capítulo 5

Jessie não olhou nem uma vez para trás. Não queria ver a sua amiga despedaçada como ela mesma estava. Foi conduzida a um carro preto e titubeou antes de entrar.

- Posso saber para pretende me levar? As outras garotas nunca tiveram esse tratamento quando saíam.

- Apenas entre e abra o envelope. E não adianta perguntar nada que não tenho permissão para dizer.

Ela relutou, mais ainda por ele saber do envelope. Ela firmou os pés no chão e negou-se a entrar.

- Já tinham me avisado que é rebelde. E estou acostumado a ser bem convincente. Vai mesmo querer experimentar o meu tratamento especial para rebeldes?-Deu a a ela um olhar sem nenhuma emoção- não tem opção. E não estará correndo perigo, se é esse o seu motivo de se recusar.

Ela estremeceu com as palavras dele, frias e cortantes como aço. Mas não deixou que ele percebesse. Levantou a cabeça e entrou sem pestanejar. As portas foram travadas. Ela engoliu em seco. Mas se não morrera nesses 21 anos com tantas crueldades, seria ironia demais ela ter medo de um homem só.

O carro percorreu um bom caminho e ela abriu o envelope. Havia apenas um endereço "rua Strand, westminter", bem no centro de Londres. Jessie queria muito ver a paisagem, mas os vidros eram escuros. Ela suspirou resignada e decidiu pensar no lado bom. Nunca mais veria aquelas freiras odiosas. Não teria mais calabouço escuro, cheio de baratas, o que a fazia chorar de medo. Não teria mais que dormir com fome, se contentando com um copo com água. Se não fosse Alyssa e Tonya, com certeza ela não teria sobrevivido às torturas impostas a ela.

E quanto mais elas a torturavam, mais rebelde se tornava. Era incapaz de conter a fúria quando tinha que submeter-se à uma revista de higiene. A irmã Olinda fazia questão de tocá-la de forma repulsiva e quando dava por si, depois de uma surra bem dada, estava novamente no calabouço com as baratas, que a seu ver, eram melhores que a irmã.

O carro parou e as memórias se foram. O motorista abriu a porta para ela. Fez sinal que o acompanhasse e ela ficou deslumbrada com o prédio imponente à sua frente. A placa destacava" Advocacia Spencer& associates.

Na recepção, depois de ser anunciada, aguardou uns minutos e una mulher muito elegante veio até ela com um sorriso amável.

Assim que ela se aproximou, o motorista foi embora sem nem mesmo olhar para trás.

- Ele é de qual época? Deve ser da pré-história.

A mulher sorriu divertida.

- Bom dia, Jessie. Sou Anne. Não se preocupe com ele. Apenas executa o seu trabalho. Por favor, me acompanhe.

- Bom dia Anne. Posso saber para onde está me levando?

- Querida, aguentou até agora, aguarde só mais um pouquinho.

Elas se dirigiram para o elevador. Ao chegar no último andar, Anne a levou para uma sala muito requintada. Decorada em tons sérios e minimalista. Dava um aspecto sombrio.

- Você aceita um café, ou outra bebida?

- Um café está ótimo, obrigada.

Ela saiu e minutos depois entrou com o café e também água.

- Dentro de alguns minutos o senhor Albert chega.

- Obrigada. E quem é esse homem do quadro?

Antes que Anne falasse, um homem bem vestido entrou. Era o do quadro. Usava óculos de aro preto, estava começando a ficar calvo e a estatura baixa fazia com que aparentasse ser mais gordo. Parecia com o jardineiro do orfanato.

- Bom dia. Desculpe a demora senhorita. Anne está lhe tratando bem?

- Bom dia. Está sim, obrigada.

Anne sorriu e pegando a bandeja se retirou. O silêncio reinou por uns segundos.

- Bom, tenho certeza que está muito curiosa. Deixe-me dizer quem sou. O meu nome é Albert Spencer. Sou advogado e lido especialmente com questões de vara de família.

- Eu acho que não preciso me apresentar, já que vim até aqui trazida por um funcionário do senhor.

Ele sorriu divertido. Ela era exatamente como imaginava.

- Você é Jessie Donavan, 21 anos. Hoje foi o seu último dia na Fundação Santa Maria.

