CAPITULO 4
DE MADRUGADA
NO QUARTO DE LILY
O som abafado de uma conversa distante invadia sua mente…
O cenário era familiar, o escritório de madeira escura de seu pai, a poltrona alta, o cheiro de pergaminho antigo e tinta fresca.
Eros P.
Você tem que fazer da certo!tá me entendendo? — a voz de Eros Poet soou firme, quase impessoal.
Lily
sim papai— respondeu baixinho, com os lábios tremendo de frustração.
A memória se distorceu... as paredes pareceram encolher... e ela se viu sozinha naquela sala fria.
Lily abriu os olhos de repente, com o coração apertado. O quarto estava banhado por uma luz suave de manhã. O aroma de flores que sempre vinha da varanda misturava-se com a brisa fria. Ela respirou fundo, tentando afastar a sensação no peito.
Lily P.
Faz tanto tempo... mas ainda dói... — murmurou, olhando para o teto de madeira clara.
Levantou-se devagar. Vestiu um de seus vestidos leves de passeio, um tom creme com detalhes florais. Os cabelos, como sempre, rebeldes e ondulados, foram soltos mesmo assim.
Saiu de casa, fechando a porta com cuidado.
Lily P.
Apolo já deve ter ido estudar— Diz movendo a chave da sua porta.
As ruas de paralelepípedo estavam começando a se encher de vida. O cheiro de pão fresco vinha da padaria da esquina.
Padeiro Flin
Bom dia, Lily! — gritou o padeiro, com as mãos ainda cheias de farinha. — Tem pão de mel hoje... como você gosta!
Ela sorriu com o rosto iluminado, caminhando até ele.
Flin é homem muito fofo desde que ele se mudou para cá tem sido difícil,ele é um Goblin,alguns dos moradores têm receio de comer sua comida por conta da sua espécie.
Tolos,julgam pela aparência!
Lily P.
Então vou querer dois... um pra mim e um pra alguém que precise.
Max
Saiu uma fornada de biscoitos
Lily P.
Sabe que eu não resisto....jogo sujo!— (Rir pondo a mão na cintura)— Me vê 7 biscoitos para viagem Max.
Padeiro Flin
(Bate na cabeça dele)
Padeiro Flin
Deixa de importunar a nossa melhor cliente!
Max
(A olha)— Posso fazer nada se ela é irresistível.
Lily P.
Seu flerte tá melhorando!
Padeiro Flin
Aqui querida os biscoitos— A entrega.
Lily P.
obrigada Flin— Sorrir meiga.
Seguiu andando, passando perto de algumas senhoras que cochichavam enquanto costuravam numa varanda:
alguém
Ela é diferente, sabe... uma moça de coração tão grande... Não é como os outros da alta sociedade.
desconhecido
Sempre tem um sorriso... Mesmo com os olhos tristes às vezes...
Enquanto seguia pela rua, mordiscando um dos pãezinhos que havia comprado, Lily virou a esquina com o olhar distraído... e, mais uma vez, esbarrou em alguém.
Dessa vez, um impacto firme, mas não doloroso.
Lily P.
Ah! Me desculpe! — exclamou ela, olhando para cima e dando de cara com um homem alto, de cabelos escuros e olhos de um tom indecifrável. Um olhar sereno, mas intenso.
D.Devon
Acho que isso já está virando um hábito nosso, senhorita... — disse ele com um meio sorriso, os olhos a observando com interesse.
Devon a reconheceu de imediato. A garota da da viela do dia anterior.Mas manteve a expressão educada.
Lily P.
(franziu o cenho, inclinando a cabeça para o lado.)
Lily P.
(Confusa, até lembrar do dia anterior, quando ao sair de uma loja, tinha esbarrado nele.)
Lily P.
Ah... ontem! Verdade! Perdão... de novo... — colocou a mão nos cabelos de forma nervosa, como sempre fazia.
D.Devon
(sorrir)— Imagino que posso começar a cobrar um pagamento... mas, por hoje, aceito outro tipo de compensação.
Lily P.
Compensação? — ela perguntou com o olhar curioso.
D.Devon
Gostaria de comparecer ao baile? Como minha convidada. — disse, de forma simples, mas direta.
Os olhos dela se arregalaram.
