Capítulo 10: Ecos da Verdade

O sol do deserto batia no vidro da cafeteria em que Maximiliana estava sentada, usando óculos escuros e um lenço cobrindo os cabelos ruivos. Tentava ser discreta, invisível. Mas dentro dela, algo pulsava com força: uma mistura de dor, indignação… e determinação.

Ela não voltaria para o Brasil. Não ainda.

Enquanto lia e relia o bilhete que Zaya deixara na mesa, ela repassava cada detalhe da noite em que foi acusada. A imagem. A conversa. A ausência de provas reais. Tudo parecia construído com um objetivo específico: separá-los.

E ela precisava descobrir quem queria isso.

---

Sua primeira parada foi o mesmo hotel onde Amirah a encontrara semanas antes. Com um charme cuidadoso e uma nota generosa em dólares, convenceu o recepcionista a mostrar o nome da hóspede misteriosa.

— “Amirah Khoury.”

— “Quarto 1109.”

— “Ela ainda está aqui?” — perguntou.

— “Não, partiu ontem. Mas esteve hospedada por três semanas.”

Três semanas. Tempo suficiente para arquitetar qualquer coisa.

---

À noite, usando um contato que fizera enquanto estava com Zaya — um jovem hacker chamado Rami, que devorava computadores como poesia —, ela conseguiu acesso às câmeras de segurança da casa de praia.

E lá estava: um vulto no muro oposto, tirando a foto.

Data: a mesma noite. Hora: 1h37.

Zaya dormia ao lado dela quando isso aconteceu.

Rami a olhou com os olhos arregalados.

— “Você foi incriminada.”

— “Pode descobrir de onde essa foto foi enviada?”

— “Se tiver sido feita por um celular ligado a uma rede local… posso tentar.”

— “Tente. E se achar o número… me diga pra quem ele pertence.”

---

Enquanto isso, Zaya estava no centro de treinamento de seus homens, descarregando a raiva no ringue de luta. Sangue escorria de sua sobrancelha, mas ele não parava. Não sentia dor — só culpa.

Nadir se aproximou, mais uma vez tentando parecer preocupado.

— “Ela te deixou. Era o esperado.”

Zaya o encarou, os olhos vermelhos.

— “Ela não levou nada. Nem roupas. Nem documentos.”

— “Talvez tenha ido embora com pressa.”

— “Ou talvez... esteja mais perto do que parece.” — murmurou Zaya.

A dúvida agora se virava para o outro lado. Ele começava a farejar algo estranho.

E Nadir sentiu isso. E odiou isso.

---

No dia seguinte, Rami ligou para Maximiliana.

— “Consegui. O celular que tirou a foto foi de um número privado, ligado ao nome de... Nadir Al-Mansur.”

Maximiliana gelou.

O homem que ela havia visto tantas vezes ao lado de Zaya.

A sombra que sorria.

— “Você pode conseguir mais?”

— “Estou tentando acessar conversas criptografadas. Me dá 24 horas.”

Ela desligou e, pela primeira vez desde que partiu, sorriu. Não por vingança — mas porque tinha nas mãos a peça que faltava.

Agora ela não queria apenas se provar inocente.

Ela queria justiça.

---

Mas do outro lado da cidade, Nadir também se movia. E já desconfiava que Maximiliana não tinha ido embora.

Mandou homens rastrearem aeroportos, estações, hospitais.

E quando soube que Rami, o hacker ligado a ela, fora visto em um café com internet pública…

Ele sorriu.

— “Se ela quer jogar... vai conhecer as regras do nosso mundo.”

---

Capítulo 11: O Rosto do Inimigo

Naquela manhã, Zaya acordou com um pressentimento ruim. Não sabia de onde vinha, mas a ausência de Maximiliana era como uma sombra constante atrás dele, algo que o fazia perder o foco.

Enquanto se vestia, um de seus homens, Malik, entrou na sala com o semblante tenso.

— “Tem alguém querendo te ver, chefe.”

— “Quem?”

— “A mulher que você disse para não ser mais recebida aqui.”

O coração de Zaya bateu mais forte.

— “Maximiliana?”

— “Sim, senhor. Mas ela está armada.”

Zaya suspirou fundo.

— “Deixa ela entrar.”

---

Ela entrou vestida de preto. Um sobretudo, botas, cabelos presos em um coque apertado. A arma na cintura era apenas um aviso: não estou aqui para ser subestimada.

Mas o que mais o atingiu foi o olhar. Não havia mais doçura, nem mágoa. Havia foco. Havia força.

— “Antes que você me mande embora, escuta o que eu tenho pra te dizer.” — ela disse, firme.

Zaya cruzou os braços, tenso.

— “Você tem dois minutos.”

Maximiliana tirou do bolso uma pasta fina. Fotos impressas. Capturas de mensagens interceptadas. Localização de celular. Tudo apontando para Nadir.

— “Ele te enganou. Ele plantou a foto. Ele está tentando te destruir de dentro pra fora.”

Zaya pegou os papéis, sem reação. Leu cada linha. Olhou cada prova.

E mesmo assim… hesitou.

— “Você podia ter falsificado isso.”

— “E você podia ter me conhecido melhor do que isso.”

Ela se aproximou.

— “Zaya, não vim pra implorar. Eu vim porque descobri a verdade. E mesmo você não merecendo… eu ainda quero te salvar.”

Zaya fechou os olhos. O cheiro dela. A presença dela. Tudo nele gritava para abraçá-la, para acreditar. Mas algo o prendia. A desconfiança que Nadir plantou havia criado raízes.

— “Por que ainda se importa?”

— “Porque eu te amo, seu idiota.” — ela disse, com a voz falhando pela primeira vez.

Ele a encarou. Uma luta interna estampada no rosto.

Antes que pudesse responder, Malik entrou de novo, sem bater.

— “Chefe… os arquivos de segurança da casa foram apagados. E o backup… também.”

Zaya franziu o cenho.

— “Quem tinha acesso?”

Malik hesitou.

— “Só você… e Nadir.”

O mundo parou por um segundo.

Zaya virou-se lentamente para Maximiliana. A expressão dele começava a rachar. As defesas, a dúvida, a cegueira… começavam a ruir.

— “Você vai fazer o que tem que ser feito, Zaya?” — ela perguntou, olhando nos olhos dele.

— “Ou vai continuar fingindo que está no controle enquanto seu império apodrece por dentro?”

Ele não respondeu. Apenas saiu da sala, com a pasta nas mãos e os olhos fixos no nada.

---

Enquanto isso, do alto de um prédio, Nadir assistia tudo por uma câmera escondida.

— “Ela conseguiu entrar.” — disse ao telefone.

Do outro lado, uma voz feminina respondeu:

— “Você quer que eu a elimine?”

— “Ainda não. Mas prepare-se. Se ela continuar mexendo onde não deve… mata os dois.”

A ligação terminou.

Amirah desligou o celular e fitou o espelho.

— “Vai doer, Zaya. Mas você escolheu amar uma mulher errada.”

---

E naquele mesmo dia, Rami foi sequestrado.

Seu erro: saber demais.

E agora, a vida de um inocente está nas mãos de um império podre.

Mais populares

Comments

Hopi Berry

Hopi Berry

Não faz isso comigo, autora, atualiza logo! 😩

2025-06-15

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!