A noite havia caído pesada sobre a mansão D’Avila.
Luna estava deitada na cama, mas não dormia.
Seus olhos estavam fixos no teto.
O quarto era escuro. Silencioso. Sufocante.
Ela não via Miguel há dois dias.
Dois dias que pareciam uma eternidade.
Tentava não pensar no pior.
Mas a mente insistia em repetir a imagem dele indo embora…
sozinho.
Sem dizer adeus.
Luna se sentou na cama.
O coração apertado.
O silêncio era tão denso que podia ouvi-lo gritar dentro de si.
Foi quando escutou.
Uma. Duas. Três batidas na janela.
Ela prendeu a respiração.
Virou o rosto devagar.
A cortina balançava suavemente com o vento.
E atrás dela…
Uma sombra.
Luna se levantou em um pulo, o coração acelerado.
Correu até a janela.
Puxou a cortina de lado…
— Miguel? — sussurrou ela, a voz trêmula.
Lá estava ele.
Do lado de fora, escondido pela escuridão.
Com o capuz do casaco cobrindo o rosto e os olhos brilhando no escuro.
— Você está maluca?! — disse ela, abrindo a janela com pressa. — Se meu pai te ver aqui...
— Eu precisava te ver — respondeu ele, ofegante. — Só por um minuto.
— Um minuto pode nos custar tudo.
— Já perdemos tudo quando nos separaram.
As palavras dele atravessaram Luna como um raio.
Ela olhou nos olhos dele.
E soube.
Ainda era amor.
Ainda era real.
— O que você vai fazer agora? — ela perguntou, com a mão segurando firme o peitoril da janela.
— Vou embora da cidade. Já está tudo certo.
O chão pareceu sumir sob os pés de Luna.
— Ir embora…?
— Eu não posso ficar. Não depois do que aconteceu. Seu pai me ameaçou.
— Ele sempre ameaça.
— Mas desta vez ele foi claro. Disse que se eu te procurasse de novo, eu sumiria.
Luna sentiu um nó na garganta.
— Então por que está aqui?
— Porque eu precisava te ver uma última vez. Precisava ter certeza…
— Certeza do quê?
Miguel hesitou por um segundo.
Então tirou do bolso algo pequeno, embrulhado em papel.
— Que você ainda me ama.
Ela pegou o embrulho com as mãos trêmulas.
Era o colar que ela havia deixado cair no galpão no dia do último beijo.
O pingente em forma de lua.
Miguel o guardou.
— Eu nunca deixei de te amar — sussurrou ela, com os olhos marejados. — Mas eu não aguento mais te perder.
Miguel a olhou com intensidade.
— Então venha comigo.
— O quê?
— Fuja comigo, Luna.
As palavras pairaram no ar, como uma faísca antes do incêndio.
Luna sentiu o mundo parar.
Seu coração gritava sim.
Mas sua mente dizia não.
Fugir significava abrir mão de tudo.
Da vida que conhecia.
Da segurança.
Do nome que carregava.
Mas ficar…
Significava abrir mão dele.
— Amanhã, à meia-noite. Atrás da estufa velha — disse ele, firme. — Eu estarei esperando. Mas não posso esperar para sempre.
Ela assentiu com um leve movimento de cabeça.
Mas seu corpo inteiro tremia.
— Promete que vai?
Luna respirou fundo.
— Eu não posso prometer…
Ele sorriu, triste.
— Então prometa que vai tentar.
Miguel desapareceu na noite como um fantasma.
E Luna fechou a janela com o coração em pedaços.
Ficou ali, encostada no vidro, com os olhos fixos no céu estrelado.
Fugir com Miguel.
Ou obedecer o pai.
Liberdade… ou prisão dourada?
A escolha estava feita.
Ela só precisava de coragem para cumpri-la.
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Atualizado até capítulo 46
Comments
Marta Monteiro
/Right Bah!/complicado /Smug/
2025-06-30
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