D.Devon
— Por que não? A senhorita já mostrou que sabe causar uma boa impressão...
Lily P.
Eu não tenho um vestido próprio pra isso... e nem... conheço muita gente desse tipo de evento...
D.Devon
Deixe isso comigo. Apenas apareça. Vai se divertir.
Lily P.
Não vou te convencer com um não,não é?
Lily P.
Tudo bem!não vai me matar, aceitar.
Lily P.
Bom... se for para compensar os esbarrões... — ela disse, brincando, mordendo o lábio inferior, num sorriso leve.
Lily P.
Não se preucupe com vestido,eu dou jeito.
Lily P.
Eu também— (rir insistindo o olhando)
Devon a encarou por um instante, como se estivesse analisando cada detalhe dela. Depois apenas assentiu, como quem fechava um acordo secreto.
D.Devon
Estarei esperando então... até logo... Lily.
Ele já se afastava, mas virou-se de lado, com aquele sorriso de canto
D.Devon
Sabe de uma padaria,Boa?
Lily P.
Sei!os doces do senhor Flin para mim são os melhores!(Sorrir)
Lily P.
(Disse animada)— Eu costumo comprar os meus pães e biscoitos na Três Fornalhas. É uma pequena padaria ali na esquina da Rua dos Cedros, perto da fonte central.
D.Devon
Três Fornalhas? — Devon arqueou uma sobrancelha, curioso.
D.Devon
Nome interessante.
Lily P.
quando chegar lá vai saber o porque, hahaha..
Devon inclinou levemente a cabeça, em um agradecimento cortês.
D.Devon
obrigada pela indicação
Minutos depois…
Devon entrou na Três Fornalhas. Assim que o sino da porta tocou, o cheiro de pão fresco, manteiga e especiarias envolveu o ambiente.
Os goblins estavam a todo vapor. Um deles, com o avental cheio de farinha e as orelhas pontudas tremendo, veio atendê-lo.
Padeiro Flin
Bom dia, senhor! O que vai ser?
Devon olhou ao redor, um pouco impressionado com a agilidade deles na produção e o ambiente acolhedor.
D.Devon
Além de querer os pães e os biscoitos que me indicaram… — ele pausou, pensativo. — Vocês fazem buffet para eventos?
Max
Biscoitos?....Conhece a Lily?
D.Devon
(silêncio analisando quem pergunta da garota que ele estava fascinado)
Padeiro Flin
(Analisa quem é)....— Duque Devon....(Reverência).
—Perdão pelo nosso desrespeito,não o reconheci.
Padeiro Flin
(sussurra para seu filho).... — Cala a boca e vai pegar os pães e os biscoitos.
Padeiro Flin
Bom....Sr.Devon,somos novos ainda e temos poucos funcionários.
Mas aceito o seu pedido
Oque vai ser? — (pega um caderno de couro com um pouco de farinha)
Padeiro Flin
Qual o tamanho da festa?
Devon ajeitou a gola da camisa com um sorriso discreto.
D.Devon
Um baile… daqui a dois dias. Gostaria de algo… especial.
O goblin arregalou os olhos.
Padeiro Flin
Um baile? Isso é… grande coisa. Onde vai ser?
D.Devon
infelizmente no Palácio
D.Devon
No Solar de Mirtheren. — Devon respondeu com naturalidade.
Um dos goblins quase deixou o saco de farinha cair.
Devon passou os olhos pelo interior da padaria, observando com atenção a qualidade das fornadas recém-saídas do forno. O aroma de pão quente, açúcar caramelizado e especiarias suaves preenchia o ar, deixando claro o talento dos goblins.
O goblin mais velho, que parecia ser o responsável, limpou as mãos no avental e foi até o balcão, ansioso.
Padeiro Flin
O que exatamente deseja para o seu evento?
Devon apoiou os cotovelos de leve na bancada de madeira, com aquele olhar frio e calculado, mas com um tom de voz cordial.
D.Devon
Quero variedade e elegância. — Ele começou, cruzando os braços.
D.Devon
O Salão será frequentado por nobres, figuras políticas, chefes militares e convidados de províncias vizinhas. Quero que o buffet esteja à altura.
