"Lúpus: Sob a Luz dos Quatro Tronos"
Capítulo 4 – Ecos de Sangue e Fogo
O café da manhã no salão principal estava mais silencioso do que de costume. O retorno de Kael, após desaparecer por toda a madrugada, gerara rumores entre os criados e guardas. Reynar, sentado à cabeceira da longa mesa de pedra escura, mal levantou os olhos quando o filho entrou.
Thorian, o primogênito alfa, lançou um olhar gélido. Caelis, o irmão do meio, observava com tédio fingido. Lysael, a única filha, sorria com desdém enquanto cortava a carne no prato com precisão irritante.
𝐑𝐞𝐲𝐧𝐚𝐫 𝐃𝐫𝐚𝐲𝐯𝐞𝐧
— Você ousa sumir por uma noite inteira sem autorização? — questionou Reynar, a voz baixa como trovão prestes a explodir.
𝐊𝐚𝐞𝐥 𝐃𝐫𝐚𝐲𝐯𝐞𝐧
— Eu segui o chamado da floresta. Ela me reconheceu. — A resposta de Kael foi firme, e isso fez Lirien, levantar uma sobrancelha com desprezo.
Thorian se levantou, os olhos escuros cintilando com raiva.
𝐓𝐡𝐨𝐫𝐢𝐚𝐧 𝐃𝐫𝐚𝐲𝐯𝐞𝐧
— Você não tem ideia do que está dizendo, ômega.
𝐊𝐚𝐞𝐥 𝐃𝐫𝐚𝐲𝐯𝐞𝐧
— Eu tenho memórias de uma vida que você jamais entenderia — retrucou Kael, encarando o irmão com ousadia. — E o sangue que corre em mim, é tão antigo quanto o seu, senão mais.
Reynar bateu com força na mesa, a madeira estremecendo. Um silêncio absoluto caiu.
𝐑𝐞𝐲𝐧𝐚𝐫 𝐃𝐫𝐚𝐲𝐯𝐞𝐧
— Basta. Se a floresta te reconheceu, Kael, isso será provado diante da Assembleia dos Clãs. E se você falhar... voltará a ser menos do que nada neste castelo.
Kael sentiu o peito apertar, mas também havia algo mais: orgulho.
Finalmente, ele teria a chance de mostrar a verdade. O sangue Lúpus em suas veias, o dom herdado e despertado, seria reconhecido. Ainda que tivesse que enfrentar a fúria de sua própria linhagem para isso.
Mais tarde naquele dia, em seus aposentos, Kael foi surpreendido por uma batida leve na porta.
𝐊𝐚𝐞𝐥 𝐃𝐫𝐚𝐲𝐯𝐞𝐧
— Entre — disse, virando-se.
A figura que entrou era uma jovem ômega de olhos verdes e cabelos loiros ondulados, vestida com a túnica cerimonial dos mensageiros da Fortaleza Central.
𝐉𝐚𝐝𝐞
— Kael do clã Drayven, você foi convocado oficialmente para comparecer à próxima Assembleia dos Clãs como um Lúpus desperto.
Ela lhe entregou um selo dourado com o brasão do Reino de Arkhadia: uma árvore com quatro raízes entrelaçadas.
𝐊𝐚𝐞𝐥 𝐃𝐫𝐚𝐲𝐯𝐞𝐧
— Quem convocou? — perguntou ele, surpreso.
𝐉𝐚𝐝𝐞
— Lorde Alaric, Alfa dominante da Fortaleza dos Quatro Tronos.
O coração de Kael deu um salto.
Alaric.
O nome parecia ecoar com uma força ancestral. Era mais do que um convite político — era o início de algo maior. Algo que mudaria o destino de todos os reinos.
Kael apertou o selo contra o peito e sentiu, pela primeira vez, que seu caminho estava se revelando.
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