Capítulo 4

Victor Fiorelly

Me pergunto o que fazem homens despreparados e fracos como os que acabo de executar estarem a frente de uma favela tão grande quanto o Alemão, a tal Fera temida por todo os cantos do Rio de janeiro não passava de um bichano indefeso e faço questão de deixar isso claro a cada um dos moradores enquanto desço o morro com sua cabeça.

Enquanto Viriato e o que restou dos vapores amontoam os corpos para serem incinerados, o sub chefe do morro e o gerente geral são colocados no microondas de pneus, imploram por clemência e os gritos se misturam aos de familiares e entes queridos, pessoas pedindo por um velório digno aos mortos na invasão, nem isso faz com quê eu me compadeça de suas dores e por um instante eu preciso conter o riso, a falta de escrúpulos é um dos meus maiores defeitos e não vou mentir, me orgulho disso.

Um grupo de pessoas se amontoam para assistir o circo de horrores apresentado por mim, os olhos atentos brilham de medo e o meu lado sádico da gargalhadas se divertindo.

— Leandro Soares " O Fera" está morto.

Grito alto acendendo um cigarro, os homens que agora são meu esquadrão de frente me cercam como se temessem uma retaliação, nunca tive medo de nada na vida, um monte de velhos e pivetes não farão com que eu me torne um covarde, a porra de cagão.

— O Alemão está sobre o meu comando de agora em diante e qualquer um que faça objeção pode me procurar para dar sua opinião.

Viriato já ri provavelmente sabe o que vira a seguir, ando até os pneus onde tanto o sub chefe quanto o gerente estão, o pânico nos olhos deles é como uma injeção de adrenalina que faz o demônio em mim pedir por mais caos.

— Como podem ver tenho a mente aberta e costumo receber tanto críticas quanto sugestões, acredito que já conheçam o " Pig e o Sapão" Bem eles não parecem ter gostado muito de me ver no comando, foram um tanto frios na minha recepção, como bom homem que sou decidi aquece-los.

Tiro o isqueiro do bolso e nesse momento os gritos soam ainda mais desesperados.

— Pelo amor de Deus, pelo amor de Deus chefia faz isso não...

Pedem por misericórdia e fazem isso ao homem errado já que na porra do meu peito não bate um coração, jogo o esqueiro na direção dos rastros de gasolina que levam até os pneus, as chamas altas consomem tudo de forma fulminante e faminta.

— Aaaaa, socorro, socorro...

Os gritos me fazem sorrir, todos me olham em pânico.

— Alguém tem algo a dizer?

Pergunto soltando a fumaça do cigarro e o silêncio é a única resposta.

— É eu imaginei que não, caso precisem de algo estou a disposição, a favela passará por mudanças, a boca de fumo...

Rio.

— Meu escritório, está de portas abertas, já lhes adianto que o tráfico de drogas está suspenso por tempo indeterminado.

O murmurinho começa.

— E caso alguém seja pego vendendo mesmo que um cigarro de maconha no meu território vai ser levado para os conferes.

Viriato sai voltando um segundo depois, estaciona na minha frente a moto do antigo dono, uma Brutale 800.

Ostentação ridícula mais que aqui e um símbolo de poder, o cheque mate nos moradores, Viriato me estraga as chaves e eu subo, uma volta pela favela que me coroa o novo patrão antes de resolver mais um problema, o que fazer com a garota que estava com o fera na hora da invasão? Eu poderia mata-la?sim, e isso sem qualquer remorso ou preocupação, o problema é que a filha da puta não parece nem um pouco com uma moradora do complexo e nesse momento não posso chamar atenção, já vi vários filhos de milionários descerem para os subúrbios em Chicago atrás de drogas, matar a filha de um bam-bam-bam nesse momento atrairia para cá a atenção da mídia, uma possível operação da polícia, vou ter que resolver do meu jeito as coisas e ela certamente não vai gostar nem um pouco disso.

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