D.Devon
Quero uma mesa central de doces com foco em frutas da estação… mas com um toque exótico. — Devon apontou. — Tortas de frutas vermelhas com calda de especiarias… tortinhas de maçã com creme de baunilha e um toque de mel. Doces folhados, croissants recheados com geleias cítricas, e uma seleção de bolos pequenos com decoração refinada… pétalas de flores comestíveis, se possível.
D.Devon
Também quero uma seção de pães especiais para acompanhar as bebidas mais pesadas. Pães com ervas, azeite, e alguns com queijos locais.
D.Devon
fazem pães de Nozes?
Max
pouco...— (chega limpando a bancada mais proxima)
Max
A nossa melhor cliente é alérgica e evitamos
Max
A Moça que eu perguntei se conhecia?— (encara)
D.Devon
Um..(o encara de volta)
Padeiro Flin
Se o senhor quiser fazemos...
D.Devon
Nao precisa ela será minha convidada,e bom não ter.
D.Devon
Troquem por....— (pensa)
Devon fez uma breve pausa
D.Devon
Ah… gostaria que preparassem uma bandeja de biscoitos amanteigados. — O olhar dele ficou distante por um segundo, lembrando da garota que indicou aquela padaria.
D.Devon
Caprichem nos formatos. Algo que chame atenção visualmente.
Padeiro Flin
Claro, senhor… — O goblin anotava tudo com precisão. — Alguma preferência para bebidas?
D.Devon
Isso ficará por conta da adega… mas vocês podem preparar algumas infusões de chá gelado com frutas, e quem sabe um licor suave para acompanhar os doces. Quero variedade… mas sem exageros vulgares. Algo que impressione pelo bom gosto, não pela quantidade.
O goblin velho sorriu largo, os olhos brilhando.
Padeiro Flin
Senhor, está falando com os melhores padeiros dessa cidade. Faremos com que seu baile seja lembrado tanto pelo paladar quanto pela estética.
Devon assentiu satisfeito, pegando a sacola com os pães.
D.Devon
Confio nisso. Vocês têm dois dias. Não me decepcionem.
E com um último olhar, tão enigmático quanto elegante, Devon saiu da padaria deixando os goblins em um frenesi de organização, já começando a debater
A manhã estava agradável, o céu limpo e o cheiro de pão recém-assado ainda pairava nas ruas da vila quando Lily chegou ao pequeno prédio de pedra e madeira que abrigava a escola dos aldeões. As crianças e adolescentes já estavam sentados em seus bancos rústicos, murmurando entre si e esperando a jovem professora que tantos admiravam — por sua gentileza, mas também pelo jeito encantado de ensinar.
Lily entrou com um sorriso gentil, colocando sua bolsa de couro sobre a mesa da frente.
Lily P.
Bom dia, turma! — disse com aquele tom sereno, mas animado.
Lily P.
Hoje vamos falar sobre algo especial… poções de aceleração para crescimento de plantas.
Um burburinho curioso percorreu a sala.
Lily P.
Sabem o que isso significa? — perguntou ela, pegando um pequeno vaso com uma semente plantada.
Ela pegou um pequeno frasco de líquido esverdeado cintilante de dentro da bolsa e despejou algumas gotas sobre a terra. Em segundos, brotos surgiram, se estendendo e florescendo diante dos olhos arregalados dos alunos. Uma flor abriu suas pétalas como se estivesse despertando.
.
Uaaaaau… — suspirou um dos meninos.
Lily P.
Misturando as ervas certas, com uma pitada de energia mágica e muita atenção, podemos fazer isso acontecer — explicou Lily. — Mas cuidado. Nem toda planta reage da mesma forma. Algumas são temperamentais… como certas pessoas que conhecemos — completou brincando, arrancando risadas.
Ela andava entre as mesas, observando os alunos tentando reproduzir a experiência com suas próprias misturas. Alguns erravam, fazendo a terra chiar, outros conseguiam um pequeno broto. Lily sorria e orientava com paciência:
Lily P.
Tente reduzir a quantidade de cinza … isso vai suavizar a reação…
philip
Yuri...Misture em sentido anti-horário.
O garotinho então misturou e despejou no jarro com a semente dentro.
