O purgatório - MEIO
Tori
Pronto. Renovada. Pronta pra matar.
Akali
(sem olhar)
Parabéns, cascata de Seul.
Todos começam a vasculhar gavetas, pastas velhas, caixas mofadas. O som de papel sendo revirado, objetos caindo no chão, e claro… reclamações.
Nagi
Tá, agora vamos focar. A senha dos documentos. Deve estar aqui em algum canto
Tori
(determinada, com uma lanterna)
Certo! Vou procurar nos arquivos velhos. Pode ter pista.
Enquanto todos fuçam, Riel abre um armário metálico enferrujado e puxa um tubo preto enrolado com fita. Ele desenrola devagar e seus olhos se arregalam.
Riel
Nossa… quantos lugares!
Ele estica o mapa em cima da mesa. Várias marcações, áreas em vermelho, símbolos, e no centro: uma torre gigante desenhada com tinta preta.
Nagi
(pegando o mapa com brilho nos olhos)
A gente tá aqui…
Base Militar.
(pausa)
Cada ponto desse pode ser uma área de sobrevivência, armamento, coleta… e essa torre central deve ser o coração do sistema.
Tori
(apontando animada)
E se a gente for pra cá? A parte central?
Talvez tenha comida! Um centro de controle, refeitório, alguma coisa…
Akali
(com um sorrisinho debochado)
E a barra de chocolate que você não quis comer?
Tori
(com nojinho)
Akali, pelo amor de Deus… era de 2018. Eu não ia arriscar virar um caso de infecção no meio do apocalipse!
Nagi
(erguendo a sobrancelha)
Ah, e você acha que na torre central vai ter comida de 2025?
Talvez até um Starbucks funcionando?
Tori
(drama)
Sonhar é grátis, Nagi!
Nagi
(já marcando rotas)
Sonhar é grátis, mas combustível, munição e tempo… não são.
(pausa)
A gente pode chegar lá em dois dias se seguir pela rota leste. Mas é o caminho com mais sinalizações de armadilha.
Akali
(fria)
Ótimo. O lugar mais perigoso deve ser o lugar certo.
Tori
(nervosa)
Akali… a gente vai morrer
Akali
(séria)
Então morre atirando.
O grupo ainda tá em volta do mapa, discutindo rotas, quando Tori, distraída, abaixa pra pegar algo caído no canto da sala. Um papel pequeno, amassado e quase ilegível.
Tori
(lendo em voz alta)
Senha… 70070…?
Todos param. Olhares se cruzam. Silêncio pesado. Akali vira lentamente com a mão já na pistola, como se o número fosse um código nuclear.
Nagi
(empolgado) Dá isso aqui!
Ele corre até o terminal antigo da base. Liga o painel de segurança, que pisca com um som metálico. Um campo de texto aparece na tela preta.
Nagi digita com dedos firmes: 70070
Todos prendem a respiração.
Riel
(baixinho)
Se a tela ficar vermelha, eu vou correr.
Tori
Se explodir, eu volto pra assombrar vocês.
Akali
Se explodir, ninguém vai estar vivo pra ver assombração nenhuma.
ACESSO CONCEDIDO
ARQUIVOS DESBLOQUEADOS
Nagi
(arregalando os olhos)
Funcionou.
Tori
(com orgulho e surpresa)
EU SOU UM GÊNIOOOOOO
Nagi
(abraçando ela de leve)
Princesa do caos, eu retiro tudo que falei. Você é útil.
Akali
(olhando fixamente a tela)
Silêncio. Lê logo o que tem aí.
Nagi começa a acessar os arquivos. Imagens aparecem. Nomes. Fotos de participantes. Diagramas da ilha. Mas então… um arquivo chama atenção:
Projeto Purgatório: Candidatos Estratégicos / Genética Modificada
Akali dá um passo à frente, séria. Ele abre o arquivo… e ali está: uma ficha com a foto de Akali. Antes do cabelo longo. Antes das armas. Antes de tudo.
Tori
(em choque)
O que é isso…?
Riel
Ela fazia parte do experimento?
Akali
(olhos fixos na tela)
Não.
(pausa)
Eu era o experimento
A tela do terminal continua exibindo a ficha. Nome: Akali.
Status: Candidata N°004
Categoria: Potencial Genético — Instinto Alfa / Agressividade Controlada / Resistência ao Trauma / Comportamento de Liderança
Tori encara a tela com olhos arregalados. Ela gira o corpo, encara Nari, com a voz embargada.
Tori
O que isso quer dizer…?
Akali desvia o olhar, como se estivesse escolhendo as palavras. Mas Tori não deixa barato.
Tori
(gritando)
FALA LOGO!
O grito ecoa pela sala. Nagi e Riel congelam. Até Niko e Reo lá fora levantam a cabeça. Akali respira fundo. Fecha os olhos por um segundo. Depois encara Tori de frente.