- Se gosta de dar esse nome àquele lugar, tudo bem

- Teve alguma dificuldade em se adaptar às regras de lá?

-Digamos que não sou de seguir regras que eu não considero justas.

- Hum- ele exclama- eu sinto muito por qualquer coisa ruim que tenha passado. Mas isso fica no passado. A sua vida agora irá mudar. Você estudou lá, não foi?

- Sim. Concluí o Ensino Médio.

- Pretende cursar alguma faculdade?

- Não sei. Não faço ideia de como será agora. Sou órfã, não tenho experiência nenhuma. Isso sem falar que eu não tenho nem para onde ir.

- Mas se tivesse condições, gostaria de cursar alguma faculdade?

- Sim, gostaria. Eu queria muito estudar advocacia. Não sei porque sempre me senti atraída por leis.

- Não é porque sou advogado que digo-lhe que é uma excelente escolha.

- Senhor Albert, vamos deixar de sonhar. Eu gostaria muito que me explicasse como vim parar aqui.

Ele sorriu enigmático. Abriu a gaveta de sua mesa de mogno escura. Tirou uma caixa e colocou-a em cima da mesa.

- Jessie, essa caixa contém toda a sua vida. Desde o dia que nasceu, até hoje.

- Como assim?

- Fui designado para conduzí-la de agora em diante. Mas antes de tudo, precisa conhecer a sua história.

- Minha história? Sou apenas uma criança rejeitada que teve a infelicidade de sobreviver e ir parar naquele maldito lugar

- Eu realmente sinto muito que tenha sido necessário ir parar lá.

- Necessário? Quer dizer que eu poderia ter ido para outro lugar?

- Sim. Mas você só entenderá o motivo depois que souber toda a verdade.

- Estou mais que curiosa. Pode me dar a caixa que sou rápida para ler. E tenho memória fotográfica. Não perco um detalhe.

- Não será assim. Essa é apenas uma caixa. Não é a única. E não contém apenas relatórios, mas vídeos, fotos, documentos. E você precisa ter pleno conhecimento de tudo.

- Eu disse que tenho memória fotográfica. E quanto aos relatórios, leio em segundos.

- Não é o bastante. Deve ler, reler, ver, rever quantas vezes forem necessárias. Assinale o que lhe chame a atenção . Daqui a três dias, volte para debatermos alguns aspectos ou dúvidas. E receberá outra caixa.

- O senhor está de brincadeira comigo? Não acha que já sofri um bocado? Claro que não sabe. Não estava lá nas ocasiões que eu precisava ser disciplinada apenas porque queria mais um pedaço de pão. Ou quando queria fugir de mãos pegajosas me tocando. Mãos de quem deviam segurar terços.

- Jessie, eu sei que não foi fácil. Mas quero que saiba que estou apenas cumprindo com o meu dever. As orientações que me deram foram essas.

- Orientações de quem?

- Saberá no tempo certo. Agora você pode ir.

- Ir? Para debaixo da ponte?

- Desculpe- me pelo lapso- abriu a gaveta superior e retirou um envelope pardo- aqui tem o endereço para onde vai.

- Não me figa que é outra instituição?

- Claro que não. Você vai para um lugar discreto. Tem todas as orientações no envelope. E Anne a levará até o endereço. E a partir de agora você só manterá contato comigo ou Anne, tudo bem?

- Estou meio em dúvida se devo confiar em vocês.

- Perfeitamente aceitável. Mas você não tem escolha. E posso lhe garantir que não faremos mal a você.

- Está bem. Farei como me diz.

Jessie pegou a caixa e viu que estava lacrada.

- Claro que devo abrir quando chegar ao meu destino, não é?

- Isso mesmo. Boa sorte, Jessie E a sua vida de agora em diante será outra. E tenho certeza que irá gostar.

- Qualquer coisa é melhor que aquele orfanato.

Ela saiu e Anne a esperava para irem embora. Um rapaz ajudou Jessie com a caixa e logo estavam na estrada.

...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...

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Comments

Erlete Rodrigues

Erlete Rodrigues

curiosidade é o meu nome

2025-08-03

0

Marilena Yuriko Nishiyama

Marilena Yuriko Nishiyama

vixi quanto enigma 🤨🤨

2025-06-14

0

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