-se atrás dele. Elena ficou parada no meio do quarto enorme e frio, ouvindo o silêncio absoluto, quebrado apenas pelo som distante da chuva nas vidraças. Não havia trincos. Sem privacidade. Sem escapatória.

Ela caminhou até a enorme janela, encostando a testa no vidro frio. A floresta lá fora era uma parede negra. A sua imagem refletida no vidro parecia fantasmagórica, pálida, assustada. Uma luz teimosa. O que ele via nela? E o que ele faria para apagá-la ou possuí-la completamente?

Lágrimas de raiva e desespero finalmente vieram, silenciosas e quentes. Ela havia trocado um monstro por outro, infinitamente mais poderoso e imprevisível. A gaiola dourada estava fechada. Silas Thorne era seu carcereiro, seu dono, seu perseguidor. E amanhã… amanhã começaria o verdadeiro pesadelo do seu "ajuste".

O som da porta do quarto sendo aberta sem cerimônia a fez saltar. Elena virou-se, o coração batendo na garganta. Silas estava parado no vão da porta, iluminado pelas luzes suaves do corredor. Ele havia tirado o paletó e a gravata, as mangas da camisa branca impecável enroladas até os cotovelos, revelando antebraços fortes e veias salientes. Seu olhar não era mais calculista; era puro desejo possessivo, intenso e inescapável.

“Esqueci de mencionar uma regra, Elena,” ele disse, sua voz mais grossa, mais perigosa, enquanto entrava no quarto e fechava a porta atrás de si. “Nada meu dorme sozinho na primeira noite.”

Ele cruzou o espaço entre eles em poucos passos determinados. Antes que ela pudesse reagir, gritar, fugir, ele a agarrou pela cintura, puxando-a contra seu corpo duro como aço. Uma mão entrelaçou-se em seus cabelos molhados, puxando sua cabeça para trás. Seus olhos cinza flamejavam com uma posse feroz.

“A posse,” ele sussurrou, seu hálito quente contra seus lábios, “começa agora.”

Seus lábios desceram sobre os dela com uma possessividade brutal, não um beijo, mas uma marcação, uma conquista. Era duro, dominador, inescapável. Elena tentou lutar, empurrar, virar o rosto, mas ele era imensamente mais forte. Seu corpo era uma prisão de carne e osso. Seus lábios se moviam contra os dela com uma exigência que não admitia negação, explorando, reivindicando. Um gosto de poder, de perigo e de uma atração proibida e profunda inundou-a, misturando-se ao medo e ao nojo, criando uma tempestade de emoções conflitantes que a deixou tonta.

Ele a levou em direção à cama enorme, sua boca nunca perdendo o contato com a dela, seu corpo esmagando qualquer resistência. Quando suas pernas bateram na borda do colchão, ele a empurrou para baixo, seu corpo pesado cobrindo o dela, imobilizando-a completamente. Ele quebrou o bejo por um instante, seus olhos ardentes vasculhando seu rosto aterrorizado, marcado pela sua posse.

“Sua luz é minha, Elena,” ele rosnou, sua voz rouca de desejo e autoridade absoluta. “E esta noite… eu começo a tomá-la.”

Seus lábios desceram novamente, mais vorazes, enquanto uma mão forte deslizou para baixo de seu corpo, começando a levantar a barreira final do seu vestido molhado. Elena fechou os olhos, uma única lágrima quente escapando e escorrendo pela têmpora, perdendo-se no tecido escuro do lençol. A submissão física começava. E o preço da sua "proteção" era a entrega total, corpo e alma, ao desejo possessivo e implacável de Silas Thorne.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!