Luna

Isso é uma piada? O estranho que eu rejeitei na boate ontem que para mim só tinha um rosto agora tem nome e sobrenome, e o pior de tudo disse que sou dele usando uma forma totalmente possessiva ao pronunciar: minha.

Ah, já entendi, as meninas estão fazendo uma brincadeira comigo. Elas viram que ele mostrou interesse por mim ontem e se juntaram com ele para fazer uma pegadinha comigo. Sem dúvidas estamos num hotel chique. Começo a dar risadas altas enquanto falo:

— Tudo bem, Sarah e Emily, podem sair de onde estão. Já descobri tudo, vocês me pegaram. — dou mais risadas e o tal Khalid me olha de um jeito estranho enquanto pergunta:

— O que está fazendo? Pensa mesmo que elas vão sair de algum lugar desse quarto?

— Cadê as minhas amigas? — pergunto entredentes.

— Em algum lugar do mundo gastando o dinheiro que dei para elas me entregar você duas noites atrás!

— Duas? Duas noites atrás? — minha voz sai num sussurro — Me venderam? Me venderam para você?

Eu olho para todos os lados desejando que isso não passe de um pesadelo. Sarah e Emily não fariam isso comigo, elas não seriam capazes de algo assim. Sou um ser humano e não um objeto e de qualquer jeito não pertenço a elas para ser vendida.

— Então procure por elas e pegue seu dinheiro de volta. Não sou propriedade ou objeto de ninguém para ser vendida. — me levanto com dificuldade, ainda sinto um pouco do efeito do que as meninas me deram, mas meu corpo está um pouco mais obediente.

— Sei que não é um objeto ou uma propriedade, mas você me pertence agora. E o quanto antes aceitar isso será melhor para nós dois.

Me sento na enorme cama massageando minha coxa para que o formigamento passe. Olho para ele com uma vontade imensa de quebrar seu pescoço.

— Se não me deixar ir faço um escândalo até a polícia aparecer aqui para te prender e acredite em mim não terei pena de você.

Ele dá uma gargalhada alta, se levanta de onde está sentado e caminha na minha direção. Puta que pariu, esse homem é um gigante, eu estava tão bêbada ontem a noite que não reparei nisso. Khalid para na minha frente, se inclina colocando as mãos nos joelhos e olhando nos meus olhos coloca a mão no meu queixo ao falar com uma voz suave e sedutora:

— Você pode gritar, pode até quebrar esse quarto todo, hayati (minha vida). Nós estamos na minha mansão em Dubai e aqui todos obedecem a mim.

Dubai? Esse louco me trouxe para Dubai? Isso é mentira, tem que ser mentira. Não seria possível ele me tirar do meu país sem o meu passaporte, sem o meu consentimento, sem que alguma autoridade perceba.

Empurro a mão dele para longe de mim, me levanto e caminho até a janela mais próxima. Ao abrir de uma vez sinto o impacto da luz do sol ofuscar a minha visão. Quando meus olhos se acostumam com a luz vejo a verdade, não estou mais nos Estados Unidos.

— Como você? Isso é loucura.

— Quando se tem o que eu tenho loucura vira apenas uma palavra vazia, amirati.

Amirati? Hayati? Habibti? O que significam essas palavras? Por que ele está me chamando assim? Que idiota eu sou, isso não é importante agora. Preciso trazer esse homem a razão, me encosto na janela enquanto me viro para ele.

— Senhor Al-Mansour, sou Luna Hernan, tenho uma vida profissional, uma carreira e pessoas que me amam e se preocupam comigo no meu país. Estou pedindo gentilmente que me deixe voltar para minha vida e em forma de agradecimento não conto para ninguém sobre esse momento de insanidade da sua parte.

Ele dá risadas enquanto seus passos tentadores seguem na minha direção mais uma vez numa lentidão que me inferniza.

— Você tem uma vida profissional? Ninguém a respeita no seu trabalho. Pessoas que te amam? Se forem iguais as suas amigas sugiro repensar sobre isso. A única pessoa que realmente se preocupa com você nesse momento sou eu.

Que filho da puta, quero socar essa cara linda e sexy e… Luna, se situa mulher, esse homem não serve para se relacionar com você. Dou tapinhas no meu rosto até que a mão dele segura a minha, sinto algo irradiar pelo meu corpo começando por onde sua mão toca se espelhando por lugares que não deveria.

— Não faça isso, hayati. Não quero que se machuque, assim como não irei permitir que alguém a machuque.

Socorro Deus, isso não está acontecendo. É um pesadelo, Luna, acorde logo. Começo a beliscar meus braços e esse diabo com cara de anjo a minha frente começa a beijar onde deixo marcas com meus beliscões.

— O que pensa que está fazendo? — pergunto sentindo um calor familiar subir entre minhas pernas parando em meu ventre.

— Se continuar se machucando é isso que vou fazer. Quer continuar com a tortura?

Coloco as duas mãos no peitoral dele e o afasto, dou passos largos até chegar na cama e me sento. Abraço meu corpo tentando pensar em algo, tentando pensar em como fugir desse homem. E se eu fingir colaborar?

— Senhor Al-Mansour…

— Khalid, Luna. — ele me interrompe.

— Khalid… Ok. Que tal me mostrar Dubai? Um passeio a pé pelas ruas daqui seria uma boa.

— Luna, sabe o que temos em comum e que eu gostei muito?

— E temos algo em comum?

— Sim, a inteligência! Realmente quer que eu acredite que você vai aceitar essa situação de tão boa vontade depois do que foi falado aqui?

Touché, fui ingênua ao pensar que ele cairia nessa tão facilmente. Mas não vou desistir, quero voltar para minha vida o quanto antes.

— Khalid, você não pode simplesmente me tirar da minha vida só porque eu o rejeitei na boate, eu não quis ferir seu ego idiota. Tenho certeza que fez isso apenas para me castigar, mas de fato eu só queria me divertir naquela noite. Tinha terminado meu relacionamento de anos e não estava atrás de alguém.

Ele se encosta onde eu estava e coloca o dedo indicador no queixo como se ponderasse o que eu disse até que suspira e olha para mim.

— Então você terminou um relacionamento naquela noite e cruzou meu caminho em seguida? — ele cruza os braços e sorri — Creio que 'iilh(Deus) fez isso, uniu nós dois, por saber que aquele não era o certo para você.

'iilh? O que esse doido está falando? Deus, se está aí me ouvindo, dá uma força aqui porque tá difícil. Esse homem vai me fazer gastar meu réu primário.

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