Akali
Eles não me sequestraram.
(pausa)
Eu fui criada por eles.
Akali
(voz firme, mas contida)
Meu pai… era um dos diretores da organização. Ele me treinou desde criança.
Testes. Tortura. Simulações de guerra. Eu era o projeto “N.”
A cobaia que sobrevivia a tudo.
(pausa)
Quando a base original caiu… eu fugi. E jurei nunca mais voltar. Mas agora… eles me trouxeram de volta. Por “sorteio”.
Mentira. Eles me querem aqui. De novo.
Tori
(Com lágrimas nos olhos) Então você sabia… o tempo todo?
Akali
Não tudo. Só sentia.
(pausa)
Agora eu sei.
Nagi
(murmura)
Por isso você nunca erra. Por isso você não hesita.
Riel
Eles não escolheram você… eles criaram você.
Tori dá um passo à frente. O rosto perto do de Akali. Dor e raiva estampados nos olhos.
Tori
E em momento algum… você pensou em me contar?
Akali
(fria, mas com a voz falhando no fim)
Eu tentei… mas você tava ocupada me odiando.
Silêncio.
A respiração delas se mistura. Tensão. Dor. Orgulho. E algo mais.
Tori
(Se vira com raiva) Eu me recuso a ficar no mesmo time que ela!
Nagi
Ah não gente! Isso de novo não né?
Riel
Mas querendo ou não ela está ajudando a gente
Tori
(Angustiada) Então eu to fora dessa aliança
Ela se vira e sai andando para fora.
Nagi
Ok… perdemos um membro
Riel
(Mordendo os lábios) Hum… a gente deveria ir falar com ela?
Nagi
Acho que quem deve ir falar com ela é (aponta para Akali) Ela…
Akali
Eu sei… eu vou trazer ela de volta!
EXTERIOR DA BASE — CORREDOR VAZIO, CHUVA COMEÇANDO A CAIR SUAVE
Tori está sentada numa pedra, abraçada aos joelhos, o rosto escondido no cabelo, o som da chuva leve batendo nas folhas. Ela está machucada por dentro. O tipo de dor que não vem de tiros — mas de confiança quebrada.
Passos lentos se aproximam. A presença é silenciosa, mas poderosa.
Akali
(calma, parando a poucos passos de distância)
Não sei pedir desculpa.
Tori não responde. Apenas respira fundo. Akali se aproxima mais um pouco.
Akali
Mas eu não menti pra te enganar.
(pausa)
Eu menti porque… eu não sabia como você ia me olhar depois.
Tori
(a voz baixa, trêmula)
E agora sabe?
Akali se ajoelha na frente dela, o rosto molhado de chuva e de culpa
Akali
Agora sei que perdi algo que nunca tive coragem de pedir.
Tori
(olhando pra ela)
Você teve.
(pausa)
Eu confiei em você.
E eu odeio confiar.
(pausa mais longa, com lágrimas nos olhos)
Mas você foi a única pessoa aqui que me fez sentir segura.
E agora… eu não sei mais o que você é.
As duas se encaram. A chuva engrossa. O silêncio entre elas vira trovão.
Akali
(sincera, sem máscara)
Eu sou alguém que quer proteger você. Mesmo que você me odeie.
Tori engole seco. Seu rosto está a centímetros do de Akali
Tori
E se eu não conseguir te perdoar?
Akali
Então me deixa provar que eu mereço.
Tori
Promete não esconder mais nada?
Akali segura a mão de Tori e leva ela para dentro da base
Nagi
(Sorrindo) Que bom que já se acertaram!
Tori
(Rindo) Eu só voltei por que não quero morrer sozinha!
Riel
Bora ir para central?
Todos checam seus armamentos
Akali
Tudo certo por aqui!
Riel
(Faz um joinha) Tudo ok!
Nagi
Eu também estou pronto!
No caminho — Sirene de bombardeio começa a tocar
Tori
(Com medo) o que é isso?
Uma explosão rasga o céu a alguns metros à frente. Terra voa. Árvores são arrancadas. O chão treme como se a ilha tivesse vida.
Akali
(gritando) CUIDADO!!! SE ABAIXEM!
Todos se jogam no chão. Uma segunda bomba explode à direita, fazendo o solo tremer. Nagi cobre a cabeça de Reo, Akali rola com Tori pra trás de uma pedra. Niko grita e se protege com o corpo.
Fumaça, mais explosões e caos!
Akali
(gritando com raiva)
É UM ATAQUE DE CONTROLE!!! ELES QUEREM FECHAR O CAMINHO PRA CENTRAL!!!
Nagi
(ofegante)
Isso não é aleatório. TÃO MIRANDO NA GENTE!
Tori
(tremendo, deitada no chão com as mãos na cabeça)
A GENTE VAI MORRER!
