“O Rugido que Rasgou a Noite”
A clareira virou um altar de horror.
Kael, imobilizado por correntes, urrava como uma besta ferida, os olhos presos na mulher que amava.
Ravena, de joelhos, ensanguentada, a cabeça pendendo para o lado, respirava com dificuldade, Depôs ser torturada.
Thorgan se aproximou dela devagar.
Com nojo.
Com desprezo.
— Você escolheu se deitar com a sujeira. Agora vai morrer como ela. — disse, a voz fria como lâmina.
— NÃO! FAZ COMIGO! ELA NÃO TEM CULPA! — Kael gritou, os olhos vibrando em vermelho e prata, o peito quase explodindo de desespero.
Mas Ravena virou o rosto, mesmo coberta de dor, e olhou pra ele.
— Kael… — a voz dela saiu fraca, mas cheia de verdade —
Eu te amei…
Eu amei nossa filha…
Lute por ela… nunca se arrependa do que vivemos…
E então... Thorgan se moveu.
Primeiro foi o braço esquerdo.
Um estalo.
Um rasgo.
O sangue jorrou como chuva negra.
Depois o outro.
Ravena gritou.
Mas não implorou.
Kael gritou por ela.
Implorou.
Uivou como uma criatura em pedaços.
— PÁRA! PÁRA, PELO AMOR DA NOITE!
— ELA NÃO TEM CULPA! FAZ COMIGO! COMIGO!!!
Mas Thorgan sorriu.
Cruel.
Sádico.
E com um último movimento…
Arrancou a cabeça dela.
Tudo parou.
O mundo... silenciou.
O corpo de Ravena caiu como boneca quebrada.
E o Alfa pegou a cabeça fria da loba e atirou aos pés de Kael.
Kael caiu de joelhos.
A dor travou sua garganta.
Ele esticou os dedos… como se ainda pudesse alcançar.
Mas então…
CRAC.
Thorgan pisou.
Estourou o crânio dela diante dos olhos do príncipe.
Como se fosse um lixo.
E naquele instante...
Kael rugiu.
Não foi um grito.
Não foi um som de dor qualquer.
Foi um chamado de sangue.
Um rugido tão ancestral, tão profundo, que atravessou florestas.
E os que ouviram... tremeram.
Do outro lado, vampiros próximos sentiram.
O cheiro de sangue.
O desespero de um príncipe.
E vieram.
Rápidos.
Mortalmente silenciosos.
O inferno vinha com eles.
E naquele chão encharcado de dor…
Nascia um novo Kael.
Algo que nem os vampiros... nem os Lycans… estavam prontos pra enfrentar.
“A Noite em que Tudo Morreu”
Thorgan, com o sangue de Ravena ainda nos dedos, virou os olhos animalescos para a criança.
Maysa.
Pequena, frágil… olhos de lua e trovão.
Tremia, ensopada em lágrimas.
Mas nem entendia o que perdia.
— Aberração maldita… — rosnou o alfa.
E ergueu a garra.
Kael tentou se mover. Gritou. Rasgou a garganta em desespero.
— NÃÃÃÃO!!
Mas antes que a lâmina viva descesse sobre a cabeça da criança…
Eles chegaram.
Vampiros.
Dez. Vinte.
Talvez mais.
Olhos vermelhos.
Presas à mostra.
Velocidade de sombras.
E o mundo virou uma carnificina.
As garras dos Lycans cruzaram o ar.
Os vampiros responderam com presas e magia antiga.
Cada um deles com a fúria de mil tempestades — porque viram seu príncipe de joelhos.
Derrotado.
Partido.
O sangue voava como chuva negra.
O chão virou barro de carne.
No meio do caos… Maysa desapareceu.
Ninguém viu quem a levou.
Não era Lycan.
Não era vampiro.
Só sumiu.
Como se o próprio destino a tivesse arrancado dali no último segundo.
E Kael…
Kael foi tirado à força pelos seus.
Coberto de sangue.
Olhos sem vida.
Não chorava mais.
Não gritava.
Ele só encarava o vazio onde Ravena esteve.
Onde Maysa sorriu pela última vez.
Naquela noite…
Kael perdeu tudo.
Sua fêmea.
Sua filha.
Sua alma.
E no lugar do príncipe sonhador,
nasceu uma criatura silenciosa, fria, imortal.
Um vampiro sem piedade.
Com o coração encharcado em luto.
E um único desejo gravado nas entranhas:
Vingança.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 62
Comments