Capítulo 5 – O Jantar, o Ex e a Fissura

A fundação Duncan promovia, todo ano, um jantar beneficente com empresários e políticos da alta sociedade local. Era um evento repleto de fotógrafos, imprensa, sorrisos falsos e taças de espumante que nunca secavam.
Era também, segundo Max, “o inferno com música ambiente”. Mas este ano, o jantar teria um diferencial: a primeira aparição oficial de Max Duncan e Jonatan Valentim como casal.
Max bufou a noite inteira anterior. Jonatan, por sua vez, passou o dia coordenando a estilista, a assessoria de imagem e o tom de azul das gravatas. Azul petróleo, para destacar o contraste de pele. Azul como poder corporativo. Azul como a raiva que ele sentia ao ver Max deitado, jogando videogame, ignorando tudo.
Jonatan Valentin
Jonatan Valentin
Você não vai se arrumar?
Perguntou, já no fim da tarde, vendo Max ainda de cueca no sofá.
Maximiliano Durcan
Maximiliano Durcan
Tô pronto por dentro.
Respondeu o alfa, estirado como um gato mimado.
Maximiliano Durcan
Maximiliano Durcan
Por fora, é só jogar qualquer terno em cima e sorrir.
Jonatan Valentin
Jonatan Valentin
Você vai representar o nome da sua família. E o meu.
Maximiliano Durcan
Maximiliano Durcan
E você vai continuar fingindo que gosta disso tudo, mesmo odiando cada segundo. Somos um par perfeito.
Jonatan trincou os dentes. Max se levantou devagar. E então, inesperadamente, disse:
Maximiliano Durcan
Maximiliano Durcan
Me ajuda com a gravata?
Jonatan hesitou. Pela primeira vez, Max não estava com aquele sorriso provocador. Só o olhar cansado. Um traço de… cansaço mesmo. Ou dúvida. Ou coisa pior.
Jonatan Valentin
Jonatan Valentin
Vem cá.
Disse Jon, pegando a gravata e se aproximando. Enquanto ele fazia o nó, Max ficou em silêncio. O silêncio dele era incômodo. Estranho. Humano.
Jonatan Valentin
Jonatan Valentin
Você tá bem?
Max não respondeu. Só soltou um suspiro, e deixou a cabeça cair um pouco, como se descansar brevemente no peito de Jonatan fosse… necessário.
E então, como se nada tivesse acontecido, ele sorriu.
Maximiliano Durcan
Maximiliano Durcan
Vamos fingir que a gente se ama agora?
---
O salão estava impecável. Candelabros, música ao vivo, vozes falsas e sorrisos piores. Max chegou com Jonatan no braço, impecável num terno negro, cabelo penteado e expressão desinteressada. Jonatan parecia uma pintura viva: frio, elegante e inalcançável.
As câmeras captaram cada passo. Cada olhar ensaiado. Tudo estava perfeitamente orquestrado. Até que apareceu Ariel.
Um ômega. Loção de corpo floral, olhos azuis, sorriso de propaganda e pernas longas demais para serem ignoradas.
Ariel veio dançando entre as taças e os convidados, sorrindo como quem já sabia que estava sendo observado. Parou diante de Max. Sorriu.
Ariel Lencel
Ariel Lencel
Max... quanto tempo. Não vai me apresentar ao seu marido?
Jonatan respirou fundo. Se virou com calma.
Jonatan Valentin
Jonatan Valentin
Jonatan Valentin. Encantado.
Ariel Lencel
Ariel Lencel
Ariel Lencel.
Disse o ômega, apertando a mão de Jon com um pouco de força a mais que o necessário.
Ariel Lencel
Ariel Lencel
Já ouvi falar muito de você. Mas imaginava alguém mais... passivo.
Jonatan Valentin
Jonatan Valentin
Engraçado. Eu imaginava alguém mais relevante.
Max tossiu. Em pânico. Rindo nervoso.
Maximiliano Durcan
Maximiliano Durcan
Gente, pra quê o clima de velório?
Ariel virou-se para ele, colando o corpo. Sussurrou:
Ariel Lencel
Ariel Lencel
Sabe que você não precisa continuar nessa farsa, né? Eu ainda tô aqui. Quando você quiser escapar… eu te espero.
Jonatan observou aquilo com frieza. Não ciúmes. Mas algo mais parecido com… pena. Mais tarde, já no banheiro do salão, Jonatan encontrou Max jogado no chão de uma cabine.
Camisa desabotoada. Gravata solta. Mãos no rosto.
Jonatan Valentin
Jonatan Valentin
Que merda você tá fazendo?
Perguntou Jon, arrombando a porta.
Max não respondeu.
Jonatan Valentin
Jonatan Valentin
Max?
Os olhos estavam vermelhos. Mas não de álcool. Jonatan fechou a porta atrás de si, se agachou ao lado.
Jonatan Valentin
Jonatan Valentin
Respira. Tá tendo uma crise?
Max tentou falar. A voz não saiu. Só lágrimas silenciosas. Como se aquilo não fosse permitido. Como se ele estivesse quebrando uma regra ancestral de “alfa não sofre”.
Jonatan não disse nada. Sentou-se ao lado dele. E ofereceu o silêncio. Um silêncio que não julgava. Um silêncio que dizia: eu não gosto de você, mas eu entendo isso.
Maximiliano Durcan
Maximiliano Durcan
Eu... odeio tudo isso.
Sussurrou Max, finalmente.
Maximiliano Durcan
Maximiliano Durcan
Odeio meu pai. Odeio ter que fingir. Odeio ver o Ariel e... e perceber que ele já seguiu em frente como se eu fosse nada.
Jonatan Valentin
Jonatan Valentin
Ele é um idiota.
Disse Jonatan, sem hesitar.
Maximiliano Durcan
Maximiliano Durcan
E eu sou pior.
Max riu, com raiva.
Maximiliano Durcan
Maximiliano Durcan
Porque ainda doeu.
Jonatan encostou o ombro no dele.
Jonatan Valentin
Jonatan Valentin
Se você acha que fingir que não dói vai te deixar mais forte, parabéns. Você vai continuar fraco.
Max olhou pra ele. Pela primeira vez, sem escudo. Sem sarcasmo.
Maximiliano Durcan
Maximiliano Durcan
Você é um desgraçado, sabia?
Jonatan Valentin
Jonatan Valentin
Sou. Mas pelo menos eu sei onde tô pisando.
Eles ficaram ali. No chão frio do banheiro luxuoso. Dois ricos miseráveis, por dentro. Max passou a mão nos olhos. Depois se levantou, esticando a mão pra Jon.
Maximiliano Durcan
Maximiliano Durcan
Me ajuda a fingir mais uma noite?
Jonatan Valentin
Jonatan Valentin
Claro. Desde que você pare de cheirar como miséria emocional. Vai estragar minha reputação.
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Comments

Hugo

Hugo

ele n tem preconceito, ele humilha todo mundo igualmente skksk

2025-05-31

1

Hugo

Hugo

isso era pra consolar?

2025-05-31

1

Ver todos

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