~•capítulo 4•~
Layla Lins
Como está sendo o seu primeiro dia na faculdade?
>Layla riu da própria pergunta, como se fosse algo idiota que só uma criança do ensino fundamental faria — do tipo 'como está sendo o seu primeiro dia na escola nova?'. Ela realmente não era boa em puxar assunto, mas pelo menos conseguiu arrancar uma risadinha tímida de Rayane e aliviar o clima, então havia acertado em alguma coisa.<
Rayane Oliveira
Bom, não é tão emocionante quanto mudar de escola para começar o sexto ano do fundamental.
Rayane Oliveira
Aqui, as pessoas não me perguntam qual é a minha quinta cor favorita, nem se eu quero ser amiga delas. Mas até que não está sendo tão ruim.
Layla sorri, divertida com a fala de Rayane, como quem pensa: "É, ela teve o mesmo pensamento que eu, mas pelo menos entrou na brincadeira."<
Layla Lins
O pessoal aqui não é muito receptivo mesmo. Sinto falta de quando eu era criança e estava no sexto ano. Mas, enfim... infelizmente, a gente cresce e temos que lidar com adultos chatos.
Rayane ri e acena em concordância, como quem compartilha totalmente da opinião de Layla — realmente, crescer e ter que lidar com adultos chatos não é nada fácil.
Rayane Oliveira
Realmente, lidar com adultos chatos é insuportável.
Layla Lins
Eu sei que é difícil, ainda mais para você que é nova aqui, mas vai dar tudo certo... com o tempo, você se acostuma.
Layla Lins
Bom, agora eu realmente preciso ir. Tchau, garota, espero que você se acostume com esse lugar.
Layla fala e sorri, exibindo mais uma vez seus dentes amarelados, porém encantadores. Rayane retribui o sorriso, também se despedindo.
Rayane Oliveira
Tchau Layla, cuidado na rua
Layla Lins
Ah sim, claro...
Layla solta uma leve risada e, em seguida, franze o cenho, tentando se lembrar se havia dito seu nome a Rayane. E, se ela tivesse dito, Rayane também deveria ter falado o dela... Mas Layla realmente não se lembrava. Ela vai embora com essa confusão na cabeça, mas prefere não questionar, conhecendo bem o pessoal de sua faculdade, eles provavelmente já tinham se adiantado em difamá-la para Rayane. Aquele pessoal realmente não perdia tempo.<
> "Somente ao notar a confusão de Layla, Rayane se deu conta de que a garota não havia lhe dito seu nome — quem fez isso foi Mikaelly, ao mencionar o nome de Layla enquanto falava com o namorado. Rayane sabia disso porque estava prestando atenção na conversa, e foi exatamente por isso que Layla ficou confusa ao perceber que ela havia lhe chamado pelo nome.
Enquanto seguia em direção à saída, Layla olhou para o cigarro apagado entre seus dedos. E sem pensar muito, o jogou na primeira lixeira que encontrou e foi embora da universidade. Do bolso, tirou um pequeno pedaço de seda e algumas ervas, bolando ali mesmo o seu segundo baseado do dia. Foi fumando calmamente até chegar em casa. Já em frente ao seu portão, deixou cair o que restava no chão e o apagou com o pé. Em seguida, empurrou o portão e entrou.<
Ela avisou ao entrar na sala, mesmo sem esperar uma resposta, já que desde a morte de seu pai, a mãe de Layla passava noites e mais noites no trabalho, tentando evitar aquela casa que, agora, parecia tão vazia sem o homem que costumava a preencher com alegria.
Layla se deita no sofá e suspira, sentindo falta de sua família unida, principalmente de seu pai, que já não via há dois anos e meio.
Layla olha para o teto, se lembrando de quando chegava da escola, ou até mesmo da faculdade, e sempre anunciava sua presença da mesma forma: 'Mãe, pai, cheguei.' Então, ambos respondiam com um 'boa noite' alegre e a chamavam para se juntar a eles no jantar.
Sempre que ela entrava em casa, o cheiro da comida recém feita invadia suas narinas, e o calor do vapor das panelas, juntas das palavras de carinho dos seus pais, a enrolava como um abraço quentinho.
Agora, quando chega, a única coisa que sente é o aroma forte da essência de lavanda da sala e o ar gelado da solidão, que quase a expulsa de sua casa.
Comments