E o broto crescia revelando uma flor linda.
yuri
Uauu!!— (olhinhos brilhando)
philip
Parabéns yuri!— (sorrir)
Nara
Porque a minha não cresceu??— (desapontada)
Stolas
Deve ter matado a semente antes dela florescer— (rir da cara da garotas)
Nara
Tá rindo do que!!...A sua cresceu e caiu todas as pétalas...— (vira a cara brava)
Lily P.
Está tudo bem— (os olha sorrindo)
Lily P.
Errar também faz parte de aprender.
Ela passou a mão por cima do vaso onde nao prosperou.
Foi então que Lily parou no centro da sala, sorrindo de forma suave, mas com aquele brilho nos olhos verdes.
Lily P.
Nem sempre uma flor está pronta para florescer
Lily P.
Ela passou os olhos pela sala, como se falasse com cada um deles individualmente. — Às vezes… não importa o quanto a gente cuide, misture ou insista… ela só vai florescer… no tempo certo.
Os alunos ficaram em silêncio, atentos
Lily P.
Mas sabem o mais bonito? — continuou Lily, erguendo uma das mãos delicadas sobre o jarro que tinha usado na demonstração. Pequenos pontos de luz verde-dourado começaram a sair dos seus dedos. As crianças se inclinaram para frente, maravilhadas.
E como num passe de mágica, a flor solitária se multiplicou… virando várias, vermelhas, como se o jarro tivesse se transformado em um pequeno jardim.
Lily P.
Às vezes… — ela completou, com um sorriso terno — ...quando o tempo certo chega… uma flor pode florescer… cheia de vida. Mais do que a gente imaginava.
Os alunos aplaudiram, encantados. Alguns com olhos brilhando, outros com novas esperanças de que, na próxima aula, também conseguiriam fazer suas sementes despertarem.
Lily olhou pela janela, com o coração um pouco mais leve… aquele ensinamento era para eles… mas, no fundo, também era pra ela mesma.
Então, o sino de ferro no alto da escola ressoou — o sinal para o intervalo de almoço.
Lily P.
Muito bem! — anunciou Lily. — Quem não conseguiu fazer a planta crescer, pratique em casa, ok? Na próxima aula, vamos fazer exercícios sobre os ingredientes e proporções ideais.
Ela recolheu suas anotações e vidrinhos, guardando com cuidado em sua bolsa, e acenou para os alunos que corriam animados para o refeitório improvisado da vila.
Nara
obrigada professora— (sorrir gentilmente)
Lily P.
Nada...Não se esqueça que cada planta floresce diferente.
A sua....Adoraria vê como irá — (mantendo o sorriso para a garota)
Lily P.
Pode levar ela se quiser e tentar ?
Nara
Tudo bem...pode deixar elas com as outras.
Lily P.
certo,bote ela ali na janela e feche a porta....Okay!
Pouco tempo depois, Lily caminhava com passos mais firmes pelas ruas até o centro mais sofisticado da cidade. Seus cabelos estavam presos em uma trança lateral elegante e a roupa, embora simples, agora tinha detalhes mais refinados — era o uniforme da Madame Carper.
A loja de Madame Carper ficava numa esquina charmosa, com janelas amplas decoradas com tecidos coloridos pendurados como cortinas. Do lado de fora, um manequim exibia um vestido de seda azul-acinzentada, com bordados florais delicados que dançavam com o vento.
Assim que Lily abriu a porta, o som de um pequeno sino ecoou.
MADAME CARPER
Finalmente! — exclamou.— Estava esperando você, minha flor.
Lily sorriu, deixando sua bolsa ao lado do balcão
Lily P.
Boa tarde, Madame! Desculpe a demora. As crianças estavam muito animadas hoje... e um pouquinho desastradas também.
MADAME CARPER
Hm… como sempre, não é?
disse a Madame com uma piscadela bem-humorada.
O ambiente era acolhedor. Tecidos de todas as cores e texturas pendiam das paredes. Havia prateleiras cheias de fitas, rendas e bordados. Manequins espalhados exibiam vestidos inacabados ou modelos sob medida para as próximas clientes da elite local.
Lily vestiu seu avental de costura, prendendo os cabelos num coque frouxo, deixando algumas mechas rebeldes caírem nas laterais do rosto.
Lily P.
Tem algo especial hoje? — perguntou ela, já pegando a fita métrica.