Akali
(segura o rosto dela e olha nos olhos)
NÃO! Você vai correr! ENTENDEU?
Você corre e segue meus passos!
Nagi
(olhando o mapa em pânico)
Tem um abrigo! 300 metros pro sul! Mas a gente vai ter que correr… em linha reta! É suicídio!
Riel
(levantando com Carla nas mãos)
Então bora suicidar com estilo.
💥BOOM💥 — um grupo formado por quatro pessoas é morta pela explosão
Tori
(Perdendo sanidade) A GENTE VAI MORRER… ESTAMOS NO INFERNO!
Akali
(Quase derrapando) Merda…
Ela cai de joelhos, escorrega, mas segura firme em Tori. Atrás delas, Riel atira pra cima em direção a um drone, tentando chamar atenção.
Riel
(gritando)
SE A IDEIA ERA FAZER UM SHOW… VOCÊS CONSEGUIRAM, SEUS DESGRAÇADOS!
Niko
(arrastando Reo que caiu)
TEM SANGUE NA MINHA CAMISA! MEU DEUS ISSO NÃO É MEU SANGUE—!
Nagi
(gritando)
ABRIGO! 200 METROS!
EU CONSIGO VER A TORRE DE VIGIA! VAMOS!!!
Akali olha pra Tori, que está com os olhos vidrados, suja, tremendo, com um pequeno corte no rosto.
Akali
(segurando o rosto dela com força)
Tori… olha pra mim.
(pausa)
VOCÊ VAI COMIGO. ENTENDEU?
Tori
(quase sem ar) Eu… eu não consigo—
Akali
Você consegue sim. Você não tá sozinha. (Puxa ela pela mão) corre comigo!
Eles disparam. Riel cobre a retaguarda, Nagi lidera a frente. As explosões continuam, mais distantes agora. Até que finalmente—
O ABRIGO.
Meio enterrado na terra. Uma porta de aço. Camuflada.
Todos entram um a um. Nagi fecha a porta com força. Silêncio. Lá dentro, só respiração. Tosse. O som abafado das bombas ao fundo.
Reo
(caindo no chão)
…eu me mijei.
Riel
(Olhando o mapa) estamos… aqui, perto da central! A gente tá nos bombeiros!
Nagi
Certo… mas deve ter pessoas aqui, certo?
Akali
Se tiver alguém… já ouviu a gente chegando
Reo
(nervoso, encostado na parede)
Tá escuro… e silencioso demais. Igual filme de terror. A gente vai morrer aqui?
Niko
(sussurrando)
Pelo menos já estamos no posto dos bombeiros. Se alguém pegar fogo, talvez tenha extintor.
Tori
(olhando pros lockers, curiosa e assustada)
Será que tem roupas? Equipamentos? Chocolate?
Akali
(de arma em punho)
Só vamos descobrir se vasculharmos. Em formação.
O grupo começa a se mover lentamente pelos corredores do abrigo/posto. A lanterna de Riel ilumina cada canto. Nagi vai abrindo portas com o pé, pronto pra atirar. Tori se mantém perto da Akali, segurando uma barra de ferro.
De repente…
CLANK!
Um barulho metálico cai de um andar acima.
Nagi
(sussurrando)
Tem alguém aqui em cima…
Dois homens surgem no andar superior, com fuzis apontados diretamente para o grupo.
Simultaneamente, outros dois surgem por trás de armários no térreo. Eles estavam camuflados. Treinados. Preparados.
Homem
(do andar de cima, sorrindo maliciosamente)
Olha só… temos companhia!
Riel
(gritando)
ATIREM! E CUIDADO!
TIROS COMEÇAM A VOAR!
Riel rola no chão e dispara três vezes — acerta um dos do andar de baixo direto no peito.
Akali
(correndo com precisão, atira na perna de outro e se esconde atrás do caminhão)
Tori, FICA COMIGO!!!
Tori
(tremendo, com a faca na mão)
EU SÓ TENHO UMA FACA!!!
Niko
(correndo em zigue-zague)
TÁ MELHOR QUE EU QUE TÔ COM UM TACO DE BEISEBOL, E ME MIIIIIIJEEEEI!!!
Ele grita e se esconde atrás de uma escada enquanto segura o taco como se fosse uma espada de samurai embriagado.
Nagi
(atira pro alto, cobrindo o fogo do andar superior)
RIEL! COBRE A AKALI!
Enquanto isso, Akali agarra Tori pelo braço e a puxa atrás de um locker derrubado.
Akali
(gritando)
Olha pra mim! Quando eu mandar, você corre pra aquela caixa e taca essa faca no cara da direita!
CONFIA EM MIM!
Tori
(chorando, mas com os olhos nos dela)
Eu confio.
As balas cortavam o ar. O caos tomava conta. Mas então…
Niko
(gritando com autoridade que ele nunca usou antes)
RECUEM! RÁPIDO!
