~•capítulo 3•~
Thiago Dutra
Pelo visto, seus pensamentos sobre a viciada mudaram drasticamente, hein?
Mikaelly Souza
Graças a você, meu bem, finalmente percebi que eu não me encaixava nesse mundo nojento dela. Só de lembrar, já fico enojada.
Thiago Dutra
É claro que é graças a mim. Sem mim, você não é nada, Mikaelly. Sem mim, você estaria pior do que aquela garota.
Thiago Dutra
Eu sempre lhe avisei que não gostava dela, e você sempre insistiu em mantê-la por perto. Bom que acordou, né, Mikaelly? Bom que acordou.
Mikaelly Souza
Sim, meu bem. Bom que eu acordei. Ela realmente não me fazia bem. Estou bem melhor com você.
> Enquanto isso, Rayane escutava atentamente tudo o que os dois falavam de seu lugar, tentando encaixar as peças. Como assim ela estava bem melhor com ele? Ela e Layla eram ex-namoradas? Espere... Layla era lésbica? Mikaelly era bissexual? Qual era o nome do garoto loiro? Eram tantas perguntas que se passavam pela cabeça de Rayane. E então, ela finalmente entendeu que havia muitas histórias mal contadas naquela Universidade.
Interior do Rio de Janeiro
O horário de aula de Layla ia até às 21h. Na verdade, o de todos ia até esse horário, mas Layla, como sempre, saía mais cedo. Às 19h em ponto, ela já estava indo embora, com a mesma calma de sempre. Como quem não tem pressa alguma de chegar a algum lugar.<
De um lado, um cigarro descansava entre os dedos de uma das mãos, enquanto a outra permanecia escondida no bolso da calça jeans, como se estivesse à procura de algo ou apenas tentando se esconder do mundo, como se sentisse mais confortável daquele modo. Havia algo de desajeitado nela, algo que qualquer pessoa que a olhasse por no mínimo dez segundos repararia — mas não no sentido comum. Era um desajeito que chamava atenção, que prendia o olhar, como se sua falta de jeito fosse parte de um charme involuntário, um charme que ela nem fazia ideia que possuía.<
Layla caminhava pelos corredores quase vazios da universidade com uma pequena mochila nas costas, os passos lentos ecoando de levemente pelo chão de pisos amarelados, que na verdade, eram para estar brancos, se a limpeza fosse mais regular. Ao virar no corredor próximo à saída, Layla avistou Rayane encostada na parede, enchendo sua garrafa. A leve fumaça do cigarro se misturando com o leve sereno da noite, enquanto seus olhos pousavam sobre Rayane um pouco desajeitados.<
Layla não sabia muito bem como se comunicar com as pessoas, já que, sempre que tentava, acabava sendo ignorada. Por isso, considerou fingir que não tinha visto Rayane e apenas seguir seu caminho. No entanto, essa estratégia só funcionaria se tivesse sido colocada em prática alguns segundos antes — agora, Rayane já havia notado sua presença, e seria constrangedor não cumprimentá-la. O problema era que, por conta de sua ansiedade social, Layla não sabia nem ao menos como iniciar uma conversa.<
> Rayane a cumprimenta, um pouco hesitante, como quem se pergunta o que está fazendo — afinal, as duas nem sequer eram amigas; Layla apenas havia a ajudado a encontrar sua sala. Pelo menos, Layla não era a única que não sabia lidar com pessoas.
Layla Lins
Oi, boa noite...
As duas ficam se olhando enquanto o clima se torna cada vez mais desconfortável, já que nenhuma sabia o que dizer para prosseguir a conversa. Rayane cogita fechar sua garrafa, se despedir de Layla e voltar para a sala, enquanto Layla pensa em se despedir de Rayane e seguir seu caminho para ir embora.
Layla solta uma leve risada e coça a nuca, como quem tenta aliviar o clima de velório e encontrar algo para dizer. Ela olha para Rayane e ensaia seu melhor sorriso de apoio.<
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