MADAME CARPER
Temos duas encomendas de vestidos de baile… — começou Madame Carper, entregando alguns croquis. — E o cliente que pediu aquele pedido enorme para o evento daqui a dois dias… bom… ele quer ajustes de última hora. Então vai ser uma tarde corrida.
Lily P.
Ele não vim hoje??
como que quer ajustes?
MADAME CARPER
Ele veio ontem....E escolheu um dos nosso magníficos modelos para vestir.
Mas ficou um pouco apertado então eler quer ajustes...
Lily P.
Jura?
Que bom!Qual foi?
Ela foi até uma bancada onde já havia um vestido parcialmente costurado, de cor vinho com detalhes em dourado.
Enquanto ajustava as pregas da saia e alinhava os bordados com delicadeza, algumas clientes começaram a entrar na loja. Damas da alta sociedade, cada uma querendo ser mais notada que a outra.
Mulher
Você é nova aqui, não é? — perguntou uma delas, encarando Lily de cima a baixo.
Lily P.
Mais ou menos... — respondeu Lily com seu sorriso educado, mas sem se deixar intimidar.
MADAME CARPER
Foi o seu uns dos seus Modelos, white real!
Mulher
Eu vou querer que costurem sete dos meus vestidos,eles acabaram soltando alguns fios.
Quero eles antes do baile!
Lily P.
Para que Sete vestidos se a senhora só tem um corpo??
MADAME CARPER
Hahaha,ela só tá brincando...(rir sem graça)
MADAME CARPER
Pode deixar,obrigada pela preferência!
A madame a olha com o olhar de repreensão
MADAME CARPER
Você não tem jeito
A tarde já ia adiantada quando a porta da loja se abriu mais uma vez, fazendo o sininho tilintar suavemente. Lily, curvada sobre o ajuste delicado de um corpete, levantou o olhar — e congelou por um breve segundo.
O mesmo homem com quem havia esbarrado dia antes, e que agora estava ali, com a postura elegante, os cabelos negros perfeitamente arrumados, e o olhar tranquilo de quem está muito à vontade em qualquer ambiente. Mas a presença dele… era tudo, menos comum.
Lily P.
Você? — ela soltou sem pensar, surpresa. — O que está fazendo aqui?
Devon esboçou um sorriso leve, pousando uma caixa nas mãos sobre o balcão.
D.Devon
Vim ajustar uma roupa. Tenho um baile para ir em breve… achei que deveria estar apresentável.
Madame Carper veio em seguida, com uma fita métrica na mão, pronta para recebê-lo.
MADAME CARPER
Ah, sim! Vossa… — Mas a mulher parou de falar no meio, notando o olhar firme que Devon lançou.
MADAME CARPER
Ele sequer moveu a cabeça, mas o leve franzir das sobrancelhas e o olhar rápido foram suficientes. Ela pigarreou. — ...Vossa peça está aqui. Lily, por que não o ajuda com o ajuste?
Lily arqueou uma sobrancelha, desconfiada, mas aceitou. Pegou a peça
Os pensamentos meus foram para a Roupa era um dos meus Modelos,fico feliz que meus trabalhos estão fazendo sucessos....Pois nem sempre oque eu fazia era reconhecido.
—Um sobretudo de tecido fino e escuro, com bordados quase imperceptíveis de tão sutis. Era elegante. Perfeito. E grande.
Lily P.
Fique parado se não irei te espetar
MADAME CARPER
(A olha não acreditando no que ela disse)
D.Devon
(Rir com o comentário da mesma)
Lily P.
Uau... — ela murmurou, observando os ombros largos e a costura. — Você é mesmo muito alto… mede quanto?
Lily observa cada centímetros do homem na sua frente,e seus pensamentos dizem:Meu tipo
D.Devon
Não sou tão alto assim — respondeu Devon, com um tom divertido. — Acho que é você que é pequena demais.
Lily P.
Pode ser. Mas sério, seu corpo é bem estruturado. Vai ser complicado reajustar isso sem comprometer a modelagem.
D.Devon
Eu confio em você. — Ele disse com simplicidade, olhando-a de um jeito que a deixou sem graça por um instante.
Lily P.
(Envergonhada)— Seu físico é bom!
D.Devon
As vezes treino é um ótimo passatempo
D.Devon
E você o que faz no seu?
Ela responde com um alfineta na boca
Lily P.
