Tomioka e a Pilar do Gelo
"não me teste"
É fim de tarde no quartel do Esquadrão. O céu está laranja, o vento soprando forte, levantando folhas secas pelo pátio. Você estava treinando sozinha de novo — e claro, ele aparece.
Tomioka sempre aparece. Mas hoje ele não fala nada.
Encosta na parede de braços cruzados, só te observando. Como sempre faz.
Você já percebe o olhar dele mais pesado. Mais atento.
Mais... diferente.
Gira a katana no ar, finalizando um golpe, e então vira o rosto pra ele com um sorriso.
Kuroi
Tá me seguindo, Tomioka? Quer mais uma chance de segurar minha mão?
Ele não responde.
Só te encara. Mas dessa vez, não com indiferença.
Com algo mais... escuro. Carregado.
Kuroi
Ou será que veio me ver porque ficou com ciúmes do Mitsuru outro dia?
Um músculo na mandíbula dele se contrai.
Perfeito. Você está chegando lá.
Então você se aproxima. Passos lentos.
Para na frente dele, rosto erguido, olhos brilhando de provocação.
Kuroi
Eu andei pensando...
Você coloca a mão no peito dele, bem leve, como se não fosse nada demais.
Kuroi
Talvez você só me queira porque eu não me rendo pra você, tô certa?
A tensão no ar fica insuportável. Ele nem pisca.
Você se inclina mais, o rosto a centímetros do dele.
Kuroi
E se eu te dissesse que vou sair hoje à noite… com alguém que sabe conversar melhor do que você?
Kuroi
Será que você aguentaria me ver com outro?
Mas um silêncio diferente agora.
E aí, de repente —
Ele se move.
Tomioka te encosta com força contra a parede atrás de você. A mão firme ao lado do seu rosto, prendendo seu corpo com o dele, sem te machucar — mas sem deixar espaço pra fugir.
Você arregala os olhos, sentindo o coração bater descontrolado.
O rosto dele está colado no seu. Os olhos queimando. A voz baixa e grave:
Tomioka
Não me testa, Kuroi.
Você abre a boca pra responder, mas ele continua — sem te dar chance.
Tomioka
Você acha que tem controle do jogo?
Tomioka
Que pode me provocar, me deixar louco, e sair andando como se nada tivesse acontecido.
Ele se aproxima mais.
Agora você sente os lábios dele quase tocando os seus.
Tomioka
Mas se você for longe demais… eu não vou mais fingir que consigo me segurar.
O silêncio agora é outro.
Não é ameaça.
É promessa.
Você sussurra, com um sorriso nos lábios, quase vitoriosa:
Kuroi
Então quando pretende parar de fingir, Tomioka?
Kuroi
Convenhamos que, já está na cara
Ele fica parado. Por um segundo.
Não com gentileza.
Com raiva contida. Com urgência.
Com tudo aquilo que ele segurou por tanto tempo.
você agora está de frente pra ele com os olhos ainda brilhando de desejo contido — mas agora com gosto do beijo dele nos lábios.
E você não esperava. Não daquele jeito. Não com tanta... intensidade.
A distância entre vocês ainda é mínima.
Os corpos próximos demais. As respirações irregulares.
E o olhar dele... cravado em você.
Você está com a expressão tensa.
Assustada, sim — mas não de medo.
Você não achava que ele ia quebrar assim. Que ele ia finalmente se soltar daquele jeito. Tão direto. Tão visceral.
O peito dele ainda se move rápido. A mão desliza e pousa firme na sua cintura.
Mas o olhar? Continua penetrante. Fixo. Só em você.
Você o encara, surpresa pela fala.
Mas antes que possa responder, ele completa:
Tomioka
… Mas por ter demorado tanto pra fazer isso
Você sente um arrepio. O estômago vira.
A expressão assustada começa a se desfazer aos poucos, dando lugar a algo novo...
Ele afasta um pouco o rosto, mas os dedos ainda tocam a sua cintura.
Tomioka
Você sempre soube o que estava fazendo comigo. Desde o primeiro dia.
Você engole em seco. A boca entreaberta. O coração disparado.
Kuroi
Eu achei que você ia continuar fugindo
você confessa, voz mais baixa.
Tomioka faz que não com a cabeça, os olhos ainda nos seus.
Tomioka
Eu tava me segurando por você.
Tomioka
Mas agora? Agora não vou mais.
Você hesita. Mas então levanta os olhos com firmeza. A provocação que sempre esteve ali… volta.
Kuroi
E o que você vai fazer se eu disser que não tô pronta pra ser sua, Tomioka?
Ele te encara. Um leve sorriso torto se forma nos lábios dele.
Tomioka
Então vou te fazer querer ser.
Três dias depois, todos os Hashiras estão reunidos novamente.
Uma visita surpresa do mestre Ubuyashiki traz todos de volta à Mansão das Borboletas para uma reunião.
Você chega um pouco atrasada no jardim onde todos já estão reunidos.
Zenitsu te vê logo em seguida e praticamente se joga na sua direção:
zenitsu
KUROIIII! Você tá tão linda hoje!! Eu tava morrendo de saudade, juro por tudo! Se precisar de companhia pra dormir ou qualquer coisa—
Porque uma sombra surge ao lado dele.
Giyuu Tomioka.
Ele simplesmente aparece, sem som algum, e se posiciona do seu lado — encarando Zenitsu como se ele tivesse acabado de ameaçar a sua vida.
Zenitsu empalidece, engole seco e dá dois passos pra trás:
zenitsu
H-Haha… digo… se precisar… de chá, eu posso buscar… chá… tchau.
Você tenta disfarçar o sorriso, olhando de canto pra Tomioka.
Kuroi
Tá espantando os outros, Tomioka?
Tomioka
Ele tava falando demais
Você cruza os braços, encostando levemente no ombro dele, só pra cutucar:
Engraçado… antes você só ignorava.
Tomioka
Antes eu não tinha te beijado.
Você arregala levemente os olhos — não pela fala em si, mas porque ele realmente disse isso em voz alta.
Antes que você possa responder, Sanemi chega por trás com aquele jeito debochado de sempre:
sanemi
O que foi, Giyuu? Tá montando guarda agora?
Tomioka nem vira o rosto. Só diz:
Tomioka
Tô fazendo o que você devia ter feito: prestando atenção.
Sanemi dá um meio sorriso e olha pra você.
sanemi
Você anda mudando esse cara, hein, Gelo?
Você ri, mas antes que consiga responder, Tomioka passa o braço por trás da sua cintura.
Disfarçadamente.
Mas está lá.
E Sanemi vê. Obanai vê. Até a Shinobu levanta uma sobrancelha.
Rengoku, claro, explode numa risada:
Rengoku
OOOOHHHHH! O Hashira da Água está se abrindo!
Rengoku
Que coisa linda de se ver!
Você olha pra Tomioka, e ele… está completamente impassível.
Como se nada tivesse mudado
Mas você sente os dedos dele pressionarem de leve sua cintura, num gesto que diz:
"Fica perto. Você é minha agora."
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