Capítulo 1: O Encontro

Clara respirou fundo, tentando dissipar a mistura de nervosismo e excitação que a envolvia. A galeria estava quase vazia, com apenas algumas pessoas espalhadas, o que tornava o ambiente ainda mais intimista. Lucas se aproximou um pouco mais, sorrindo de forma encantadora, como se tivesse lido os pensamentos confusos dela.

-Você gosta de arte?

Ele perguntou, sua voz suave ecoando pelo espaço silencioso. Clara assentiu, tentando encontrar as palavras certas para expressar sua admiração pelas obras ao seu redor.

-Sim, cada pintura parece contar uma história diferente. Esta aqui

Ela disse, apontando para a obra que retratava um casal em um abraço apertado

-Me faz sentir a força do amor e também a fragilidade que o acompanha.

Lucas olhou para a pintura e então para Clara, seus olhos brilhando com uma curiosidade intensa.

-Você acredita que podemos amar alguém e ainda assim ter medo de perder essa pessoa?

A pergunta pegou Clara de surpresa. Era profunda e direta, como se ele estivesse sondando seu próprio coração em busca de respostas.

-Eu... acho que sim

Respondeu Clara hesitante.

-O amor é bonito, mas também pode ser doloroso. Muitas vezes, temos medo de nos entregar completamente.

Ela sentiu um peso nas palavras, como se estivesse revelando algo pessoal demais.

-Isso é verdade

Lucas disse, sua expressão séria fazendo o coração de Clara acelerar ainda mais.

-Mas às vezes é preciso correr riscos para descobrir o que realmente vale a pena.

Ele deu um passo à frente, e Clara sentiu uma onda de calor percorrer seu corpo. O tempo parecia ter parado enquanto eles conversavam. O mundo exterior desapareceu e tudo que importava era aquele instante compartilhado entre eles. Mas logo a razão começou a sussurrar em sua mente:

-Cuidado, Clara! Você não sabe nada sobre ele.

A cautela voltou à tona.

-Você é artista?

Ela perguntou para mudar de assunto e quebrar a tensão crescente entre eles.

-Na verdade, sou fotógrafo

Lucas respondeu com um sorriso tímido.

-Gosto de capturar momentos que contam histórias — emoções cruas que muitas vezes ficam escondidas.

Ele fez uma pausa e acrescentou:

-E você? O que faz?

Clara hesitou por um momento antes de compartilhar um pouco sobre si mesma.

-Sou escritora. Gosto de criar mundos e personagens que refletem as complexidades da vida.

Ao falar sobre sua paixão, ela viu os olhos de Lucas brilharem novamente. Então, sem pensar duas vezes, ele perguntou:

-Você gostaria de ver algumas das minhas fotos? Tenho algumas exposições em andamento.

A proposta era tentadora e Clara se viu balançando a cabeça em concordância.

-Sim! Adoraria

Ela respondeu com entusiasmo. Enquanto ele falava sobre suas obras e suas inspirações artísticas, o jeito como Lucas gesticulava enquanto falava revelou mais do que apenas seu talento; havia uma paixão ardente em suas palavras que atraía Clara ainda mais. Ao mesmo tempo, ela não conseguia sacudir a sensação inquietante de que havia algo mais profundo por trás daquele sorriso encantador. Conforme a conversa fluía naturalmente entre eles, Clara percebeu que não era apenas atração física; havia uma conexão emocional crescente que era inegável. No entanto, a dúvida persistia: seria seguro se abrir para alguém tão enigmático? Quando o evento na galeria começou a diminuir e as pessoas começaram a se dispersar, Lucas hesitou por um momento antes de perguntar:

-Posso ter seu número? Gostaria muito de continuar essa conversa.

Clara olhou nos olhos dele e viu sinceridade ali — ou pelo menos era o que queria acreditar. O frio na barriga retornou com força total enquanto ela ponderava sobre o próximo passo. Com um sorriso hesitante, ela pegou seu celular e digitou seu número.

-Claro

Disse ela ao entregar o aparelho para Lucas. Enquanto ele digitava seu contato com dedos ágeis, Clara se perguntava se estava cometendo um erro ao se abrir para ele dessa forma. Mas quando Lucas olhou para ela com um sorriso genuíno e agradecido ao devolver o celular, ficou claro para Clara que aquele encontro estava longe de ser comum. O capítulo termina com Clara saindo da galeria sob o céu estrelado da noite, seu coração acelerado não apenas pela emoção do encontro com Lucas, mas pela incerteza do que poderia acontecer a seguir. Ela caminhou pelas ruas iluminadas da cidade pensando no quão arriscado poderia ser mergulhar em algo tão desconhecido — mas ao mesmo tempo tão irresistível.

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