Niko
(olhos fixos, decididos)
RÁPIDO!
Akali segura Tori pelo braço e a puxa com força, correndo pelos escombros.
Riel cobre a retaguarda.
Nagi agarra Reo pelos ombros e o arrasta como um boneco.
A fumaça e os gritos ficam pra trás. Mas Niko… Niko não se move.
No meio do tiroteio, ele respira fundo, saca a granada de dentro do colete, e observa os inimigos correndo atrás do grupo.
Homem 3
(gritando)
ELES ESTÃO FUGINDO!!!
Niko sorri. Um sorriso pequeno, triste, mas cheio de paz.
Niko
(pensando)
Foi ótimo participar do jogo com vocês…
Ele grita com força, como se quisesse que as estrelas ouvissem:
Niko
VOCÊSSSSSSSS! AAAAAAAAHHH!
A explosão sacode a estrutura do posto. As janelas estilhaçam. O chão racha.
Um clarão toma conta do céu.
Do lado de fora, o grupo se joga no chão. Nagi protege Riel. Akali abraça Tori com força, como se não quisesse deixá-la escapar.
Silêncio. Só o som dos cacos caindo. E o cheiro de pólvora no ar.
Nagi
(em choque, ajoelhado)
…Ele…
Riel
(baixando a cabeça)
…se sacrificou.
Tori
(encarando a fumaça, em lágrimas) Niko….
Akali
(fechando os olhos por um momento)
Ele salvou todos nós.
A brisa bate leve, espalhando os últimos resquícios da fumaça. O grupo está de joelhos ou parado, em completo silêncio.
O som da explosão ainda vibra no peito de cada um.
E então—
Tori
(gritando com a alma rasgada) NIKOOOOOOOO!
Nagi
(baixinho, com a cabeça abaixada)
…ele se foi.
Akali
(caminha até Tori devagar, se agacha na frente dela)
Ele…
(pausa)
Ele salvou a gente, Tori
Tori balança a cabeça, soluçando, sem conseguir falar. Akali a segura pelos ombros
Akali
(voz baixa, firme)
A gente vai honrar o que ele fez.
E vamos sair daqui.
Vivos.
Tori levanta o olhar. Ainda cheia de dor. Mas agora com fogo nos olhos.
Ela segura a mão da Akali com força.
Tori
(baixo)
Vamos acabar com esses desgraçados.
Riel encontra um objeto no bolso da mochila que Niko havia deixado antes da batalha:
Riel
(espantado)
Pessoal…
(pausa)
Ele deixou… isso aqui.
Niko
(na gravação):
Mãe… Pai… eu sei que eu não fui bom na faculdade!
Mas eu prometo que vou ganhar muito dinheiro… eu só preciso sair dessa ilha!
Todos escutam em silêncio. O rosto de Tori está afundado nas mãos. Nagi morde o lábio. Riel segura o gravador com os olhos marejados.
Niko
Não se preocupem, eu fiz amigos que não confiam em mim completamente…
Mas é compreensível isso! Estamos aqui pra se matar, né?
Haha…
(pausa)
Mas eu confio neles.
Um pouquinho.
Tori deixa escapar um soluço. Akali, sem dizer uma palavra, a envolve num abraço apertado, forte. O tipo de abraço que tenta segurar alguém inteiro enquanto o mundo desaba.
Niko
Enfim… eu prometo ajudar vocês com a loja.
Eu vou ser um bom filho.
(pausa)
Ah! E eu batizei o nome do nosso time!
Vai time “Hwan”!
Haha!
O gravador apita. Fim da mensagem.
Tori
(gritando em dor, lágrimas escorrendo)
AAAAAAAAHHHHH!!!
Akali segura ela com força, afundando o rosto no pescoço da Tori. O grupo inteiro permanece em silêncio. A perda é sentida no ar.
Nagi
(baixinho, quebrado)
Pesado…
Riel guarda o gravador. Olha pro horizonte. Depois encara os outros
Riel
(firme)
Agora a gente vai até o fim.
Por ele.
Por todos.
Eles estendem as mãos uma a uma, num círculo improvisado.
Riel, Nagi, Tori, Akali, Reo:
Time Hwan.
Depois da despedida dolorosa, o grupo segue em silêncio, determinado. Os olhos atentos, as mãos nas armas. O mapa mostra que a torre central está cada vez mais próxima.
De repente—
Nagi
(apontando pra frente)
Olha! Um carro!
Entre a vegetação, coberto por galhos e parcialmente camuflado, um jipe militar parece ter sido abandonado. Está torto, mas intacto.
Tori
(correndo até o veículo)
Quantas pessoas cabem?
Nagi
(abrindo a porta)
Se for esse modelo…
(pausa, inspecionando)
Três na frente, dois atrás… mas é apertado.
