3. Degustação de Sangue
A sensação era estar deitada sob uma nuvem
Nunca em minha vida tinha deitado em um colchão tão macio
O relógio marcava 23:15 a última vez que olhei
O jantar seria daqui a 15min.
Levanto da cama e meu corpo arrepia ao sentir o mármore gelado na sola dos meus pés
Por mais que estivesse cansada da viajem, seria falta de educação vinda da minha parte, não comparecer ao jantar
Tanto o quarto quanto o banheiro eram dignos de alguém da realeza, uma princesa possivelmente
Se isso fosse um sonho, estava pedindo que não me acordassem
O banho foi rápido, mas foi suficiente para tirar a tensão rígida dos músculos
Vesti a maior e menos indecente camisola que achei na minha bagagem, minha madrasta insistiu que fossem compradas novas, e que eu parasse de me vestir como uma mulher velha
Mas consegui trazer a camisola da mamãe com sucesso—ainda tinha o cheiro do perfume dela...
Parei em frente ao espelho e dei um rodopio, era confortável, mas algo ainda me incomodava profundamente.
Mordi o lábio inferior, insatisfeita, mas quando olhei para o relógio em minha cabeceira, ele marcava 23:32
E Reiji não parecia alguém que tolera atrasos
Saí apressada do quarto, esquecendo até meus sapatos.
O tecido da camisola me dava uma aparência fantasmagórica ao descer a enorme mas ingrime escadaria
Os seis irmãos já estavam sentados a mesa, e comendo quando cheguei a sala de jantar
E para o meu azar a única cadeira vazia estava na ponta da mesa, talvez nem fossem ligar pra mim, isso não seria tão ruim
Cabeça baixa, sem contato visual, eu fingi não os ver
E no fim deu "certo", o problema? Tinha um ursinho de pelúcia ocupando a cadeira.
Lysandra
— Mas o que é isso..? — Murmurei confusa
Kanato
— Não pode sentar aí.
Kanato me encarava com desprezo—deveria ser a única expressão que ele tinha.
Lysandra
— Por que não? — Pisquei
Kanato
— Chegou atrasada, Teddy ocupou o lugar.
Lysandra
— Você o colocou aqui? — Apontei para a pelúcia
Lysandra
Bufei baixinho — O que eu tenho que fazer para poder me sentar?
Já estava começando a me irritar, ele parecia meus irmãos mais novos.
Teria que tirar o ursinho eu mesma.
Puxei a cadeira e toquei a cabeça do urso, mas Kanato levantou-se de uma forma brusca
Kanato
— Não toca nele! — Sua voz estava alterada
Lysandra
— Por que está gritando? Eu nem o toquei direito. — Franzi o cenho
Lysandra
— Eu preciso comer também
O corpo de Kanato começou a tremer, ele estava com raiva por causa de ursinho?
Só poderia ser brincadeira.
Meu olhar cresceu de pavor
Lysandra
— Isso já é demais. Por que está agindo assim por causa de um brinquedo de criança?
Mal sabia eu, que tinha acabado de cometer o pior erro da minha vida.
Os olhos sem vida e opacos de Kanato transbordavam raiva, sua mão que segurava uma taça de vidro começou a tremer
Kanato
— Eu... não sou... CRIANÇA
Em um piscar de olhos a taça explodiu em mil pedaços.
Me abaixei e protegi a cabeça, tinha algo de errado... Ele era magro, não teria força pra quebrar um copo de vidro só com uma mão.
Levantei horrorizada. O líquido vermelho descia por todo braço de Kanato e pingava no carpete.
Olhei para os outros irmãos que estavam alheios a situação, nenhum deles levantou para ajudar.
A respiração de Kanato estava fraca, tinha um caco de vidro fincado em sua mão e ele sequer gritou de dor.
Lysandra
— Não está doendo...? — Disse preocupada
Ele olhou para a própria mão e riu. Uma risada sombria, amarga, que fazia todos os pelos do corpo arrepiarem.
Quando me encarou novamente, me encolhi
Kanato
— Você... é tão idiota garota.
Meus lábios secaram e em minha garganta formou-se um nó
Kanato pegou seu ursinho de pelúcia e eu cheguei para trás
Pouco a pouco, todos saíram da mesa com uma desculpa, fosse falta de apetite ou cansaço
O último a sair foi Ayato, havia um sorriso largo em seu rosto pálido
Ayato
— Meus parabéns caipirinha, pro seu primeiro dia você se saiu muito bem. — Ele disse com escárnio
Ele saiu assobiando do salão e meus ombros cairam
Estava cansada, e não tinha comido absolutamente nada.
Mas depois da adrenalina, minha fome tinha desaparecido por completo.
Eu virava de um lado para o outro na cama, várias perguntas se formavam em minha mente e não me deixavam dormir..
Essa família a qual me "adotaram" tinha um segredo, eu só não sabia qual.
Ou talvez soubesse, mas não queria admitir, era maluquice, uma fantasia.
Pele pálida... força sobrehumana, e por fim...
E não demoraria muito para me tornar o jantar.
Comments
Una loca(。・`ω´・)
Preciso de mais! 🤩
2025-06-03
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