O amanhecer chegou cinzento sobre a cidade de Milão, refletindo o clima de tensão que pairava sobre a família Castellazzo. As ruas ainda despertavam lentamente, mas dentro da mansão ancestral a movimentação já era intensa. Leonardo, agora de pé antes do sol nascer, caminhava pelo corredor largo que ligava seu quarto ao escritório do avô, onde já passava horas estudando mapas, contas e relatórios das operações da máfia.
O peso da responsabilidade não era apenas uma sensação abstrata — era uma presença constante, uma sombra que o seguia a cada passo. A morte do avô tinha aberto uma brecha de poder que precisava ser fechada rapidamente, antes que inimigos aproveitassem para atacar.
Enquanto caminhava, Leonardo pensava nos homens que antes juraram lealdade a Vincenzo, mas que agora olhavam para ele com ceticismo. Em particular, uma figura surgia em sua mente: Fabrizio Leone, um dos capos mais antigos e influentes da família, conhecido pela ambição disfarçada de respeito. Leonardo sabia que sua autoridade ainda não era aceita por todos.
Ao chegar ao escritório, encontrou seu irmão Victor já reunido com dois capangas, revisando uma lista de nomes. Victor, cinco anos mais novo, já estava treinado para as operações de segurança, mas ainda mantinha um brilho de juventude que Leonardo invejava silenciosamente.
— Leonardo — Victor chamou, com voz firme mas com um leve tom preocupado —, precisamos conversar. Fabrizio está armando algo. Hoje mesmo. Ele não aceita você como Dom.
Leonardo franziu a testa. Sabia que os desafios começariam por dentro, não apenas com inimigos externos. A lealdade era um luxo raro.
— Quero detalhes — ordenou.
Victor entregou um papel amassado, com alguns nomes e endereços. Um plano para atacar uma de nossas casas de apostas em Turim, uma fonte importante de dinheiro. Se Fabrizio conseguir desestabilizar as finanças, vai enfraquecer a confiança da família em mim.
Leonardo respirou fundo. Era a hora de agir, e rápido.
Convocou uma reunião de emergência com seus irmãos e os capos mais próximos. A sala de reuniões, adornada com quadros que mostravam gerações de Castellazzo, agora abrigava um cenário tenso: homens e mulheres acostumados a temer e respeitar Vincenzo, agora mediam suas palavras cuidadosamente, enquanto avaliavam o jovem que se declarava Dom.
— Fabrizio Leone está preparando um ataque — anunciou Leonardo, sem rodeios. — Queremos neutralizá-lo antes que ele cause danos.
Guiullianna, sua irmã mais velha, que sempre fora uma estrategista nata, cruzou os braços e falou com calma:
— Precisamos agir com inteligência. Um ataque aberto pode provocar uma guerra interna. Talvez possamos negociar uma saída honrosa para ele.
Leonardo olhou para ela, sabendo que sua irmã tinha razão. Mas aquele era um momento onde força e firmeza precisavam caminhar juntas.
— Ele não aceita meu comando — continuou Leonardo —. Isso não é negociação. É uma questão de respeito e ordem.
Victor assentiu, apoiando o irmão.
— Eu vou liderar a operação — disse Leonardo, encarando cada rosto ao redor da mesa. — Quero que seja rápido e limpo. Nada de derramamento de sangue desnecessário, mas se precisar... não hesitarei.
As palavras saíram firmes, mas Leonardo sentia o frio da tensão que crescia em seu peito.
Nos dias seguintes, os movimentos da máfia tornaram-se frenéticos. Leonardo participou pessoalmente do planejamento das estratégias, mostrando que não seria um Dom distante. Ele sabia que precisava provar sua força, mas também manter a cabeça fria.
Durante uma noite chuvosa, Leonardo e um pequeno grupo de homens fiéis partiram para Turim. A casa de apostas estava cercada por guardas leais a Fabrizio. A operação exigia precisão cirúrgica: tomar o controle da casa sem alertar os rivais para evitar uma escalada.
O silêncio da noite era cortado apenas pelo som abafado dos passos e do contato firme das armas. Leonardo sentiu o pulso acelerar, mas sua mente permaneceu afiada.
No momento exato, ordenou a invasão. Os homens entraram com rapidez, dominando os guardas e assegurando o local.
Fabrizio foi capturado no escritório, surpreso por ver Leonardo à sua frente.
— Você não está pronto — rosnou Fabrizio, tentando manter a compostura.
— Talvez — respondeu Leonardo, a voz baixa e controlada —, mas já aprendi que quem hesita perde.
Com um gesto, ordenou que seus homens o levassem para um local seguro —
A noite caiu densa sobre a mansão secundária dos Castellazzo em Gênova. O céu sem estrelas parecia compactuar com o silêncio sombrio que dominava a propriedade. Nos porões frios de pedra, o ar era úmido, pesado, e o som de passos ecoava como uma sentença.
Leonardo desceu calmamente os degraus, com um casaco preto sobre os ombros e as mangas dobradas até os antebraços. Seus olhos estavam escuros, sem emoção. Era o olhar de um homem que já decidira o destino de outro.
Fabrizio estava amarrado a uma cadeira no centro da sala, ferido, mas ainda altivo. Tentava manter a pose de quem não se arrepende. Mal sabia ele que aquela seria a última vez que teria esse direito.
Leonardo parou diante dele, os olhos fixos nos seus.
— Você teve todas as chances — disse, com voz baixa, firme. — Traiu a minha confiança. Tentou derrubar minha família. Você ousou me testar. Agora vai aprender o que significa tocar em um Castellazzo.
Fabrizio cuspiu no chão, mesmo com a boca inchada.
— Você não é seu avô.
Leonardo então tirou o casaco, dobrando-o cuidadosamente e o entregando a Victor, que assistia em silêncio.
— Eu sou pior — respondeu, antes de golpear Fabrizio com o punho fechado, fazendo o homem cambalear preso à cadeira.
O som dos socos secos e firmes preenchia o espaço. Leonardo não gritou, não perdeu o controle. Cada movimento era calculado, preciso — não apenas punição, mas lição.
Quando o sangue escorreu do nariz quebrado de Fabrizio, Leonardo parou, se abaixou e sussurrou:
— A partir de hoje, todos vão saber que o novo Dom pune com as próprias mãos. Que não precisa de carrascos. Eu sou o juiz, o veredicto... e a sentença.
Fabrizio tentou falar, mas apenas tossiu sangue. Leonardo se ergueu, respirou fundo e, sem olhar para trás, disse:
— Levem-no. Que desapareça. Como o respeito por ele desapareceu.
E saiu da sala com passos firmes. O Dom havia se revelado. E a máfia agora sabia: Leonardo Castellazzo não era uma promessa. Era um reinado.
Ao retornar à mansão, Leonardo sentiu que, apesar da vitória, havia apenas começado a provar seu valor. A sombra do avô ainda pairava, e a confiança dos homens ainda era uma montanha a escalar.
Mas ele estava pronto para isso.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Marli Batista
Ui adorei ♥️❤️♥️❤️♥️
2025-06-24
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