Riel
(pulando no banco do motorista)
Apertado é luxo aqui, bebê
Akali
Só precisa funcionar.
Reo
(espiando a traseira)
Tem um compartimento com munição e suprimentos!
…e uma lata de pêssego de 2016.
Tori
EU VOU COMER MESMO ASSIM!!!
Riel tenta ligar o carro.
Riel
(gira a chave)
…vamos lá, amorzinho…
Todos: OOOOOOOOOOOOOOOH!!!
Nagi
Ok, novo plano: vamos em comboio até o portão da central.
Alguém precisa ficar de olho no caminho, a gente pode ser emboscado.
Akali
(olha pra Tori)
Você vai do meu lado.
Tori
Desde que eu não vá atrás com o Reo que já se mijou três vezes.
Reo
FORAM DUAS!!!
…e meia.
O motor ronca enquanto o jipe sacoleja pela estrada de terra, desviando de buracos, galhos e cadáveres esquecidos. O clima estava tenso, em silêncio, cada um nos seus pensamentos…
até que Tori decide jogar a real
Tori
Gente, quebrando o silêncio aqui rapidinho…
(pausa dramática)
Qual a sexualidade de vocês?
O jipe sacoleja. O grupo se olha.
Nagi
(sem desviar os olhos da estrada)
…você realmente quer saber isso agora?
Tori
SIM! Vai que a gente morre daqui a dois quilômetros.
Eu PRECISO saber se posso ou não flertar com alguém aqui!
Reo
Eu sou hétero! Mas tô aberto a abraços se a situação for carinhosa…
Riel
Hétero. Mas já beijei um colega na faculdade. Longa história.
Nagi
(rindo)
Pansexual. Se tiver atitude, eu me apaixono.
Incluindo… carros.
(dá um tapinha no painel do jipe)
Essa aqui é a minha namorada atual.
Akali
(sem nem pensar) Lésbica.
Tori
(fazendo pose toda debochada)
Nada não… só achei interessante.
Nagi
GENTE
ela foi do pânico pro flerte em menos de 24 horas
Riel
Ela é o próprio experimento psicológico.
Reo
E eu ainda tô traumatizado.
Tori
(rindo)
Então a maioria daqui é gay!
Akali
(revirando os olhos)
Tanto faz.
Nagi
E você, Tori? Já que tá interrogando todo mundo…
Tori
(virando o rosto lentamente, com um sorriso provocante)
Eu sou bissexual! Por quê?
Quer me beijar?
Nagi
(rindo e ajeitando o espelho retrovisor)
Gostei da ousadia.
Reo engasga com o próprio medo. Riel arregala os olhos. E Akali vira o rosto lentamente, os olhos semicerrados, encarando Nagi igual uma pantera com fome de vingança.
Akali
(seca)
Você beija qualquer coisa que respira, Nagi!
Nagi
(piscando pra Akali)
Tá com ciúmes?
Tori ri alto, divertida com o fogo se formando no banco da frente.
Riel
Eu só queria chegar vivo. Agora tô torcendo pra ser atropelado pelo destino.
Reo
Eu achei bonito, gente. O amor… mesmo em tempos de guerra.
O jipe vira uma curva. No horizonte… a torre central começa a se erguer, imponente e sombria.
O jipe sacoleja a toda velocidade. O sol começa a se pôr no horizonte, banhando a estrada com tons alaranjados.
Mas não dá tempo de admirar nada.
Riel
(olhando pelo retrovisor)
MERDA…
Um carro preto blindado surge atrás deles, ganhando velocidade rapidamente.
TIROS COMEÇAM A RASGAR O AR
Homem
(do carro inimigo):
FOGO!!!
As balas ricocheteiam na lataria do jipe. Um tiro atravessa o espelho lateral. Tori grita e se joga no colo da Akali.
Tori
EU NÃO QUEROOOO MORRER!
Eu ainda nem fiquei ricaaaa!!
Reo
EU AINDA NEM BEIJEI NINGUÉM NESSE INFERNOOOOO!
Akali
(gritando)
TÁ TODO MUNDO VIVO AINDA! CALA A BOCA E PEGA ESSA GRANADA!
Ela joga uma granada de fumaça pra Nagi, que a puxa com os dentes e arremessa pela janela traseira.
💨💨💨 GRANADA DE FUMAÇA EXPLODE ATRÁS
A estrada se cobre de neblina cinzenta.
Nagi
(segurando a metralhadora e atirando pela janela)
VOU TENTAR FURAR O PNEU DELES!
Riel
(desviando bruscamente)
SEGURA FORTE!!!
Todos gritam. O jipe salta por um morro e volta ao chão com um baque.
💥 BOOM!
Uma das rodas do carro inimigo é atingida.
Tori
(aplaudindo chorando)
SIIIIIIIIIMMM! VAI SE FUDEEEEEER!
