Capítulo 3
Débora
Se livrar de nós? Como assim? — Pergunto, sentindo um frio na espinha. Mas era um frio de adrenalina...
O senhor Marcos sorriu sem jeito e dona Carolina respondeu por ele.
Carolina
Não se preocupem, queridas. Esses meninos não farão nada, podem ficar tranquilas.
Ruth me encarou e percebi a mensagem que ela estava me passando. " Se eles tentarem, eles que irão sumir."
Ruth
Estamos tranquilas, muito, mas muito tranquilas.
Ruth respondeu com um sorriso lindo, que fez Carolina se afastar um pouco, provavelmente notando as reais intenções de Ruth por trás das suas palavras.
O senhor Marcos, após dar mais um gole no seu café, colocou a xícara em cima da mesa e começou a falar:
Marcos
Eu sei que as duas não estão felizes com esse casamento, mas desejo de coração que vocês se deem bem. Sei que não será fácil, conheço muito bem os filhos que tenho.
Marcos deu uma pausa dramática e eu percebi ter mais bolo nesse angu.
Débora
Se depender de nós, não haverá nenhuma desavença. — Gravem bem essas palavras, pois...eu estava mentindo...
Após mais alguns minutos conversando e conhecendo um pouco mais sobre os nossos "maridos ", fomos levadas até o carro da família e o motorista estava encarregado de nos deixar na nossa mais nova casa antes do anoitecer.
Passamos na nossa antiga casa só para buscar as nossas coisas e depois já estávamos na estrada novamente.
Ruth estava dormindo pesadamente e eu segurava a bolsa que estava com os medicamentos dela, os quais ela usava quando tinha algum ataque de pânico ou falta de ar.
Eu e a minha irmã nascemos com problemas no pulmão, então para vivermos em paz, precisamos usar bombinha pelo menos duas vezes ao dia, fora os medicamentos passados para nós pelos médicos.
Uma fina garoa começou cair e eu encolhi-me ainda mais no banco de trás do carro, sentindo um vazio enorme no peito.
Quando chegamos no condomínio, o motorista falou que logo estaríamos em casa. A nossa casa era a oitava da rua, não ficava muito distante da portaria.
Era uma casa muito bonita e no segundo andar eu conseguia ver o vislumbre de alguém, só não conseguia distinguir quem era.
Débora
Com licença, o senhor poderia me ajudar com a minha irmã? Ela está apagada e não vai acordar tão cedo.
Pedi e o motorista me ajudou. Ele levou Ruth para dentro e depois veio buscar as malas.
Ele se despediu e eu suspirei, observando o redor com admiração. Os móveis eram impecáveis e a decoração não ficava atrás. Tudo era chique e emanava grana e poder.
Suspirei ao ouvir passos vindo na direção da escada. Levantei meu olhar e avistei o Gabriel, que descia com um olhar de sono.
Débora
E... desculpa incomodar, mas poderia me falar onde fica os nossos quartos? Tenho que deixar essas coisas lá. — Perguntei-lhe e o mesmo olhou para as bagagens, depois para Ruth, que dormia pesadamente.
Gabriel
Os nossos pais não disseram nada? A casa tem somente dois quartos, Ruth ficará comigo e você ficar com o Ruan.
Ele respondeu passivamente, mas as suas palavras feriram o meu ego. Eu dormir com um desconhecido? Não, eu simplesmente não posso dormir bem ao lado de alguém que com toda certeza quer me matar.
Débora
Eles...não chegaram nessa parte.
Débora
Não podemos ficar em quartos separados?
Perguntei e Gabriel negou com a cabeça.
Gabriel
Eu ir contra a palavra da minha mãe? Jamais! Ruan pode até bater de frente com eles, mas eu não. O primeiro murro ou chute que eu levar dela, eu choro.
Gabriel respondeu, dava para notar o medo que ele tinha ao falar de sua mãe.
Débora
Certo...então, leva ela para o quarto, por favor. Eu vou logo atrás com as coisas dela.
Gabriel assentiu e pegou Ruth nos braços com cuidado, para não acordar ela. Ele é bem atencioso, por mais que seja reservado, ele ainda prioriza a vida das pessoas. Ou talvez ele só esteja fingindo ser gentil...
Comments
Almendra Acevedo
Arrebatador!
2025-07-08
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