02

"Você está bem?" Ele parou na minha frente, com a toalha jogada sobre o ombro coberto de flanela vermelha e uma sobrancelha arqueada.

"Não, não estou bem, mas não quero falar sobre isso. Obrigada, mesmo assim." A última coisa que eu queria era me afundar ainda mais. Que droga, não era de se admirar que as meninas não conseguissem ir embora rápido o suficiente. "E você, Levi? Como chegou a Holiday Grove?"

Seus lábios se curvaram, revelando a ponta de uma covinha. "Quer falar de mim?"

Assenti. "Tem alguma regra de barman que eu não conheça que me diga que não posso fazer perguntas?"

"Bastante, tenho certeza." O sorriso atingiu seus olhos, e eu apertei meus joelhos porque as coisas que o barman sexy estava me fazendo sentir eram coisas que eu pensava que tinham morrido anos atrás.

"Não tenha tanta certeza." Empurrei meu copo na direção dele e sorri.

"Outro G&T?"

"Não, me surpreenda com algo. Delicioso, mas não doce, enquanto você me conta como chegou à nossa bela cidade."

Ele pegou uma garrafa de gim e dois mixers que eu não conhecia e começou a servir. "Eu estava trabalhando como barman em Houston, depois em Los Angeles e depois em Aspen durante o inverno, sem rumo, mas com um conjunto de habilidades muito necessário, quando um advogado finalmente me encontrou para me dizer que um tio que eu não sabia que eu tinha morreu e me deixou este bar."

Franzi a testa. "Hã? Espera aí, Marcus Russell era seu tio?"

"Aparentemente", ele deu de ombros e empurrou uma bebida rosa-alaranjada na minha direção. "Minha mãe morreu quando eu tinha nove anos, e eu fui para um orfanato até os dezoito porque não havia família para me acolher." Ele falou com tanta naturalidade, como se não se importasse com isso. "Você é daqui, né?"

Sorri e assenti, presumindo que Levi não sabia quem eu era, e por que saberia? Os homens geralmente se enquadravam em duas categorias, no que me dizia respeito: aqueles que me conheciam e queriam viver suas fantasias, e aqueles que fingiam não me conhecer só para ter uma chance, no meu quarto ou na indústria. Não era ego, pelo menos não totalmente — era apenas um fato. "Sou eu. Eu conhecia o Marcus. Ele era um cara quieto, que vivia uma vida tranquila, mas sempre foi legal."

"Ele era uma década mais velho que a minha mãe. Ela nunca o mencionou." Ele balançou a cabeça. "Por que estou te contando tudo isso?"

Dei de ombros. "Porque sou fácil de conversar?"

Ele revirou os olhos enquanto secava alguns copos.

"Marcus teve um parceiro por muito tempo. O nome dele era Damon. Ele morreu quando eu estava no ensino médio. Depois disso, era só ele e este bar." Isso era ainda mais triste do que a minha própria vida miserável. "Sinto muito pela sua perda."

"Obrigado." Ele me encarou por um longo momento, com um meio sorriso no rosto, como se estivesse tentando me entender.

Boa sorte. Eu ainda não tinha me descoberto.

... LEVI...

Robin estava bêbada. Talvez não estivesse bêbada-bêbada, mas definitivamente estava saindo de Tipsy Town e indo direto para Drunksville. Além de bêbada, estava triste, o que geralmente era uma péssima combinação. Geralmente significava lágrimas, gritos e, às vezes, drama, mas Robin não era nada disso. Ela era autodepreciativa e surpreendentemente engraçada, e conversava bem, ao contrário da maioria das garotas que chegavam ali meio bêbadas e procurando um encontro sem graça.

Não que eu fosse contra ficar com alguém — não era —, mas eu estava velho demais para transar com uma garota só porque ela era gostosa. Era preciso mais do que isso para me empolgar ultimamente, e Robin tinha muito mais do que beleza. "Pronta para conversar sobre por que você está tão triste?" O Dia dos Namorados era uma lembrança distante, e em breve estaríamos comemorando o Dia de São Patrício, então eu duvidava que ela estivesse com a melancolia do Dia dos Namorados. Não presumi nada e simplesmente esperei.

"Não", ela suspirou, como se carregasse o peso do mundo sobre seus ombros delicados. "Só não estou pronta para lidar com isso. Ainda não."

Eu respeitava isso. Eu não era uma daquelas pessoas que precisavam ficar falando sobre tudo até a exaustão. "Mas você está bem? Nada perigoso ou com risco de vida?"

"Não." Ela abriu um sorriso largo e lambeu os lábios carnudos. "Ninguém vai morrer. Mas obrigada por se importar." Ela olhou por cima do ombro e congelou. "Merda." Seus lábios carnudos se abriram em choque. "Desculpa, merda, Levi, por que você não disse nada?" Ela pegou sua bolsinha — a menor que eu já tinha visto (que diabos tinha naquela coisa?) — e murmurou para si mesma.

Eu ri da pergunta dela. "Eu aguento uma garota bêbada, Robin."

Isso me rendeu um olhar ameaçador. "Primeiro, me chame de Rob. Segundo, eu não estou bêbado. De jeito nenhum."

"Não?" Cruzei os braços e arqueei as sobrancelhas.

"Não. Estou confortavelmente entorpecida." Seu sorriso era atrevido e sedutor, e um pouco sexy. Ok, sexy pra caramba.

"Tá bom, Rob. Tudo bem." Ela sorriu ainda mais quando usei seu nome preferido. "O bar está limpo, pelo menos na maior parte. O dono vai reclamar amanhã de manhã, mas tudo bem. Ele não resiste ao meu sorriso. Pronto para acertar as contas?"

Ela riu sozinha e deslizou um cartão pelo balcão. "Você acha seu sorriso irresistível?" Seus lábios carnudos se abriram quando assenti.

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