O grupo ainda comemorava a explosão parcial do carro inimigo, mas a guerra não acabou.
Um último disparo — certeiro — rasga o ar e acerta em cheio o pneu traseiro do jipe.
O carro derrapa violentamente. Nagi gira o volante tentando manter o controle, mas…
💥 CRASH!
O jipe sacode brutalmente. A porta lateral se abre com o impacto.
Ele é arremessado do veículo. Bate no chão, rola e tenta levantar com um grito.
Mas o carro inimigo…
se aproxima em alta velocidade…
sem piedade…
💥💥💥 CRUNCH!!!
Nagi
(gritando)
NÃÃÃÃÃÃOOOOO!
O corpo de Reo voa para o lado. O carro inimigo segue sem parar, como um animal em fúria.
O jipe do grupo bate em uma árvore e finalmente para.
Tori
(com a boca aberta, tremendo)
M… meu Deus…
Akali
(olhos arregalados, ainda segurando a arma com força)
…eles mataram o Reo.
Riel
(socando o volante com força)
ELE ERA UM IDIOTA, MAS ERA NOSSO IDIOTA!!!
Nagi
(ajoelhado no banco, olhando pra estrada destruída)
…não deu nem tempo…
Fora do carro, pedaços da mochila de Reo estão espalhados no chão.
Um barulho começa a ecoar…
📢 DRONE DE VIGILÂNCIA SOBREVOANDO A ÁREA
“Zona de combate detectada. Risco elevado. Preparem-se para nova rodada.”
Nagi
(Olhando pro drone) Isso é (pausa) CORRAM!
💥KABOOOOOOOMMMMMM!!!
Uma bomba de fragmentação cai no exato ponto onde o jipe parou.
A explosão sacode a floresta, os corpos são arremessados como bonecos de pano.
Fumaça, poeira, folhas queimadas… tudo se mistura no ar.
Longe, no chão duro da floresta:
Tori
(caída, com sangue escorrendo na testa)
…ah… meu… braço…
Akali
(do outro lado, tossindo, suja de terra e com a perna presa em galhos)
TORI!!!
Nagi
(se arrastando, com o ombro deslocado) RIEL! RIEL?!?
Riel
(resmungando, deitado de bruços, mas vivo)
To… to aqui… tô inteiro… acho…
A voz do drone continua ecoando pelo céu como um demônio tecnológico:
📢 “Jogadores dispersos. Tempo restante para nova rodada: 7 minutos.”
Um salão elegante, climatizado.
Champanhe borbulha nas taças. Sofás de veludo. Um telão holográfico no centro exibe várias câmeras da ilha em tempo real.
As vozes dos gritos, explosões e tiros soam como música de fundo para os ricos que assistem como se fosse um reality show de luxo
VIP
(ajustando os óculos escuros e sorrindo com desprezo)
Em qual você tá apostando?
VIP 2
(bebendo um coquetel)
Aquela branquinha dramática.
Tori, não é?
Ela chora demais, mas sobrevive como uma barata.
Tem potencial.
VIP 3
(passando o dedo em uma tela flutuante)
A Akali.
Sangue frio, atiradora precisa.
Apostei 200 milhões nela.
VIP 4
(rindo alto)
Vocês são péssimos apostadores.
Eu apostei no Nagi.
Lutador, sedutor, e burro o suficiente pra ser imprevisível.
Eles riem como se estivessem falando de cavalos de corrida.
VIP 2
E o nerd? Como é mesmo?
Ri… alguma coisa?
VIP
Aposto que morre nas próximas rodadas.
Mas ele é útil. Estratégia.
Se sobreviver… é lucro.
Na tela, a imagem mostra o grupo andando em meio à névoa da Zona Sombra.
TELÃO — DRONE CÂMERA 07:
— Tori tropeça e Akali segura sua mão com força.
VIP 3
Olha só…
tem romance no ar
VIP 4
(rindo)
Querem apostar em quem beija quem primeiro?
VIP 2
Beijo? Eu quero ver quem sobrevive até a última rodada.
Jon
Espero que estejam gostando!
VIP 3
Isso tá maravilhoso!
VIP 4
Até agora não tenho nada reclamar
VIP 2
Nunca pensei que ver pessoas morrendo ia ser tão incrível!
Jon
(Baixinho) E é exclusivamente para vocês!
Enquanto isso na Zona Sombra!
Nagi
(revirando os olhos, com a arma em mãos)
E eu posso fazer o quê, Tori? Quer que eu cace um javali invisível?
Tori
(dramática)
Eu aceitaria até uma barra de proteína mofada agora…
Ou um miojo cru…
Ou uma lasanha congelada daquelas que a gente come chorando assistindo dorama!
Riel
(sussurrando, focado no mapa)
Shhh!
Concentrem-se!
