Onde Nasceu o Nosso Amor
Sabe aqueles dias em que você acorda e deseja não sair da cama? Ou melhor , em que você deseja não estar mais viva? Pois é, esse é um desses dias, aliás, mais um desde quando toda essa tragédia aconteceu em minha vida.
Levanto ,obrigada, pelo som do despertador . Ando pela casa vazia onde não escuto mais as risadas,brigas das crianças e o cheiro de café feito por meu marido.
Descabelada, sem ânimo, sem vida, sem alma... sento na mesa e enxergo tudo ao meu redor em preto e branco, fazem três meses que tudo aconteceu em uma viagem de férias para Portland.
Meu marido resolveu dirigir até lá, era verão, e nós iríamos visitar a sua família. As crianças, que moravam conosco, e que eu cuidava com todo amor e carinho, eram filhos do seu primeiro casamento,elas me chamavam de mamãe.
No retorno para casa, um caminhão atravessou a rodovia e pegou o nosso carro em cheio, meu marido morreu na hora, as crianças dias depois e eu fiquei entre a vida e a morte.
Mas de alguma forma eu sobrevivi ,acredito que há um propósito para mim, só não consigo imaginar qual seja, a dor que sinto ainda não me permite enxergar.
Hilary ,a primeira esposa do Ben, meu falecido marido e mãe das crianças, constantemente entra em contato comigo. Uma tenta dar apoio a outra ,ela também vive um segundo casamento e tem filhos com a atual marido, mas nada apaga a dor dela ter perdido os outros mais velhos.
Mas eu...eu estou completamente só,perdi toda a família que construí. No hospital ,quando acordei , me falaram que eu estava grávida e perdi meu bebê. Ben e eu estávamos tentando há tantos meses,já que na minha idade, aos 39 anos, as tentativas são complicadas.
Muitas tragédias para uma pessoa, não é? Ontem a minha irmã disse que não há vitória sem luta, e eu estou travando uma luta dia após dia ,tentando acreditar que chegará a minha vitória muito em breve.
📲Diana! Bom dia minha florzinha! Meg e eu estamos pensando em lhe fazer uma visita. Está disponível?
📲E qual dia não estou disponível Salma ?
📲Di, não fique assim ,corta o nosso coração.
📲Sei que vocês só querem meu bem - eu respiro fundo - Podem vir a hora que vocês desejarem, eu estarei esperando.
Meg e Salma são as minhas melhores amigas, elas não soltaram a minha mão um dia sequer durante todo o meu período de luto. Tenho somente que agradecer a Deus por ter bons amigos e uma família muito amorosa.
Minha família também foi muito especial, meu irmão mira aqui em Nova York, mas viaja,porém nesse período, não deixam de vir aqui me ver frequentemente, nossos pais moram no interior, e também não deixam de ligar para saber como estou. Assim que tudo aconteceu,eles passaram um mês aqui comigo, mas voltaram para minha cidade natal , os dois têm um pequeno comércio que tocam sozinhos, além de não se adaptarem a vida corrida e caótica de Nova York.
Me esforço para fazer o básico, lavo o rosto, escovo os dentes e troco as roupas. Sento na varanda de casa com uma xícara de chá, cabelos ao alto e fico ali, a manhã toda olhando para o nada,nem o vento frio de final de outono me incomoda.
Sou desperta do meu transe ao ouvir o som do interfone, levanto e vejo que já são duas horas da tarde. Abro a porta e logo minhas duas amigas me abraçam e beijam.
—Já almoçou? - pergunta Meg
—Trouxemos comida chinesa. - Salma sacode o saco de papel.
—Estou somente com uma xícara de chá. Eu estava na varanda desde quando levantei.
Eles se olham torcendo a boca, me arrastam até a cozinha,me colocam sentada e me servem.
—Comeu pouco. - fala Meg
—Não sinto fome.
—E o acompanhamento psicológico? - ela completa
—Meu irmão marcou uma consulta para mim,nem sei quando é...
Elas penteiam meus cabelos, nem para isso tenho forças.
—E o trabalho,quando volta? - pergunta Salma
—Não volto ,pedi demissão.
—O quê?! - gritam juntas
—Como irá se manter,Diana? - Meg se exalta
—Eu decidi voltar a morar com meus pais. Venderei o apartamento,só há lembranças dolorosas aqui.
— Vai depender deles? - Salma fala emotiva
—Irei trabalhar na loja de conveniências deles.
—Vai deixar a vida estável, sua profissão para atender balcão numa cidade do interior? - Meg sempre é a mais durona
Eu era a chefe do departamento pessoal de uma clínica médica muito famosa aqui em Nova York.
—Eu preciso recomeçar, mas aqui não dá...estar aqui dói!
Levo as mãos ao rosto e choro,elas me abraçam.
—Di, Salma e eu conversamos muito,entraremos de férias juntas do hospital - elas são enfermeiras - Vamos passar quinze dias em Madri daqui há um mês e meio, e você virá conosco.
—Eu não tenho ânimo nem de ir até o mercado,imaginem atravessar o Atlântico...sem chance!
—Vamos sim! Já vimos o hotel,itinerário e passagens, viemos aqui apenas para ver a sua disponibilidade.
—Ela está desempregada,Salma! Pode marcar qualquer dia.
—Meg!
—Ué? Eu não vou te dar muitas escolhas não, mocinha! Não quero te perder para a depressão. Você irá para a Espanha conosco sim!
—Conseguirei fugir de vocês?
—Não!! - elas respondem juntas
—Tá...eu topo!
As duas vibram e Meg acaricia meu rosto.
—Diana,acredite, eu sinto que essa viagem transformará a sua vida!
...❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️...
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Atualizado até capítulo 28
Comments
Adriana Souza
só da autora ser vc Alê, já sei que vem uma boa história e c muitas emoções rsrsrs
2025-06-29
12
Soraya Zaidan
Já li todos os romances publicados da Alessandra Bizarelli. Um melhor que o outro. Já comecei a ler esse sem estar finalizado porque a minha ansiedade não deixa eu esperar. Vamos ver se consigo, senão eu paro e espero finalizar.☺️☺️☺️☺️☺️
2025-07-14
0
Michele Bonfim
E lá vamos nós pra mais uma obra...que promete emoção, envolvimento, personagens marcantes e não sei se tenho estrutura pra tudo isso....mas como sou brasileira, não desisto nunca ,pq sei que Alessandra arrasa e no final sempre surpreende.
2025-06-30
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