Ensaio para o escândalo perfeito.

Três dias. Esse foi o tempo entre a assinatura do contrato e o primeiro “encontro oficial” de Lee Hana com Jeon Minjae — agora, seu chefe... e namorado de mentira.

Ela não sabia exatamente o que tinha assinado. Estava tonta, nervosa, desesperada e, acima de tudo, desempregada. O contrato parecia mais uma pegadinha do destino do que um acordo profissional. Mas ali estava ela, sendo levada por um motorista de terno preto num carro silencioso e luxuoso para o ensaio mais bizarro da sua vida.

Ela ia fingir estar apaixonada.

Por um homem que não sorria. Que falava como quem estava sempre à frente dos outros dez passos. Que parecia ter saído de uma pintura de revista de luxo, mas com o carisma de uma planilha do Excel.

Hana prendeu a respiração quando abriu o envelope entregue pelo motorista. Dentro, havia uma folha impressa em papel de alto padrão, com detalhes em dourado e a logo da HJ Corporations.

Era um cronograma. Não de um evento. Mas de um relacionamento.

> “18h: Encontro casual na cafeteria Belle Époque.

19h: Paparazzi posicionados.

19h15: Minjae segura sua mão.

19h30: Você sorri para ele como se estivesse apaixonada.

20h: Primeira imagem viral.

20h10: Fim da missão.”

Ela soltou um risinho incrédulo. Aquilo era real?

A resposta veio quando o carro estacionou em frente a uma das cafeterias mais caras de Seul. Hana desceu tremendo por dentro, ajustando a saia simples que tinha comprado em uma liquidação há dois anos. Estava deslocada. Assustada. Mas também… curiosa.

A Belle Époque parecia saída de um drama da Netflix: decoração francesa, aroma de café moído na hora, garçons com suspensórios e ambiente silencioso. Era quase intimidador.

Jeon Minjae estava lá. Sentado na melhor mesa, perto da janela. Um blazer azul escuro, camisa branca impecável, cabelo penteado para trás, e a mesma expressão de tédio aristocrático de sempre.

Ele a olhou por três segundos. Nenhuma saudação. Nenhum sorriso. Apenas um aceno de cabeça.

— Está atrasada — disse ele, a voz baixa, neutra.

— Achei que um pouco de realismo não faria mal — respondeu, tentando soar confiante. — Casais de verdade se atrasam.

Minjae a encarou como se analisasse uma proposta de investimento arriscado.

— Sente-se. Temos quinze minutos antes da hora dos cliques.

Ela se sentou, ajeitando-se na cadeira acolchoada. Ele empurrou uma xícara na direção dela.

— Latte de baunilha com caramelo. Você costuma pedir esse nas cafeterias do bairro Mapo, certo?

— Você me stalkeou?

— Eu fiz uma análise de comportamento. Chamamos de background check. Parte do contrato.

Ela fingiu que não estava corando. Aparentemente, namorar Jeon Minjae incluía vigilância 24h.

— Vamos ensaiar. Primeiro contato visual. Nada muito intenso.

Ela ergueu os olhos e encontrou os dele. Eram escuros, profundos, e observadores de um jeito incômodo.

— Isso foi muito intenso — comentou ele.

— Desculpa se meus olhos são expressivos. Acontece com gente viva.

A sobrancelha dele arqueou levemente. O que, para ele, parecia quase um escândalo.

— Segunda etapa: toque sutil. Minha mão na sua.

Ele esticou a mão sobre a mesa. Hana hesitou. O toque veio devagar. A pele dele era quente, firme. A dela tremia um pouco.

— Você está nervosa.

— Estou fingindo estar apaixonada por um robô frio e bilionário. Que parte disso deveria me deixar calma?

Silêncio. E então, por um segundo, os lábios dele quase formaram um sorriso. Quase.

— Você não é o que eu esperava.

— Eu também não esperava ter que fingir que te amo enquanto gente com lentes profissionais me fotografa por trás de arbustos.

Ele olhou para fora da janela. Dois homens com bonés e mochilas estavam ali. Sutil, mas não o suficiente.

— 19h. Hora da mão. — Ele entrelaçou os dedos com os dela.

Ela não esperava. O toque foi firme. A pele quente. O mundo pareceu parar por meio segundo. Hana tentou lembrar que era tudo mentira.

— Agora sorria — murmurou ele.

Ela sorriu. Forçado no início. Depois, mais solto. Depois… sincero.

E ele olhou para ela com um brilho diferente. Um que não estava no cronograma.

---

Horas depois, ela estava em casa, sentada no chão da sala, com um pote de sorvete de morango no colo e o celular explodindo de notificações.

> “Novo casal do momento: Jeon Minjae e a garota misteriosa!”

“Quem é a mulher que derreteu o CEO mais frio de Seul?”

“Ela existe? Ou é uma atriz contratada?”

Hana gargalhou, nervosa.

— Se vocês soubessem que eu assinei um contrato em troca de um salário fixo e café de graça…

Mas, no fundo, algo a incomodava.

O toque. O olhar. A tensão.

Nada daquilo estava no script.

E pior: ela tinha gostado.

E isso era o primeiro passo pra quebrar a única cláusula que realmente importava no contrato:

> “Não se apaixone.”

Continua.

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