Capítulo 3: Perfume de Perigo

As noites em Dubai pareciam diferentes desde que Zaya entrou na vida de Maximiliana. Mais intensas. Mais carregadas. Mais perigosas.

Naquela noite, ele a buscou em um Rolls Royce negro com vidros escuros. Disse que iriam jantar. Mas não era em um restaurante comum. O carro cruzou avenidas iluminadas, passou por túneis escondidos e parou em frente a um palácio fechado ao público, nos arredores da cidade.

Dentro, tudo era luxo e silêncio. Estavam sozinhos, à luz de velas, entre colunas de mármore e jardins suspensos.

— “Este lugar é seu?” — ela perguntou, espantada.

Zaya apenas assentiu.

— “Pertence à minha família há gerações. Aqui, eu posso ser… verdadeiro.”

Durante o jantar, ele lhe contou sobre sua infância: os rituais do clã, os ensinamentos rígidos, o desaparecimento misterioso de seu pai, e como assumiu o lugar de liderança muito jovem.

— “Você fala como se estivesse preso a algo.” — comentou Maximiliana.

— “É uma prisão... de sangue.” — ele respondeu, com um olhar frio que logo se desfez ao pousar nos olhos dela.

A noite caminhava tranquila até o momento em que tudo virou fumaça.

Um barulho seco quebrou o encanto. Tiros — ao longe, mas próximos o bastante para alertar Zaya.

Em segundos, ele se levantou, gritou ordens em árabe para os seguranças, e puxou Maximiliana com força pela mão.

— “Fique atrás de mim. Não fale. Não olhe para trás.” — ordenou, com os olhos ardendo em instinto assassino.

Ela não conseguia respirar direito. O coração martelava no peito. Aquilo era real.

Foram levados por corredores internos, enquanto homens armados protegiam as saídas. Zaya mantinha a calma, mas estava em alerta total. Um verdadeiro animal de guerra.

Ao saírem pela parte de trás do palácio, um carro blindado já os aguardava. Entraram às pressas. Maximiliana mal conseguia falar.

— “O que foi isso, Zaya?” — ela perguntou, trêmula.

— “Alguém me quer morto. Isso não é novidade. Mas hoje… você estava comigo.” — ele disse com voz tensa, sem encará-la.

— “Você devia ter me contado! Isso não é um flerte perigoso, é uma maldita guerra!”

Ele se virou bruscamente, a raiva pulsando sob a pele morena.

— “Você não entende. Se eu te contar tudo, você foge. Se eu não contar, você corre perigo. Não existe saída perfeita, Maximiliana. Não comigo.”

Ela se calou. Queria gritar, chorar, mandar parar o carro e desaparecer.

Mas o pior era admitir... que mesmo assustada, ela não queria deixá-lo.

O carro a deixou em segurança no hotel. Zaya não subiu. Ficou no carro, observando-a atravessar a porta de vidro e desaparecer.

Quando ela entrou no quarto, tirou os sapatos, passou as mãos no cabelo e foi até a sacada. Lá fora, a cidade seguia brilhando — indiferente.

Ela encostou-se na parede e murmurou para si mesma:

— “Em que diabos eu estou me metendo...”

E então percebeu que no pescoço ainda sentia o perfume dele, impregnado em sua pele como uma promessa. O perfume do perigo.

Capítulo 4: Sussurros no Jardim

Fazia dois dias que Maximiliana não via Zaya. Depois do atentado, ele desapareceu como fumaça ao vento. Sem mensagens. Sem bilhetes. Apenas silêncio.

Ela fingiu continuar sua viagem, tirou fotos, sorriu para desconhecidos, mas sentia o peito oco. A ausência dele doía de um jeito que não sabia explicar. Não era amor ainda, talvez… mas já era vício.

Na terceira noite, quando voltou do mercado noturno com sacolas de chá e tâmaras, havia um envelope sob sua porta. Reconheceu a caligrafia.

> “Venha. Preciso te mostrar algo. — Z”

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O carro a levou até uma propriedade privada nos arredores da cidade. Um jardim secreto, iluminado por lamparinas penduradas em laranjeiras floridas. O ar tinha cheiro de jasmim e terra molhada. Uma fonte cantava ao fundo, e o mundo parecia suspenso ali dentro.

Zaya estava sentado em um banco de pedra, de branco, como se fizesse parte do jardim.

— “Você sumiu.” — ela disse, sem disfarçar o tom de cobrança.

— “Tive que resolver coisas.”

— “Coisas como homens tentando te matar?”

— “Exato.” — ele respondeu, sem rodeios.

Ela se aproximou, mas parou a poucos passos.

— “Por que me trouxe aqui?”

— “Porque hoje... quero que me conheça. De verdade.”

Ela sentou-se ao lado dele. Por um momento, o ar ficou pesado. Até que ele começou a falar.

Contou sobre sua mãe, uma mulher que morreu jovem, vítima de uma emboscada planejada por rivais do clã. Contou sobre o pai, um homem temido, que desapareceu em circunstâncias suspeitas — provavelmente traído por alguém próximo.

Zaya herdou o império da família aos 19 anos. Jovem demais. Implacável demais.

— “Eu me tornei o tipo de homem que minha linhagem exige. Mas... às vezes me pergunto se ainda existe algo de humano em mim.” — ele disse, olhando para as mãos como se fossem armas.

— “Existe.” — ela sussurrou, com a voz embargada.

— “Como pode ter tanta certeza?”

— “Porque eu vejo isso nos seus olhos. Quando você me olha... você não é um monstro, Zaya. Só está preso num labirinto que não escolheu.”

Ele virou o rosto para ela. O olhar dele estava mais suave, quase vulnerável.

— “Você não tem ideia do quanto eu queria ter conhecido você antes de tudo isso.”

Maximiliana estendeu a mão e tocou o rosto dele com carinho. A pele dele era quente, tensa sob o toque dela. Por um momento, eles apenas ficaram ali — respirando o mesmo ar, conectados em silêncio.

Zaya então se aproximou, devagar. Ela não recuou. E pela primeira vez... seus lábios se encontraram.

Foi um beijo lento, carregado de tudo o que eles não diziam. Um beijo que gritava promessas e medos. Quando se separaram, ela sentiu o coração disparado.

— “Estou com medo.” — confessou.

— “Eu também.” — respondeu ele, sem disfarçar.

E foi nesse jardim, sob o perfume das flores e à luz das velas, que o coração de Maximiliana cedeu. Ela sabia que amar Zaya seria como andar sobre brasas descalça.

Mas ainda assim... ela seguiu.

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