Ariela Vidal não era apenas uma estudante de psicologia.
Ela era herdeira de um império.
Os Vidal formavam uma das quatro famílias mais poderosas do país — influência política, negócios de alto escalão, e um legado construído por gerações. Desde criança, sua vida havia sido traçada com precisão cirúrgica: escolas de elite, etiqueta impecável, amizades selecionadas. E, claro, um noivado arranjado com o filho da família Castellani.
Liam Castellani.
O herdeiro da única família com mais poder que a sua.
Na vida passada, esse acordo fora seu tormento. Crescera odiando a ideia de ser dada como moeda em um jogo de alianças. Cada vez que Liam aparecia, cercado de seguranças e rigidez, Ariela sentia como se estivesse sendo sufocada dentro de um destino que não escolhera. A repulsa cresceu a ponto de se tornar raiva, e a raiva virou indiferença — até o dia em que foi tarde demais.
Mas agora… tudo era diferente.
Ela lembrava da dor dele. Do homem que havia se ajoelhado ao lado de seu caixão, quebrado, envenenado, murmurando palavras que ela só escutara quando já era tarde.
Nesta vida, ela se recusava a deixar que o amor nascesse das cinzas.
Ela queria plantá-lo antes que tudo queimasse.
No salão de reuniões da Fundação Castellani, Ariela observava em silêncio. Conseguiu entrar como observadora no setor de psicologia social após insistência junto ao assessor Marcelo. Vestia-se com discrição, falava pouco, mas absorvia cada detalhe.
Liam ainda não a olhara nos olhos desde o primeiro encontro. Sua frieza era impenetrável, quase militar. Mas ela conhecia a verdade: ele não era frio. Ele era um campo de batalha silencioso. E se ela tivesse que conquistá-lo, seria ali. Com tempo. Com paciência. Com verdade.
Porque em breve, os pais de ambos fariam o anúncio oficial.
E ela queria que, até lá, Liam já tivesse motivos próprios para desejá-la.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, Leonardo Moreira observava o dossiê da família Vidal espalhado em sua mesa. Imagens, contratos antigos, reportagens, declarações. Sabia que os Vidal estavam à beira de consolidar a união definitiva com os Castellani. E a chave de tudo era Ariela.
Ele havia perdido a garota — e com ela, o passaporte para um trono de ouro.
Mas não por muito tempo.
Leonardo sabia ser encantador quando necessário. E Ariela, apesar de estranhamente distante, ainda era sensível. Bastava reativar as memórias certas, os laços antigos, o “romance de fachada” que mantiveram durante tanto tempo.
Talvez ela estivesse deslumbrada por aquele “Castellani gelado”, mas ele apostava que a antiga Ariela ainda vivia ali, em algum canto do coração.
Precisava apenas despertá-la.
Na manhã seguinte, Ariela atravessava os corredores da faculdade quando viu Leonardo encostado ao seu armário, como nos velhos tempos. O sorriso dele era milimetricamente ensaiado.
— Bom dia, Princesa.
Ela suspirou.
— Leonardo…
— Só vim checar se você está bem. Depois da cena épica no pátio… — ele riu. — Confesso que fiquei surpreso. Não é todo dia que alguém troca uma declaração pública de amor por um abraço num CEO congelado.
— Não troquei ninguém — respondeu, firme. — Só fiz o que senti.
Leonardo se aproximou, a voz mais baixa.
— Você sabe que essa história de fundação, de aproximação com o Liam, vai acabar mal, não sabe? Ele não é do tipo que se envolve. Ele obedece. Faz o que os pais mandam. Como sempre fez. Como você odiava.
Ariela cravou os olhos nele.
— Talvez eu tenha mudado.
Leonardo arqueou uma sobrancelha, cético.
Ela pegou os livros no armário e saiu sem olhar para trás.
Mais tarde, ao final do expediente da fundação, Ariela se atreveu a ir até a sala de Liam. Ele estava sozinho, analisando documentos em silêncio.
— Sr. Castellani?
Ele levantou os olhos, sem expressão.
— Precisa de algo?
Ela respirou fundo.
— Só queria agradecer pela oportunidade. E dizer que estou aqui porque acredito no que a fundação faz. Isso é real.
Ele analisou-a por um instante longo. Os olhos dele não revelavam nada, mas Ariela sentiu que ele ouvia mais do que demonstrava.
— Fique até onde fizer sentido. Não há espaço para sentimentalismos aqui.
— Eu não estou oferecendo sentimentos. Estou oferecendo trabalho.
Por um segundo, apenas um, ela achou ver um pequeno músculo pulsar no maxilar dele. Depois, tudo voltou ao normal.
— Boa noite, Srta. Vidal.
Ela sorriu, levemente.
— Boa noite, Liam.
E saiu, com o coração acelerado.
Ele não a impediu. Mas também não a dispensou.
Aos poucos, a parede começava a trincar.
Na varanda do casarão da família Vidal, naquela mesma noite, o pai de Ariela recebia uma ligação sigilosa.
— Está tudo no prazo — disse, com voz grave. — Em vinte dias, anunciaremos oficialmente o noivado. A união entre os Vidal e os Castellani finalmente será pública.
Do outro lado da linha, uma voz respondeu:
— E os noivos?
— Eles se adaptarão. Como sempre foi.
Mas o que nenhum deles sabia… era que, desta vez, Ariela escolheu se apaixonar primeiro.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 33
Comments
bete 💗
ansiosa pela história ❤️❤️❤️❤️❤️
2025-06-14
1