U..m eu..Gos..To — tira o alfineta da boca pondo na roupa.— Gosto de observar o dia.
Desde pequena, amava...(responde lembrando da sua infância deixando-a com um semblante triste)
Devon percebe o semblante e reaje mudando de assunto
D.Devon
Já tem o vestido que vai usar?
A pergunta,faz me sair do transe daquelas memórias naquele jardim,onde passei uma vida deprimida.
Lily P.
Vermelho. É a minha cor favorita.
D.Devon
Devon sorriu de canto.
D.Devon
Vermelho... — murmurou, pensativo. — Combina com você.
Ele olhou para a peça que trouxera e, por um instante, seus olhos pareciam analisar cada detalhe como se buscasse algo a mais.
D.Devon
Talvez eu peça à Madame Carper para adicionar um toque vermelho na minha roupa também. Um lenço… ou um pequeno bordado.
Lily parou de alfinetar por um segundo, surpresa. E então sorriu, voltando a se concentrar no ajuste.
Lily P.
Para combinar comigo?
Devon a olhou, com um sorriso discreto.
Lily P.
Posso fazer um lenço bordado para você se quiser?
Lily P.
como presente por ter me convidado
Lily se afastou por um instante, indo até a prateleira onde os tecidos finos repousavam dobrados com esmero. Ela puxou dois tons diferentes de branco — um mais pérola, outro com um brilho quase prateado — e retornou com eles dobrados nos braços.
Lily P.
Quero sua opinião — disse ela, estendendo os tecidos para Devon analisar. — Qual dos dois você acha que combina mais com a peça?
Devon inclinou-se, aproximando o rosto para observar… mas seus olhos iam dos tecidos para o rosto dela.
D.Devon
Eles são… exatamente iguais? — disse ele com uma expressão de dúvida sincera
Lily soltou uma risada espontânea, os olhos se apertando levemente de alegria.
Lily P.
“Iguais”? Ai, você acabou de ofender metade dos alfaiates do reino com essa fala — zombou, cobrindo o riso com as costas da mão.
Devon ficou olhando por um segundo a mais. O som suave e cheio de vida fez seu peito vibrar. Era honesto. Quente. E de alguma forma… íntimo.
D.Devon
Então, qual você escolheria? — perguntou ele, ainda com um sorriso discreto nos lábios.
Lily apontou o tecido pérola.
Lily P.
Esse. Tem mais calor. Combina com você.
D.Devon
Então será esse — disse Devon, aceitando a escolha sem hesitar.
Ela ficou vermelha até as orelhas, voltando rápido para o ajuste como se isso escondesse o rubor no rosto.
Madame Carper se aproximou e, vendo os dois juntos naquela proximidade sutil e risonha, estreitou os olhos em análise. Ela olhou Devon de cima a baixo com ar calculista e perguntou baixinho:
MADAME CARPER
Por que não quer que ela saiba quem você é?
Devon olhou de relance para Lily, tão focada nos alfinetes e nas costuras, tão natural, tão livre de protocolos.
D.Devon
Porque eu gosto do jeito que ela me trata — respondeu em voz baixa, mas firme. — É… fofo.
A Madame piscou, surpreendida. Um duque dizendo algo assim? Sorriu com um suspiro e logo que Lily se virou em direção a eles, a alfaiate rapidamente mudou de assunto.
MADAME CARPER
Estávamos apenas… discutindo a trama do tecido! Isso, a trama! — disse com um sorriso rápido, escapando dali como uma gata que derrubou algo da prateleira.
Lily ficou confusa, mas apenas assentiu, voltando-se para Devon com os tecidos.
Lily P.
Pronto, último alfinete e terminamos.— Disse ela, sorrindo.
MADAME CARPER
Vou vê outros vestidos
Devon, sem aviso, começou a tirar a peça de roupa, puxando-a pelos ombros com naturalidade.
Lily P.
O quê?! Espere! — Lily virou de costas rapidamente, com as bochechas rubras.
Lily P.
Gente tem um provador! Ou… ao menos me avisa antes!
Devon riu, claramente se divertindo com o embaraço dela.
D.Devon
Desculpe. Foi impulso. Não se preocupe, já estou cobrindo o que precisa ser coberto.