Tem alguma coisa andando ao nosso redor…
Akali
(puxando Tori pela gola)
Fome ou não, se você não andar calada a próxima coisa que vai comer é uma bala — no máximo um tapa.
Tori
(sussurrando com cara emburrada)
Você é tão mandona…
Riel
Sério? A gente vai morrer e vocês tão flertando?
Um estalo mais forte é ouvido entre as árvores.
Akali
(parando de andar)
Ouviram isso?
Tori
(olhos arregalados)
Foi um… animal?
Nagi
(ainda sem reação)
Ou algo que imita um…
Voz distorcida
Pssst… psst… tem alguém com fome…?
A tensão pulsa no ar. Nenhum vento. Nenhum som. Apenas o farfalhar do medo.
Tori está com os olhos arregalados, os cabelos colados no rosto suado. Ela ergue a faca com as duas mãos trêmulas.
Tori
(gritando)
Q-QUEM É?!
EU TENHO UMA FACA!
E EU SEI… EU SEI USAR!
(pausa)
Mais ou menos!
Todos ficam imóveis. Até a névoa parece congelar.
Akali
(sussurrando)
Shhh!
A coisa… tá ouvindo
Do meio da névoa, passos se aproximam. Leves. Precisos.
Voz distorcida
(sussurrando, quase infantil)
Você está com fome…
Um vulto começa a se formar na frente do grupo. Alto. Esquelético. Usando uma máscara com um sorriso pintado em sangue seco.
Riel
(apontando a arma, em choque)
Não é humano…
O vulto se aproxima devagar, cabeça inclinada para o lado, como se estivesse analisando Tori.
Voz distorcida
Você chorou hoje.
Você perdeu alguém.
Você…
tem sabor de desespero.
Tori
(com a voz trêmula, mas firme)
Se vier mais perto… eu enfio essa faca até o cabo.
Voz distorcida
(parando) Quero ver.
O vulto…
simplesmente desaparece na névoa, como se nunca tivesse existido.
Não há som. Não há rastros. Apenas o vazio.
E então…
Tori
(com os olhos vidrados, a faca ainda em mãos)
Eu…
eu não consigo…
Ela cambaleia para trás, o corpo mole, os joelhos falhando.
Antes que caia no chão, Akali a segura no ar, puxando-a contra o peito.
Riel
(ofegante)
Meu Deus…
Ela desmaiou!
Nagi
(ajoelhando com cuidado)
O corpo dela tá frio…
Ela tá em choque… e sem comer há horas.
Akali
(com raiva contida)
Esse lugar vai acabar com ela…
Ela tira a própria jaqueta e envolve Tori com delicadeza. Seus dedos tremem, mas seus olhos estão firmes.
Akali
(sussurrando)
Você não vai morrer aqui.
Eu juro por tudo que há em mim.
Nagi e Riel trocam olhares. O silêncio se instala. A única coisa que se ouve… é a respiração fraca da garota nos braços de Akali.
Riel
(Vendo algo) Olhem uma cidade!
Akali
(ainda segurando Tori nos braços)
Não baixem a guarda.
Pode parecer salvação…
Mas nesse lugar, tudo grita “armadilha”.
Eles atravessam os escombros, passando por outdoors rasgados, pichações e câmeras giratórias nos postes.
Nagi
Parece que ninguém chegou aqui ainda…
Ou se chegou… não saiu.
Eles entram em um supermercado abandonado. A luz ainda pisca no teto.
Riel se joga no chão de azulejo, exausto
Riel
É aqui.
Vamos montar base aqui mesmo.
Nagi
(vasculhando o caixa)
Tem comida de verdade aqui.
Sorvete derretido, salgadinho, biscoito velho… mas é alguma coisa!
Akali
(ajoelhando com Tori)
Nagi… vê se acha água. Ela precisa.
Tori está desacordada, suada, com respiração fraca. Mas viva.
Câmeras escondidas nos cantos da cidade ativam um “REC” silencioso.
Na central da organização, VIPs assistem em tempo real.
📢 “Time Hwan chegou na Central. Preparem a próxima fase: O Jogo Final.”
O grupo finalmente se acomoda atrás de uma prateleira caída.
Akali continua cuidando da Tori limpando sua testa com um lenço velho.
Nagi vasculha um armário enferrujado em busca de água.
Riel está encostado na parede, olhando em volta com desconfiança.
Riel
(sussurrando)
Para ser a fase final…
Quantos jogadores sobraram, Riel?
Nagi
(abrindo uma garrafa e cheirando)
Hm…
Espera… deixa eu pensar…
Ele se senta, apoia os cotovelos nos joelhos e começa a contar nos dedos
Nagi
A gente começou com 150.
A primeira bomba… matou uns 40.
Na floresta, vários foram emboscados…
Depois teve o bombardeio, os drones, a Zona Sombra…
Nagi
Se meus cálculos estiverem certos…
devem restar menos de 30.
