“Flores no Caos”
Os anos passaram...
E Maysa crescia.
Longe dos castelos, dos tronos, das guerras.
Longe do pai que rugia por ela nas noites silenciosas.
Longe do mundo que a julgaria antes mesmo de entender seu primeiro choro.
Ela foi criada por uma humana — Elena, simples, firme, de olhos cansados, mas cheios de doçura.
Elena não era tola.
Desde o primeiro dia, soube que aquela criança não era comum.
Os olhos dela...
Aquele azul-prata cortado por raios vermelhos…
A pele fria demais.
As unhas afiadas antes do tempo.
Mas Elena também viu o sorriso.
O riso puro.
E sentiu o amor nascer rápido e fundo.
Ela escolheu amar.
E escolheu esconder.
Quando a guerra explodiu entre vampiros e Lycans, quando os céus ardiam em fogo e o mundo desabava, Elena fez o que toda mãe de verdade faria:
Fugiu.
Se isolou nas montanhas.
Entre árvores antigas e rios esquecidos.
Ali, ela criou Maysa com silêncio, livros e histórias.
Fez dela forte, mas livre.
Enquanto isso, Kael, o Rei de Sangue, não descansava.
Anos de guerra não apagaram o vazio.
Ele ainda sentia o cheiro da filha nos sonhos.
Ainda ouvia o choro dela nos pesadelos.
E então, ele agiu.
— Tragam minha filha. Nem que o mundo tenha que ser virado de cabeça pra baixo.
Disse ao seu conselho, olhos duros, voz gelada.
Sua melhor equipe saiu.
vampiros da elite, caçadores, sombras imortais, espiões que conheciam o mundo melhor que o próprio tempo.
Voltaram semanas depois.
Com uma única informação:
— A vampira que a escondeu a deixou aos pés de uma árvore caiada. Depois disso... desapareceu. Ninguém a viu mais.
Kael quase destruiu o salão naquele dia.
Mas Depois voltou a razão manteve o controle.
Por ela.
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Enquanto isso, do outro lado, o Rei Lycan também descobria a verdade.
Quando os rastros da noite do massacre foram finalmente reconstituídos...
Quando os relatos chegaram mostrando a desgraça feita por Thorgan e seus cúmplices…
O rei não gritou.
Ele agiu.
Um a um, ele caçou os envolvidos.
O Alfa traidor.
Os cúmplices silenciosos.
Os que torturaram Ravena.
Os que humilharam Kael e causaram a quebra do tratado.
Foram executados pelo próprio rei.
Sem glória.
Sem enterro.
— Isso não trará paz.
Mas trará justiça.
Ele disse.
Mas no fundo...
todos sabiam:
Era tarde demais.
A guerra já queimava o mundo.
E a herdeira perdida crescia, protegida apenas por uma mulher humana…
Ignorando que o destino do mundo inteiro estava entrelaçado ao seu sangue.
“A Herdeira em Silêncio”
O tempo passou como uma brisa pesada.
E Maysa se tornou mulher.
Elena, sábia, cuidadosa, com seu conhecimento em medicina e ervas, a preparou não apenas para sobreviver —
mas para esconder.
Sabia o que a filha carregava nas veias:
a fúria da Lua, o veneno da Noite.
Conseguiu lentes especiais para esconder aqueles olhos prateados cruzados de vermelho, tão belos quanto fatais.
E treinou Maysa para camuflar seus instintos.
Mas era impossível esconder tudo.
Com o passar dos anos, as verdades começaram a transbordar do corpo dela.
Ela não envelhecia.
Enquanto Elena exibia as primeiras marcas do tempo, Maysa mantinha a pele de porcelana e os olhos vivos como fogo novo.
Ela era rápida.
Mais do que qualquer humano.
Corria como o vento entre as árvores.
Se tornava um borrão quando estava assustada, ou com raiva.
E então vieram as mudanças.
As garras.
As orelhas que se alongavam como de loba.
O pelo escuro que nascia nos braços.
As presas... não como as dos Lycans.
Mais finas, elegantes, silenciosas... vampíricas.
A audição dela era absurda.
Podia escutar a conversa de um caçador do outro lado do vale.
Podia ouvir corações batendo, a quilômetros.
Uma noite, com os olhos marejados, Maysa perguntou:
— Mãe... o que eu sou?
Elena segurou seu rosto com as mãos trêmulas.
— Você é minha filha. É tudo o que importa.
Mas Maysa sabia.
Era mais.
Algo que o mundo não permitiria que existisse.
Então Elena contou tudo o que sabia.
Sobre a guerra.
Sobre os vampiros e os Lycans.
Sobre como ela foi encontrada.
sobre a pulseira com um bordado escrito o nome Maysa.
Como havia gente demais querendo sangue, e poder demais escondido em uma criança como ela.
— Por isso vivemos aqui, isoladas.
Porque se eles te encontrarem… vão te caçar.
Ou te usar.
Ou pior… vão te destruir.
Maysa entendeu.
E prometeu:
— Ninguém saberá. Eu juro.
Mas o mundo… o mundo já estava mexendo as peças.
E mesmo escondida, ela começava a ser sentida.
Por olhos que esperaram anos.
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Atualizado até capítulo 62
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