Lily balançou a cabeça, ainda de costas, murmurando algo sobre “homens sem noção” com um meio sorriso nos lábios.
Minutos depois, ele já estava pronto para ir. Com o sobretudo dobrado no braço, caminhou até ela com passos leves. Parou em sua frente, observando-a com gentileza.
D.Devon
Obrigado pelo atendimento, Lily. — disse ele, abaixando-se um pouco e depositando um beijo suave em sua bochecha.
D.Devon
Até o baile? — ele completou, com um brilho nos olhos.
Ela apenas assentiu, ainda surpresa com o gesto, enquanto o via sair pela porta, elegante e enigmático como sempre.
O expediente na loja da Madame Carper finalmente chegou ao fim. Lily esticou os braços para o alto, soltando um leve suspiro cansado enquanto retirava os alfinetes do bolso do avental. Seus dedos já doíam dos ajustes minuciosos, e os olhos pediam descanso — mas o coração? Esse ainda batia num ritmo alegre por causa do inesperado encontro com Devon.
Ela caminhou até o balcão, retirando as últimas anotações do dia e as entregando para Madame Carper, que organizava as prateleiras com precisão.
Lily P.
Madame… eu estou indo, tudo certo por aqui.
A mulher, sempre atenta, lançou-lhe um olhar curioso.
MADAME CARPER
vai com cuidado em
Lily deu um riso cansado, ajeitando a bolsa no ombro.
Lily P.
Boa noite, Madame.
MADAME CARPER
Boa noite, Poetinha.
Ela saiu da loja sentindo o vento gelado da noite tocar seu rosto. As ruas estavam calmas, banhadas pela luz alaranjada dos postes mágicos que crepitavam como pequenas chamas presas em vidro. Era uma noite bonita… Mas Lily só pensava em uma coisa: banho e cama.
Subiu as escadas do prédio em que morava — um conjunto de apartamentos simples, mas aconchegantes — e ao chegar na sua porta, viu algo repousando no chão.
O coração de Lily disparou com expectativa. O selo de cera ainda estava intacto, e por um segundo, ela pensou que fosse o convite oficial de Devon para o baile.
Mas assim que se abaixou e virou o envelope… congelou.
Era o brasão da sua família: a rosa em espiral com penas e tinta — o símbolo dos Poet.
A mão dela tremeu ao tocar a borda do envelope. Aquilo não era um convite comum. Aquilo vinha de casa. E mesmo estando a tantos quilômetros de distância, aquele símbolo ainda tinha o poder de fazê-la se sentir... pequena.
Entrou em casa, jogando a bolsa no sofá, o corpo exausto, mas a mente agora em alerta total. Sentou-se à mesa, respirou fundo e quebrou o selo.
O papel era grosso, a caligrafia era familiar — firme e delicada como só o seu pai sabia escrever. Ela leu devagar, absorvendo cada palavra:
"Lily,
Espero que esteja se mantendo responsável e com boa conduta.
Informo que haverá um baile em três noites. Sua presença é esperada.
Será importante que esteja conosco, representando a família Poet de maneira adequada.
Providencie vestes apropriadas.
A chegada deve ser pontual.
—
Eros Poet."**
Lily ficou parada no centro do pequeno cômodo, segurando a carta com ambas as mãos. O papel fino parecia pesar mais do que o próprio conteúdo. Ela leu novamente a última linha, como se algo tivesse escapado. Mas não. Nada. Nenhum “sinto sua falta”, “está bem?”, nem sequer uma vírgula fora do lugar para parecer humano.
Ela suspirou, dobrando cuidadosamente a carta, mesmo que por dentro quisesse rasgá-la. Caminhou até a escrivaninha e a deixou sobre os outros papéis. Observou o espaço ao redor como se, pela primeira vez, ele parecesse pequeno demais para ela e suas emoções.
Lily P.
Claro... “Providencie vestes apropriadas” — repetiu em voz baixa com um sorriso amargo. — Que bom saber que ainda sou útil como decoração de baile.
Seus olhos ficaram úmidos, mas ela piscou algumas vezes até afastar aquilo. Não era mais uma menina esperando um gesto de carinho. Era uma mulher que aprendia, pouco a pouco, que nem sempre o amor da família vinha da forma certa — e às vezes nem vinha.
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