Nagi
Sim.
O “Jogo Final” deve começar quando restarem 24 ou menos.
Se seguirem a lógica de batalha de squads…
Akali
(interrompendo, firme)
Ou seja… tá todo mundo vindo pra cá agora.
Alto-falante escondido, ativando nas sombras do teto do mercado:
“Parabéns, jogadores. Bem-vindos à fase final.”
📢 “A partir de agora, cada grupo saberá… onde os outros estão.”
Vários dispositivos no chão ativam uma luz vermelha. Um holograma no canto revela a cidade dividida em 6 zonas — e os ícones de squads começam a piscar por todo o mapa
Nagi
(olhando assustado)
Eles vão fazer a gente se caçar…
Tori
(olhando ao redor, confusa)
O-onde eu tô…?
Riel
Finalmente acordou!
Quase me fez perder a aposta. Eu disse que você ia sobreviver.
Akali
(ajoelhada ao lado dela, segurando uma garrafa)
Shh…
Beba isso. Devagar.
Ela apoia a nuca de Tori com uma das mãos, com cuidado, e leva a garrafa até os lábios rachados dela.
Tori bebe, engasga um pouco, mas logo respira melhor.
Tori
(sussurrando)
Tá morna… horrível…
Akali
(séria) É água ou desmaiar de novo. Sua escolha.
Tori
(tentando sorrir)
Ai… você continua grossa.
Akali
E você continua viva. Agradeça.
Riel observa de longe, apoiado na prateleira.
Riel
Avisa ela que estamos na Central.
E que… a fase final começou
Nagi pega o mapa e mostra os ícones piscando.
Nagi
Os outros times sabem onde a gente tá, Tori.
A partir de agora… é caçar ou ser caçado.
Tori
(voz fraca)
A única coisa que eu quero…
é um momento de silêncio…
Todos se viram para ela. Nagi para de mexer no mapa. Riel baixa a arma. Akali apenas abaixa os olhos.
Tori
…pelo Niko.
Pelo Reo
Eles…
Eles confiaram na gente.
E agora… eles viraram estatística.
Silêncio.
Nagi respira fundo, se encosta na parede com os olhos marejados.
Riel se aproxima e coloca um pacote de biscoito selado entre velas improvisadas com isqueiros e latas.
Akali solta a mão de Tori só por um segundo, fecha os olhos, e diz baixo:
Todos repetem.
Todos (em uníssono, baixo):
Time Hwan.
O silêncio reina por alguns segundos. A câmera (invisível aos personagens) transmite isso em tempo real aos VIPs.
Mas por algum motivo… nenhum deles diz nada.
A sirene corta o céu como uma lâmina.
O eco dos “BOOMS” sacode os prédios.
O chão treme.
Estilhaços voam das janelas.
A fumaça sobe como dragões famintos por sangue.
Todos se abaixam atrás de um carro tombado, protegendo Tori que ainda está enfraquecida.
Lá na frente, dois grupos trocam tiros com tudo — rifles, granadas, gritos de fúria e desespero.
Riel
(espiando por cima do capô)
São dois times!
Um tem metralhadoras…
O outro parece ter um lança-foguetes!
Explosão à direita. Um prédio colapsa
Nagi
Se a gente for… a gente morre.
Tori
(fraca, mas firme)
Então… vamos?
Nagi
(olhando com um sorrisinho)
Não.
Vamos deixar eles se matar.
Todos olham pra ele. Akali dá um leve sorriso cínico
Eles recuam por uma viela lateral, passando por prédios abandonados enquanto os outros jogadores se destroem.
O som dos tiros continua ecoando ao longe.
No alto, uma câmera os segue.
No salão dos VIPs… todos assistem em silêncio
VIP
Eles estão jogando sujo.
Gostei
VIP 3
A menina branquinha…
ela vai virar um monstro ainda
O grupo entra numa antiga biblioteca destruída, procurando abrigo.
Estão cansados. Sujos. Exaustos.
Mas vivos.
De repente —
Ele surge das sombras, com os olhos vermelhos de loucura e uma faca na mão.
Nagi tenta sacar a arma. Riel se joga pro lado.
Mas é tarde demais
Tori, ainda com o rosto suado, se levanta num impulso.
Os olhos vazios.
Sem hesitar.
Ela corre com a faca.
Uma, duas, três, QUATRO vezes.
Ela crava com força, grita com raiva, com medo, com tudo que reprimiu até ali.
O homem cai com o corpo mole, o rosto irreconhecível.
Silêncio.
Só o som da respiração dela.
Rápida. Trêmula.
As mãos tremendo, cobertas de sangue.
Nagi
(assustado, mas respeitando)
Ela… ela salvou a gente.
Akali
(se aproxima devagar) Tori…
Tori
(ainda ofegante, sem olhar pra ninguém)
Ele ia matar vocês.
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